AGENDA
BANDAS
ENTREVISTAS
CDS
DVDS
DEMOS
LIVROS
SHOWS
MATÉRIAS
PROMOÇÕES
LINKS
CONTATOS

Simplesmente Death Metal, porra!

Entrevista: Joseph Wildenberg
Sim, simplesmente Death Metal mesmo, porra! Pois o “cadáver canibal” sempre fez Death Metal a sua maneira desde que surgiu. Não mudou uma palha o seu estilo, tanto nas letras, como nas capas de seus discos e em sua música. Ela apenas evoluiu ao longo do tempo, ficando mais técnica e mais mortífera! Riffs cadavéricos, solos asquerosos, letras idem, capas e temas escatológicos, tudo com muita diversão! E lembro muito bem quando eles surgiram, muitos críticos (inclusive de revistas aí do Brasil!) diziam que a banda seria apenas mais uma banda de Death da Flórida. Hoje, engolem goela abaixo seu sucesso, pois o Cannibal Corpse, na verdade, é “a” banda de Death Metal! E não só da Flórida, mas do mundo todo! Foi para falar com esta que é a banda do estilo que mais vendeu discos na história (mais de um milhão) que conversamos com seu baixista, Alex Webster, um dos maiores baixistas da história do Metal! Dúvida? Que foi a um show deles sabe como é!

RU – Primeiro lugar, deu para ficar rico com o Cannibal Corpse até agora? (risos)
Alex –
Você deve estar brincando, né? (risos) Só pode ser brincadeira, nenhum músico jamais ficará rico tocando Death Metal! As gravadoras e alguns promotores podem até ser, mas os músicos e as bandas nunca! (risos) Hoje vivemos numa situação bem mais confortável do que no passado, só isso. Se você está se referindo por termos alcançado a marca de um milhão de discos, lembre-se que o que as bandas ganham com cada disco vendido é ridículo! Imagina dividir essa quantia misera em cinco pessoas e as vezes até mais! E este um milhão veio em dividido em quase quinze anos! Nós ganhamos um pouco mais em shows, aí sim, mas também temos muitos gastos nas turnês e não tocamos em arenas nem em estádios como um Iron Maiden ou Bon Jovi! (risos) O cachê é infinitamente menor e em festivais, a maioria das vezes nem ganhamos nada! Também ganhamos um pouquinho com merchandise, ou seja, juntando um pouquinho de cada dá para viver sossegado, mas longe antecipar uma aposentadoria! (risos)

RU – É claro que fizemos uma brincadeira, por vocês serem a banda mais bem sucedida de toda a história deste estilo, que sempre foi e sempre será Underground. Você acha que, além do talento e da técnica, o que também ajudou o Cannibal Corpse a atingir esta marca foi o nome da banda, que cativa e chama a atenção até de quem não é fã do estilo e também as capas dos discos?
Alex –
Você acredita mesmo que uma banda chamada “cadáver canibal” com as capas sanguinolentas como as nossas possam ajudar a vender discos, sem ser para fãs de Death Metal?

RU – Sim! Afinal, assim como o Iron Maiden não seria gigante como é se não fosse o Eddie e as capas de seus discos. Claro, para quem é fã do estilo, as capas, encartes, letras e nome das bandas são um atrativo a mais, mas isso ajuda a quem está de fora do estilo querer ao menos conhecer a banda e pelo dizer “de Death Metal só gosto de Cannibal Corpse”. A banda, por incrível que pareça é popular fora do Death e até fora Metal! Dificilmente alguém que não seja fã do estilo, diria que gosta apenas de Monstrosity ou de Morbid Angel.
Alex –
Bem, você tem razão o que você está colocando. Apenas quero me defender que tudo que fazemos vem de dentro de nossos corações, não fazemos nada a mais nem a menos para vender mais discos ou shows. Isso tudo ajuda sim, fomos muito felizes quando escolhemos estes temas para usar no Cannibal.

RU – Claro e isso não é vergonha alguma. Até porque, existem muitas pessoas que não são Deathbangers, mas que gostam de terror, horror, gore e splatter e para elas o Cannibal Corpse é um prato cheio, é como um filme de serial killer em forma de música!
Alex –
Obrigado pelo elogio! Gostei da comparação, porque somos fãs número 1 de filmes de terror, principalmente destes em que jorram muito sangue! Quanto mais sangue jorrar, melhor o filme para nós!

