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A continuidade do Opera IX

Entrevista: Júlio César Bocáter. Foto: divulgação


O Black Metal, sem dúvida é, dentro do Metal, o estilo mais instigante, afrontador e, apesar de radical e conservador, é o estilo que mais cresceu e se misturou com outras tendências ao longo da última década. A Itália ficou famosa por gerar bandas na linha do Rhaspsody, que são alegres, festivas, pomposas, medievais e barrocas, mas  de lá surgiu uma das bandas mais relevantes da cena extrema mundial, o OPERA IX. Além da maledicência e bruxaria, chamava atenção a banda ser de um país com pouca tradição no estilo e por contar com uma mulher no vocal, Ms. Cadaveria. A moça é bonita, sensual mas berra e urra como uma ursa no cio. O Opera IX era uma banda brutal e por divergências, CADAVERIA sai e forma sua banda solo, muito melhor, madura, superior e pertinente que sua antecessora. O resultado disso está no seu debut, The Shadows’ Madame (Hellion). A garota falou com a gente e disse tudo que estava entalado na garganta e pôs toda sua energia e talento na nova banda, acompanhada de Frank Booth (G), killer Bob (B), Marcelo Santos (D) e Baron Harkonnen (K). Confira!  

RU – Primeiro, gostaria que você falasse porque saiu do Opera IX.
Cadaveria – Incompreensões ideológicas, filosóficas e artísticas cresceram dentro da banda. Então eu e Flegias decidimos deixar o Opera IX e dedicar nossa energias em um novo projeto musical, em vez de perdermos tempo com discussões estúpidas.

RU – O que você acha da banda ter escolhido um homem que uma mulher para te subtituir?
Cadaveria – Eu não o escutei ainda e nem sei como ele canta. Eu acho que eles não puderam escolher outra mulher então a única coisa que poderiam fazer é isso mesmo que fizeram: escolher um homem e mudar o direcionamento musical. Fazendo isso, eles vão perder alguma originalidade, mas ele não tem escolha.

RU – Você montou a banda Cadaveria antes ou depois de sair do Opera IX?
Cadaveria – Eu já tinha dado início a um projeto paralelo ainda na banda, mas era algo apenas para meu tempo livre. Só quando saí da banda que encontrei energia para fundar uma nova banda e aquela idéia remota se tornou realidade.

RU – Que diferenças você vê entre The Black Opera, último álbum seu no Opera IX e The Shadow’s Madame, primeiro com o Cadaveria?
Cadaveria – Tudo é diferente: a música, o uso da voz, o som em geral e a banda em si. Não há comparações.

RU – No Cadaveria, sua voz é menos agressiva e gutural que no Opera IX e a música é mais limpa e melódica. Você concorda?
Cadaveria – Eu acho que a voz é menos gutural mas não menos agressiva. A voz limpa está mais presente no Cadaveria mas ela ainda é doentia, agressiva e poderosa e em nota altas que não tinha mostrado quando estava no Opera IX. O estilo da minha voz mudou pelo novo espírito da nova banda. 

RU – O processo de composição é o mesmo que no Opera IX? Porque em ambos álbuns, The Black Opera e The Shadow’s Madame, têm sete faixas e elas são longas.
Cadaveria – Nós começamos a trabalhar em algumas idéias, eu mostrei minhas letras e melodias para o resto da banda, Frank transportou algumas partes para guitarra, Flegias trabalhou na sua bateria e dia após dia as faixas começaram a ganhar forma. Quando entramos em estúdio, 90% estava pronto. Mudamos alguns riffs, cortamos algumas coisas enquan
to B. Harkonnen estava compondo as partes de teclado. Em dezembro o álbum estava pronto e a essência do Cadaveria formada.

RU – Você é a The Shadow’s Madame?
Cadaveria – Ela é bem similar comigo mas não sou eu exatamente. Ela é uma entidade abstrata, a senhora das sombras que domina o passado, o presente e o futuro. Ela é dark, material e etérea, misteriosa e direta ao mesmo tempo.

RU – Os solos, riffs e melodias lembram muito Mercyful Fate, você gosta e tem influência deles?
Cadaveria – Os solos de guitarra tem influência de Heavy Metal clássico, que é o background de Frank Booth. O Mercyful Fate é uma de minhas bandas favoritas mas não sei dizer se somos influenciados diretamente por eles.

RU – O baixista Killer Bob tem o cabelo no estilo do Misfits. Tanto ele como vocês gostam deles e são influenciados por Rock Horror?
Cadaveria – Sim, ele se parece com um dos membros do Misfits, mas a música deles não tem referência no Cadaveria.

RU – Você gosta e pratica Wicca, bruxaria e outras formas de ocultismo?
Cadaveria – Eu tenho grande interesse em ciências ocultas em geral, bem como sou atraída por tudo que é misterioso, desconhecido, estranho e incomum. Eu não sou nenhuma fervorosa praticante de nenhuma seita, eu prefiro investigar os mistérios do ser humano usando minha inteligência em meu credo pessoal.

RU – A cena italiana é conhecida no mundo todo pela música Épica e medieval de bandas como o Rhapsody. Como você acha que o mundo vê a cena extrema em seu país com bandas como Death SS, Opera IX, etc?
Cadaveria – Eu não sei, você é que deveria me contar sobre isso. (risos) Musicalmente, o Cadaveria encontrou seu próprio caminho, tentando oferecer algo novo, original para seus ouvintes e seus fãs.