 
Melodia Gutural Feminina
Fotos: Júlio César Bocáter.
No final dos anos 80, o Death Metal assolava o mundo e tinha três berços. Os EUA, principalmente a Flórida, a Alemanha e a Suécia, dividida em duas cidades, Estocolmo e Gotemburgo. Esta última cidade não só deu maravilhosas bandas, como inspirou um sub-estilo, o Gotemburgo Sound, por suas bandas extremas possuírem uma sonoridade diferente, uma certa melodia. Em meados dos anos 90, o Carcass saía de cena e apareciam outras bandas, como o In Flames, que colocariam melodia no Death Metal e então surgiria o Death Metal Melódico. Da Suécia viriam nesta toada o In Flames, Dark Tranqüility e o Arch Enemy, formado pelo ex-Carcass Michael Amott e seu irmão, Christopher, ambos guitarristas. Junto com Johan Liiva (V), Martin Bengtsson (B) e Daniel Erladsson que entrou após Peter Wildoer (D) formaram o Arch Enemy. Lançaram Black Earth e Stigmata. O som era Death com aquele ar de Gotemburgo, com uma melodia a mais. Já em Burning Bridgesa banda muda a formação mais uma vez, com a entrada do multi-bandas Sharlee D´Angelo (Mercyful Fate, Witchery, Sinergy, etc.) e lançam mão de vez do Death Melódico. O CD fez um grande sucesso, mas muda sua formação, entrando no lugar de Johan uma mulher, a alemã Angela, que em nada deve a nenhum macho, pois seus urros são masculinos. Neste sai Wages Of Sin, com uma volta às raízes do Death mais tradicional e esporrento, embora ainda com alguma melodia. E foi a moça que falou conosco por telefone e ouvindo sua voz (depois de ver as fotos) fica ainda mais difícil imaginar ser ela a usina de urros do novo CD, até ela dar uma palhinha por fone. Simpática mas um pouco rouca, nos passa mais sobre esta importante banda da cena atual.
RU – Você teve algum problema por entrar numa banda em que o antigo vocalista era um homem?
Angela Gossow – Não. Essa situação é excitante para mim e os fãs da banda gostaram desta mudança. É diferente, pois é uma mulher dando um “pé na bunda” de qualquer conceito! (risos)
RU – Você gostava de Heavy e Death Metal antes de entrar na banda? Pois quase todas as últimas vocalistas só passam a gostar disso depois de estar em uma, como a Tarja do Nightwish.
Angela Gossow – Ya! Bem, já digo que não gosto de Nightwish. Eu sempre gostei de Carcass, Slayer e Morbid Angel, Black Sabbath.
RU – O que você acha de bandas com vocais femininos na linha do The Gathering e Lacuna Coil?
Angela Gossow – Eu acho a música destas bandas muito limpa e leve, não é o que eu gosto.
RU – Há algum possibilidade de Michael Ammot voltar com o Carcass?
Angela Gossow – Não, Carcass está morto. Foi uma grande banda mas Ammot não está no clima para isso.
RU – Wages Of Sin na minha opinião é mais pesado e agressivo que Burning Bridges e Stigmata. Isso se deve à sua entrada na banda?
Angela Gossow – Sim, Wages Of Sin é mais agressivo não por minha entrada, mas por um processo natural da banda. Ele é melódico sim, mas não ficamos procurando por um som agressivo, mas minha influência de Gutural Metal vai fazer o próximo ainda mais agressivo.
RU – E o que você acha de bandas com vozes femininas, só que mais pesadas, como Tristania e Theatre Of Tragedy? E outras guturais como Occultan e Opera IX?
Angela Gossow – Sim! Este tipo de música tem boas cantoras e sua música é realmente mais Heavy Metal. E as guturais que você falou são legais, eu gosto bastante da Cadaveria, do Opera IX.
RU – Vocês tem idéia de tocar no Brasil?
Angela Gossow – Sim, nós vamos tocar no Chile e pensamos se possível fazer uma turnê pela América do Sul, mas isto depende do dinheiro da Century Media! (risos)
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