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B L A Z E
Querendo invadir o Brasil!

Entrevista e foto: Júlio César Bocáter
Blaze Bayley ficou famoso depois de substituir Bruce Dicknson no Iron Maiden. Nem precisa repetir o quanto foi criticado e injustiçado, já que a banda não passa por uma boa fase criativa desde 90 com o modorrento No Prayer For The Dying. E outra, Blaze evoluiu nitidamente do X-Factor para Virtual XI, assim como ao vivo. Mas mesmo assim, ganhou a simpatia de grande parte dos fãs da Donzela e do Heavy Metal, por ver nele um bom vocalista e um autêntico headbanger. E isso fica provado em Silicon Messiah, seu primeiro CD lançado ano passado e só agora pela RDS no Brasil. E que CD! Heavy Metal na veia, moderno, refrescante, atual e ao mesmo tempo com o espírito dos anos 80. O simpático e carismático vocalista nos concedeu esta exclusiva para nossa colaboradora, falando sobre essa aula de Metal que é seu disco, sobre o Maiden, sobre seu futuro e sobre o Brasil, país de sua esposa.

RU - Fale sobre o conceito de Sillicon Messiah.
Blaze Bayley -
Sillicon Messiah conta uma estória, ele tem um discurso bem forte. As três primeiras músicas contam a estória de alguém que procura a imortalidade e encontra um jeito para isso na internet através de um hard drive, por isso já não precisa mais do corpo. A pessoa se torna uma máquina, o messias de silicone. É uma metáfora, sobre o medo que temos de sermos dominados pela máquina, pelo computador, porque somos muito dependentes dele. (Nota do Editor: Os mísseis americanos são controlados por computador inteligente e acabam errando alvos, como a  destruição da Cruz Vermelha no Afeganistão).

RU - Alguma relação religiosa, sobre o messias?
Blaze Bayley- O messias é um salvador, mas é uma máquina, ele irá salvar o mundo, mas não é igual ao messias da religião; é pura tecnologia. Mas talvez por trás do álbum, acaba tendo uma conotação religiosa.

RU - Como você montou sua banda para este CD?
Blaze Bayley- Eu tinha algumas músicas já meio prontas e precisava achar músicos. A razão do que eu faço é porque eu amo isso, e me sinto realizado fazendo. Eu queria achar músicos que amassem a música e o Heavy Metal tanto quanto eu amo. Fizemos inúmeras audições, e depois eu gravei umas demos; o resultado ficou tão legal que decidi manter o mesmo line-up até agora, porque está funcionando.

RU - Eles são membros oficiais então?
Blaze Bayley- Sim, são membros da banda mesmo. Para eles, a música é a coisa mais importante que existe, e nós amamos tocar ao vivo. A reação do público tem sido muito boa, todos nós estamos ansiosos para tocar aí no Brasil.

RU - A produção do álbum nos remete a trabalhos recentes de bandas tradicionais com uma sonoridade mais moderna e atual, como os de Bruce Dickinson, Halford e o novo do Helloween. Estes discos foram produzidos por Roy Z, já pensou em trabalhar com ele? A produção de Sillicon Messiah foi inspirada tendo em vista estes discos?
Blaze Bayley- Nos juntamos para decidir e escolher produtores, e queríamos alguém que trabalhasse muito bem os timbres de guitarra, para que soassem pesadas mas também com melodia. Ai escolhemos o Andy Sneap, ele tinha feito um bom trabalho com o Machine Head, ele entende o que é o Metal, funcionou direito, com força e paixão na música, que são elementos imprescindíveis.

RU - Como você compararia sua carreira solo com o Wolfsbane e o que você fez no Iron Maiden?
Blaze Bayley- Quando estava no Wolfsbane não sabia nada sobre o mundo dos negócios, a única coisa que eu sabia era que eu queria ter uma banda e tocar ao vivo em qualquer lugar, como todas as bandas que começam. Foi uma boa experiência, porque eu acreditava no que eu fazia. Quando mudei para o Iron Maiden, aprendi muito mais, aprendi coisas sobre mim mesmo, sobre meu lado músico, me deu mais confiança, e trabalhar com pessoas mais profissionais me deu muito mais visão. No Wolfsbane, tinha um pequeno lado comercial, o desejo de subir rápido; no Maiden tinha o comercial, mas tinha também a música, que tinha que ser muito boa. Na minha própria banda eu tenho estes dois elementos. Aqui eu posso fazer o que eu quiser com que concorda comigo. Os erros dessas duas bandas eu não quero mais repetir, não há a pressão de estar numa grande banda como o Maiden, e não é frustrante como estar numa banda desconhecida como o Wolfsbane. É maravilhoso ver os resultados de um trabalho só meu.

