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MARCIO BARALDI
O Magnata dos Quadrinhos

Entrevista: Júlio César Bocáter. Foto: divulgação.
RU – Primeiro, fale de seus novos produtos que você está lançando.

Eu acabei de lancar o livro "Roko-Loko:Hey Ho,Lets Go!".E o décimo segundo da minha carreira e quarto dos personagens Roko-Loko e Adrina-Lina, que estão completando 14 anos de publicação ininterrupta na revista Rock Brigade agora em janeiro. Quando vendi a primeira historia pra revista nem imaginava que o personagem fosse tão longe. O destino foi amável comigo e com o Roko-Loko! O livro é mais uma coletânea das HQs em ordem cronológica e reúne as historias e tiras publicadas entre 2004 e 2006. Traz prefácios de Franco de Rosa e Sidney Gusman, dois dos maiores especialistas em HQs do Brasil e textos curtos de galera do Golpe de Estado, Crazy Legs, programa Stay Heavy, Mario Pastore, Marcos de Ros, Pedro de Luna, Mozart Couto e de Luis Balcinha, editor da revista Metalheart, de Portugal.Enfim, ficou um livrão DU CARVALHOOOOOOOOOO!!!(risos).

RU – Fale de todos os seus trabalhos como cartunista, fora do Rock, que é a área onde você é mais conhecido.
Eu trabalho na Imprensa Sindical ha mais de vinte anos, onde comecei minha carreira ainda aborrecente e onde estou até hoje. Faço personagens, como Euriko e Ritalinda, Doutor Cicolo, Pascoal, o fiscal, Zé Acido, Caveirinha e outros, para jornais e revistas sindicais. Trabalho ou já trabalhei para os Sindicatos dos Bancários, Químicos, Metroviários, Médicos, e muito mais. Adoro a Imprensa Sindical, nasci no ABC em pleno fervor do sindicalismo que gerou o Lula, a CUT e o PT e cresci mergulhado até o pescoço nesse clima de militância política. Em 2011 meus personagens bancários, Euriko e Ritalinda, fazem 20 anos e vou lançar um livrão coletânea das charges deles. Agora em 2010 vou lançar o livro dos Vapt e Vupt, dois passarinhos que criei em 1995 e público ha anos na revista "Espiritismo e Ciência", da Editora Mythos. Não tem nada a ver com Rock, uso os passarinhos pra fazer crítica de problemas político-sociais como miséria, racismo, violência, drogas, depredação do meio-ambiente, e ainda com um pouco de espiritualismo e Kardecismo no meio. O resultado final e muito legal e os passarinhos têm grande público pelo Brasil afora. Enfim, essas são outras facetas do meu trabalho e da minha personalidade.

RU – Quais os planos para o futuro, que projetos mais pretende fazer?
Nos próximos anos quero lancar vários livros com as séries que público por ai. Alem de "Vapt e Vupt" e "Euriko", vou lançar "Sabujo Vingador", "Maluco e Beleza", "Rap Dez" e "Guerrilheiro da Guitarra", entre outras. Todos esses livros compõe a espetacular "Enciclopédia do Baraldão"! Essa não pode faltar em sua estante (risos)!

RU – Como você começou a desenhar?
Desenho desde que aprendi a segurar um lápis (risos). Os desenhistas geralmente já nascem com vocação para o desenho e os que levam essa vocação pra frente se tornam  profissionais. Não e a profissão mais fácil de se ter no Brasil, mas graças a Deus, eu tive determinação para ir em frente e não sosseguei enquanto não me estabeleci nela. Sou como o Gene Simmons, obstinado, persistente e apaixonado pelo meu trabalho. Um workaholic total! Pena que não fiquei trilionário como o Gene (risos)!

RU – Como surgiu a idéia de fazer algo relacionado ao Rock?

Quando eu era criança ainda já enchia meus cadernos com desenhos do Queen e Kiss, as bandas que eu era obcecado quando moleque. Aí, na adolescência criei o personagem Johnny Bastardo para o Jornal Rocker, lá no ABC paulista, onde eu morava. Depois em janeiro de 1996, criei o Roko-Loko e a Adrina -Lina para a Brigade, aí começou a fazer sucesso e fui vazando para outras revistas como Roadie Crew, Dynamite, Metalhead, Rock Underground, Comando Rock, Valhalla, Rock Forever, etc. Até para uma de Portugal (Metalheart) e uma do Equador (Headbanger Magazine) eu desenhei. Virei o que eu chamo de "Wor-Rocka-Holic", um viciado em trabalhar com Rock (risos)!

RU – Seu maior personagem é o Roko-Loko, com sua parceira Adrina-Lina. Eles são personagens da Rock Brigade. No entanto, a revista tem saído sem periodicidade, tendo lançado nos dois últimos anos, apenas quatro edições, numa média semestral. Antes, todos liam as aventuras do Roko-Loko todos os meses, e agora, não sabemos quando leremos o próximo. O que você acha disso e no que isso pode prejudicar a popularidade do personagem?
Não. A Brigade passou por uma turbulência, mas já se estabilizou novamente. Ela é uma revista muito tradicional, tem 27 anos de mercado e tem um nome muito sólido. Todo o mercado musical passou por problemas nos últimos anos: o CD parou de vender (Nota do E: na verdade, o CD vende bem menos hoje, mas não parou de vender, tanto que muitas gravadoras têm lançado e relançado muita coisa!), gravadoras encolheram, lojas faliram, bandas acabaram, revistas fecharam, enfim, foi uma reviravolta selvagem nesse mercado. Mas agora o susto passou e já esta todo mundo se  ajustando a nova realidade. Esse livro chegou pra mostrar que o personagem está com a corda toda! Tem ate uma HQ inédita nele, ou melhor, uma versão remix da HQ em que ele vai ajudar no programa Stay Heavy e acaba provocando o maior caos. Essa HQ foi publicada na Brigade em uma página, esta versão do livro tem duas páginas e mais quadrinhos com novas piadas. E uma versão exclusiva para quem comprar o livro, tipo um bonus.

