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Os Camaleões Do Gothic Metal!


Entrevista: Júlio César Bocáter.
Foto: divulgação.
Os finlandeses do Amorphis são realmente verdadeiros camaleões. Nunca fizeram dois discos iguais. Começaram sua carreira fazendo Death, passaram de leve pelo Doom, enveredaram pelo Goth, arriscaram no Prog e quando você acha que eles vão ficar mais leves ainda, eles lançam Eclipse, um disco que é um compêndio de tudo que fizeram até hoje. Confira esta entrevista com Tomi Koivusaari, um dos guitarristas desta grande banda!

O Amorphis é uma banda que muda de estilo e música a cada álbum que lança. Vocês não devem gostar de se repetir, seria esse o motivo?
Tomi Koivusaari – Sim, isso é o Amorphis. Além de nossa evolução natural com o passar do tempo, cada vez mais tocamos melhor, melhoramos como músicos, como compositores, e nossas influências mudam ao longo do tempo, conforme nosso gosto musical. Nossos discos são uma mistura de tudo isto.

Em Eclipse, vocês fundem todos os estilos que vocês tocaram e fizeram até hoje, desde o Death e Doom, até o Gothic, Prog, Modern Rock e vários outros elementos. Fale sobre este novo disco.
Tomi Koivusaari – Depois de lançar e sair em turnê do Far From The Sun, nosso vocalista de até então,Pasi Koskinen, saiu. Para seu lugar, veio Tomi Joutsen, ex-Sinisthra, que tem um tom de voz muito similar ao de Pasi, apesar de ter o seu estilo e seu perfil próprio. Ele se adaptou rápido, e talvez até do fato de nós termos que ensaiar com ele todas as músicas de todos os discos para que ele as pudesse cantar ao vivo, na hora de compor, isso deve ter influenciado em Eclipse. Talvez por isso ele tenha saído como saiu, como uma coletânea de tudo que fizemos até hoje. Nós demos conta disso só depois que Eclipse ficou pronto! E amamos o resultado!

Em Eclipse, os vocais guturais voltaram! Comente sobre isto, pois os fãs do Amorphis adoraram essa volta às raízes!
Tomi Koivusaari – Sim, temos alguns vocais guturais em Eclipse e, apesar de não ter sido nada proposital ou armado para mostrar que voltamos às raízes e querer resgatar antigos fãs, desta vez nos sentimos à vontade para isso. Até porque, desta vez, as músicas pediam isso, e isso cabia nestas respectivas músicas.

As melodias e passagens Folk sempre se fizeram presentes na música do Amorphis, mas em Eclipse, elas se fazem mais presentes e são mais constantes. Fale sobre isso.
Tomi Koivusaari – Sim, a música Folk sempre nos inspirou e sempre fez parte de nossa carreira. Em Eclipse, não foi nada pensado em querer fazer mais música Folk na nossa música, mas ela veio mais à tona sim. Afinal, vivemos num país que convive com o Folk em todo momento. Seja na nossa história, seja na música finlandesa, seja no nosso próprio folclore, enfim, tudo que está em torno de nós.

Elegy foi o último disco realmente Death Metal do Amorphis. Comente sobre ele, apesar de Elegy já sinalizar para um Metal mais melancólico e sombrio.
Tomi Koivusaari – Ele foi um disco que marcou o fim de uma era e o começo de outra. Depois dele, deixamos de lado os vocais guturais, aparecendo de vez em quando, e não em todas as faixas. Não fizemos isso porque quisemos mudar de estilo, mas porque nossa música estava expandindo e precisávamos de vocais mais variados e versáteis para acompanhar essa evolução.

Desde Tuonela, a banda ttm ganho muitos fãs de Goth Metal/Rock. Fale sobre isso.
Tomi Koivusaari – Nosso público é bem eclético e composto de várias “tribos”. Todas elas são bem-vindas e são pessoas de mente aberta. E de muito com gosto também! (risos)

Am Universum e Far From The Sun já são mais Progressivos. Por que esta mudança?
Tomi Koivusaari – Foi uma evolução natural iniciada com Tuonela. Não os considero Progressivos, pois estes discos não têm um estilo definido, mas com certeza, neles a técnica e as passagens mais atmosféricas se fazem mais presentes.

Quando veremos o Amorphis no Brasil? Afinal, várias bandas finlandesas já tocaram por aqui e fizeram shows sold out, como o Stratovarius (4 vezes), Nightwish (4 vezes), Chlidren Of Bodom (2 vezes), Sonata Arctica e The 69 Eyes (uma vez cada) e até o Força Macabra!
Tomi Koivusaari – É um de nossos próximos objetivos com certeza! Sei que vocês têm o público mais quente de todo planeta e que temos muitos fãs aí. Ainda não tivemos oportunidade, mas quem sabe ainda na turnê de Eclipse isso venha a acontecer!

Uma curiosidade. No meio do Metal Nórdico, são constantes as mudanças de formação. Isto é normal em todos os países, mas nos países nórdicos isto é maior, é estatístico. Mas na Finlândia parece que isso acontece sem motivos, sem brigas, sem aquelas famosas discordâncias musicais. Parece que os músicos finlandeses simplesmente se enchem um dos outros por nada. Isso é verdade?
Tomi Koivusaari – Você está certo! (risos) Muitas pessoas saem das bandas, ou acabam com elas sem um motivo forte. Realmente, o pessoal aqui se cansa de ficar um olhando para a cara do outro por muito tempo! Isto é cultural! Espero que nós do Amorphis nos aturemos por muito mais tempo ainda! (risos) It’s a Joke, man!