RU - Você parecia a vontade no Maiden e tanto a banda como a Sanctuary lhe deram total apoio. Por que você foi embora? O que realmente aconteceu?
Blaze Bayley- Eu queria fazer uma coisa diferente. Eu acho que o Virtual XI era um bom álbum, mas eu também achava que poderíamos fazer um álbum bem superior, um álbum mais forte, e eles queriam tomar outra direção, e me deram a oportunidade de seguir em frente fazendo o que eu queria sozinho.

RU - Você ficou irritado na época com as comparações com o Bruce Dickinson?
Blaze Bayley- Não porque quando o Bruce entrou no Maiden, muitos fãs queriam que o Dianno continuasse na banda, e criticavam ele porque seu estilo era diferente. Além disso, eu já conhecia o Bruce anos antes, e também eu já era esperava que isso fosse acontecer, não foi uma surpresa. Eu também não gosto quando uma banda muda sua formação, e os fãs são fiéis. As comparações são inevitáveis, e eu tive apoio de muitos fãs, principalmente no Brasil, os fãs daí são maravilhosos. A maioria dos fãs do Iron Maiden me aceitaram.
 
RU - Você mantém contato com alguém do Maiden?
Blaze Bayley- Lógico, apesar de sempre estarmos muito ocupados, ainda nós nos falamos. Não brigamos a ponto de ficarmos ressentidos. Janick e Steve vieram ver um show meu, e subiram no palco para tocar Man on the Edge.

RU - O que você acha da cena metálica mundial?
Blaze Bayley- Você ouviu falar numa banda chamada Nevermore?  RU – Sim, ela estará tocando aqui daqui alguns dias (Nota do E: a entrevista foi feita uma semana antes da turnê do Nevermore no Brasil).
Blaze Bayley -  Ela é muito boa, seu novo disco é muito bom. O Savatage também é uma boa banda. Eu gosto de muitas coisas, muitas bandas, e parece que o Metal está voltando cada vez mais forte. Eu vejo cada vez mais pessoas em nossos shows, não será igual foi nos 80, mas será forte novamente.

RU - Sillicon Messiah é muito superior aos seus trabalhos no Maiden, tanto sua participação, como no instrumental, nas composições, além de muito mais inspirado. Você concorda comigo e credita isso ao fato de ter tido liberdade, sem ter um padrão Maiden de compor, nem tendo Steve Harris moldando as músicas e produzindo os discos?
Blaze Bayley- Eu nunca me senti preso no Maiden, de forma alguma; mas há padrões lá que devem ser seguidos, coisa que não faço na minha banda. Eu me sinto mais aliviado e relaxado. Ter a oportunidade de fazer aquilo que você realmente curte, estou mais sábio agora, tudo que eu aprendi no Maiden estou pondo em prática. Sillicon Messiah não seria um álbum tão legal se eu não tivesse feito X-Factor e Virtual XI.

RU - Qual é o conceito para seu próximo disco, 10th Dimension? Por que o assunto é novamente tecnologia?
Blaze Bayley- O álbum não foi finalizado ainda, e continua a história do Sillicon. A estória se torna mais profunda, as letras são mais emotivas, mais vivas, falam de culpa também. O álbum é mais complexo, algumas músicas são mais pesadas, outras são mais melódicas, algumas mais modernas e outras metal tradicional. Eu espero que vocês gostem.
 
RU - Você acredita nas letras que compõe ou são apenas histórias de ficção?
Blaze Bayley- As letras são reflexo da pessoa que escreve.
E eu falo sempre na primeira pessoa, como também escrevo assim. Eu pesquiso muito, como pesquisei sobre a evolução industrial e técnicas de computador para o Sillicon. Eu começo a escrever e estabeleço uma conexão comigo e meu personagem, que pode estar relacionado com meus gostos pessoais, e os filmes de ficção que assisto.

RU - Qual sua opinião sobre a reação dos EUA bombardeando o Afeganistão, que é a guerra de número 56 que os EUA entram, com cada míssil custando 1 milhão de dólares, sendo que o próprio EUA se opôs ao Brasil e aos países africanos para quebra da patente para diversos remédios, inclusive para a AIDS, vitimando milhões de pessoas ao redor do mundo?
Blaze Bayley- Espero que isso não afete minha turnê. A música não tem nada a ver com a política, nem com a cor das pessoas, nem religião. Música é energia e diversão, feita para TODA e QUALQUER pessoa do mundo. Também há terrorismo no Reino Unido, muitos amigos meus foram mortos em ataques militares. Eu não entendo muito o que está acontecendo, porque eu sou músico e não político. Se cada míssil custa um milhão de dólares, eles deveriam dar essa mesma quantia para cada afegão que não é terrorista. Quanto ao lance da quebra de patentes, eu não sabia disto.

RU - Quando você vai tocar no Brasil?
Blaze Bayley- Espero estar aí em dezembro, tenho conversado com alguns produtores, estou só esperando algumas confirmações positivas. Tenho este mês inteiro para passar ai no Brasil, e espero poder fazer muitos shows.