RU – Há alguma possibilidade de lançar o Roko-Loko por outra revista?
Possibilidade acredito que até haja, mas não há necessidade. Está tudo bem, tudo estabilizado.

RU – Já pensou em fazer uma revista mensal, como as revistas da Disney e da Turma da Mônica em bancas de jornal?
Nem pensar! Isso não dá certo. Esse mercado de quadrinho nacional é MUITO ruim, muito ingrato, parece ate o do Metal (risos). A gente não tem apoio de ninguém: grandes editoras, grande mídia, nada. Basta olhar nas bancas e ver que o único que conseguiu a proeza de se manter nas bancas por quarenta anos é o Mauricio de Souza, ninguém mais. O negócio é ser independente mesmo, fazer os livros com tiragens mais modestas e vendê-lo pela internet ou nas livrarias especializadas. Hoje em dia é tudo segmentado, setorizado. A gente tem que se moldar aos formatos do  mercado.

RU – Muito tem se falado de Anime e Manga nos últimos anos. O que você acha desse tipo de desenho? Eu particularmente acho um saco, não consigo achar graça.
Rarararrar! Confesso que também não é minha praia e nem acompanho. Mas a molecada de hoje em dia gosta. Dos anos 90 pra cá os mangas e animes pegaram com tudo. O brasileiro é esquisito: recebe muito bem a cultura estrangeira, mas não dá valor para a própria cultura brasileira. E assim nos quadrinhos, na música, no cinema, é estranho mesmo. Ainda existe uma cultura de que tudo que e importado e melhor! Triste mesmo!

RU – Haveria possibilidade de você fazer algum Manga algum dia no futuro?
Já fiz varias paródias na revista MAD e em outras por aí. Fiz paródias de Ultraman, Cavaleiros do Zodíaco, Changeman, Speed Racer, etc. Mas foi tiração de sarro! Fazer um Manga a sério mesmo acho muito pouco provável!

RU – Até Mauricio de Souza, que sempre teve um traço característico, aderiu ao Manga, com seus traços, histórias em preto e branco, na Nova Turma da Mônica em que eles são adolescentes. O que você achou disso?
Que ele e um GÊNIO (risos)! Pensa bem, um cara de setenta e poucos anos de idade, com um estilo consagrado, se arriscar num projeto ousado desse? E ainda conseguir um sucesso absurdo com o gibi dele vendendo 300 mil exemplares por mês? Tem que ser gênio pra conseguir isso! Eu nunca li esse gibi, nem tenho interesse, mas não posso deixar de aplaudir a coragem, inteligência e sabedoria do Mestre Mauricio! Longa vida a ele e a Turma da Mônica!

RU – Você tem algum plano para algo internacional?
O plano mais internacional que eu tenho é estudar inglês (risos), porque o meu está péssimo e com um bom inglês eu posso publicar meus quadrinhos no exterior. Primeiro preciso dominar a língua.

RU – Você é um cara engajado, já tendo feito trabalhos para Defesa dos Animais, Direitos Humanos e até Ufologia. Mas você já sofreu alguma critica por parte de alguma entidade feminista, por algumas tiras da Adrina-Lina e até do Roko-Loko?
Não. Eu não sou machista, sou apenas um machão italiano, um amante latino (risos). Como diria o filósofo contemporâneo Sidney Magal: "Eu gosto das mulheres, da noite e do vinho (gargalhadas)!".

RU – Fale como foi afesta de lançamento de seus novos produtos.
Gracas a Deus, foi um sucesso TOTAL! Passaram 500 pessoas lá, e olha que a lotação do Blackmore e 300 pessoas! Sorte que fez uma tarde gostosa, agradável, então a calçada ficou lotada de galera bebendo e conversando. Lá dentro o Exxotica e o Cracker Blues fizeram dois shows arrasadores pra casa lotada. São duas das melhores bandas do Brasil atualmente! Quem não viu esses caras ao vivo ainda, não sabe o que esta perdendo! O povo levava a família inteira, tinha gente de 80 anos e de 8 meses de vida (risos), todo mundo se divertindo junto! Tinhatudo que eu gosto lá:muito gibi, rock’n’roll, rango,vinho...

RU – Há algo em seus personagens que seja autobiográfico, ou seja, que seja você mesmo? As vezes tenho impressão que o Roko-Loko é você...

Como diria o Silvio Santos:"Esta ceeeeerta a respooooossstaaaa!" (risos). No começo eu não tive essa intenção de fazê-lo parecido comigo, fui fazendo no "1,2,3,JA!" e nem parei pra pensar. Mas depois de um tempo não tive como negar, o Roko-Loko sou eu mesmo! É a minha personalidade (com alguns exageros, lógico) que esta lá! Por isso já vou avisando: a mulherada que gostar do Roko-Loko vai gostar de mim também (risos)!

RU – Por fim, você já lançou livros, revistas, games de celular, bonecos, DVDs. Que mais formatos pretende trabalhar?
Acho que o futuro são as animações e a internet. Vou ter que me meter nessas coisas cada vez mais! Mas pra mim está ótimo, eu adoro me meter em lugares gostosos (risos)!
Visitem meu site: www.marciobaraldi.com.br