RU – Isso tudo ajuda a banda de forma positiva, ao contrário do que Glenn Benton do Deicide fazia até uns anos atrás. Além da temática anti-cristã da banda, ainda por cima ele vinha com aqueles papos de dizer que gosta de queimar animais vivos, que iria se matar quando fizesse 33 anos, além de marcar com ferro em brasa sua testa com uma cruz invertida.
Alex –
Sim, você tem razão. Quanto ao Deicide e Glenn, não vou comentar nada, deixo para vocês da mídia e o público decidir.

RU – Mas também tem o outro lado da moeda. Se uns acham isso divertido e entendem a proposta da banda, há o outro lado. No seu país, os Estados Unidos, há muitos órgãos e entidades religiosas que perseguem a banda, tentando censurar e cancelar shows e proibir venda de discos, e aqui na Alemanha você sabe como é (nota do E: Joseph é alemão e estava na Alemanha quando entrevistou Alex por telefone, embora não resida em seu país natal).
Alex –
Sim, infelizmente aí na Alemanha nós não podemos vender os discos Eaten Back To Life, Butchered At Birth e Tomb Of Mutilated, nem tocar as músicas destes discos nos shows. Até entendo, pois na Alemanha as pessoas têm muito trauma por causa do nazismo e qualquer coisa que tenha referência à tortura, mesmo que seja uma brincadeira ou uma obra fictícia. Este é um lado da história que os alemães querem esquecer, e se não fizerem isso, pessoas hipócritas de outros países farão alusões a isso, criticando. Já nos Estados Unidos, que é meu país, posso falar a vontade, que tudo é hipocrisia! A sociedade americana é muito conservadora, calcada nos valores judaico-cristãos. Em certo ponto isto até ajuda a ganhar um marketing gratuito, afinal desde Alice Cooper e Ozzy Osbourne até Marylin Manson se beneficiaram disto! (risos)

RU – Você gosta de fazer uma entrevista como esta, em que estamos falando de assuntos em volta do que cerca a banda, ao invés de fazer uma análise técnica dos discos!
Alex –
Sem dúvida! A maioria das entrevistas os jornalistas perguntam disco a disco, faixa a faixa, se uma faixa do disco novo lembra uma faixa de um disco anterior, se um disco é assim, o outro foi de outro jeito! Quer dizer, é legal falar sobre isso também, mas quem deve comentar o disco é o crítico, não eu! (risos) É ele que recebe por isso! E muitas vezes respondemos a mesma pergunta toda turnê, todo disco novo que sai.

RU – Para evitar perguntas que sempre se repetem, nem vou fazer comentários sobre Jim Carey ser fã de vocês e ele ter convidado a banda para tocar no filme Ace Ventura. (risos)
Alex –
Isso é uma coisa que dá orgulho de comentar! Realmente foi verdade e foi divertido fazer isso! Acabamos divulgando a banda sem ter que nos vender, o que é raro hoje em dia.

RU – Quais suas lembranças de quando estiveram no Brasil em 2000?
Alex –
As melhores possíveis! Os fãs daí são loucos! Nunca fomos tão bem tratados em um país e a única ressalva que tenho quanto ao lugar que tocamos em São Paulo, super abafado. De resto foi perfeito!

RU – A cena da Flórida é a maior do Death Metal no mundo, talvez a única que chegue próxima é a de Gotemburgo na Suécia, em termos de quantidade e qualidade de bandas, bem como a longevidade destas bandas e surgimentos de outras. O que você acha da cena hoje?
Alex –
A cena da Flórida foi fantástica. Antes tinha mais união, hoje tem mais competitividade que antes, de quem toca mais rápido ou quem é mais pesado. Antes a cena era mais unida e isso ajudou a todo mundo crescer, como Monstrosity, Malevolent Creation, Six Feet Under entre outras. A gente tocava junto, trocava discos e fitas. A cena de Gotemburgo é muito boa também, sendo um estilo diferente da Flórida. O Death Metal de lá é mais frio, enquanto o nosso (na Flórida) é mais “ensolarado”. (risos)