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Os Reis do Vampirismo!


Entrevista: Júlio César Bocáter.
Foto: divulgação.

Que o Cradle Of Filth é um fenômeno do Metal Extremo, qualquer um que tenha algum informação do que é Metal, está cansado de saber. Afinal, o grupo é da Inglaterra, que se por um lado, foi o principal país do Heavy Metal, dando mais da metade das bandas influentes na história do Metal pesado, por outro, hoje o país está afundado em modismos. No país da moda, Inglaterra, que copia tudo que sua criatura, os EUA fazem, surge o credo da sujeira, falando de vampirismo, fazendo Black Metal vampírico, satânico (sim senhor, satânico sim!) e melódico, com incursões sinfônicas! Foi com o simpático e atencioso tecladista Martin Powell que conversamos mais um pouco sobre esta banda que vampirizou o Brasil em outubro! Confira! E cuidado com seu pescoço! Prepare o alho!

Fale sobre o último álbum, Nymphetamine.
Martin Powell –
É sem dúvida nosso melhor disco! O título é bem sacado, um misto de ninfo com anfetamina e é essa a sensação ao ouvir Nymphetamine. Ele é mais básico, apesar de complexo no instrumental e de tocarmos cada vez melhor a cada disco, ele é mais direto, mais pesado, sem as orquestrações que fizemos no disco anterior, Damnation And A Day.

Justamente sobre Damnation And A Day seria minha próxima pergunta, pois já é um dos discos mais emblemáticos e polêmicos da história do Metal! Gostaria que você falasse sobre ele também, pois foi o primeiro, o único e ultimo disco de Black Metal lançado por uma gravadora major, a Sony Music e é um dos discos com produção mais cara que o Metal já teve, além da orquestra!
Martin Powell –
Somos muito felizes por termos feito um álbum como Damnation And A Day. Temos muito orgulho dele, realmente um marco na história do Black Metal! Sim, você está certo, ele deve ser o primeiro disco de Black Metal a ser lançado por uma major. Foi por esse fato que ele saiu deste jeito, pois jamais tivemos tanto dinheiro disponível para uma produção nossa! Seria a única oportunidade que teríamos em ter tanto suporte financeiro, então aproveitamos e chegamos no extremo de experimentações e de orquestração, pois nunca um disco de Metal teve tantos músicos de orquestra em um disco! Outras bandas que se valem de fazer Metal sinfônico, como Therion e Dimmu Borgir, que conseguem bom suporte de suas gravadoras, ainda sim tem dificuldades em fazer tudo, coisa que com uma major pode conseguir muito mais fácil. Como tínhamos quase certeza de que seria o único disco nosso pela Sony...

(Interrompendo) Justamente isso que ia abordar, como chegaram a Sony e por que saíram tão logo?
Martin Powell –
Bem, nosso contrato com eles era para apenas um disco. Tanto nós como a gravadora decidimos fazer isso, pois seria uma experiência sem precedentes. Quando estávamos sem gravadora, fomos convidados por eles. A Sony viu que o Metal estava voltando com tudo e como eles tem o Ozzy em seu cast e algumas bandas de New Metal, eles queriam ver o que acontecia com o Black, que pudesse realmente haver um boom do estilo...

(Interrompendo de novo) E justamente esta era a torcida da maioria das pessoas do meio, para que abrisse um nicho de mercado para o Black ter uma propagação ainda maior!
Martin Powell –
Nós também pensamos nisso. Somos os pioneiros neste negócio de Black Sinfônico, e fomos os pioneiros em abri mais o estilo. Só que nem tudo ocorreu como planejávamos, pois as pessoas lá não entendem quase nada de Metal, muito menos ainda de Black Metal. O disco vendeu bem, mais ou menos como todos nossos anteriores lançados por selos menores. Esta vendagem é excelente para selos especializados, mas pouca para a Sony. Eles nos procuraram, nos disseram que o nosso custo foi muito alto para o retorno que tivemos, que com outros artistas de New Metal e Pop eles gastavam muito menos e vendiam muito mais. Nos ofereceram um segundo disco, mas com uma produção bem menor do que tínhamos no começo da carreira, e nós recusamos e saímos! Outra coisa que sofremos foi com os downloads. Quando estávamos em selos menores, tínhamos menos problemas com isso do que quando estivemos na Sony. Parece que as pessoas querem mesmo f.... com as grandes gravadoras! (risos)

Agora vocês estão na Roadrunner, como avalia esta situação atual?
Martin Powell –
A melhor de nossa carreira! A Roadrunner é o maior selo especializado em Metal no mundo! Eles tem bandas como Machine Head, Slipknot, e foram responsáveis por muitas bandas serem grandes, como Deicide, King Diamond e Sepultura. Todas as pessoas que trabalham lá entendem de Metal, 100 vezes mais que na Sony, então estamos no caminho certo! Mas temos outra coisa boa para falar da Sony, que eles nos deram liberdade total para fazermos nossa música, eles não influenciaram em nada, como muitos temiam.

Os leitores podem até estranhar a gente estar falando esse lance de gravadoras, mas isso é muito importante para uma banda, ainda mais do porte do COF. E ainda mais todas estas mudanças, em que muitas bandas encerram a carreira por causa destes transtornos, e me parece que nestas mudanças, o COF se deu bem! Vocês souberam “usar” as gravadoras!
Martin Powell –
Você tem razão! E no caso, a Roadrunner vai pegar o vácuo da Sony, que nos ajudou a aumentar nosso nome nos EUA. Na Europa não tivemos diferença, mas nos EUA nós crescemos muito! E agora é o momento adequado!

Falando ainda em gravadoras (risos), é a primeira vez que vocês chegam num grande selo especializado em Metal! Antigamente, vocês vinham de selos bem pequenos, por que vocês nunca estiveram sem selos grandes como Metal Blade, Century Media, Nuclear Blast, etc?
Martin Powell –
Isto foi intencional, pois sempre preferimos estar em selos menores e sermos a prioridade do que estarmos em um selo maior e sermos a quinta ou sexta banda. Agora, na Roadrunner, que é um selo bem maior do que os que estivemos antes, aceitamos estar com eles porque eles nos colocaram como prioridade deles!

O Dany Filth é uma pessoa difícil de se trabalhar?
Martin Powell –
(risos) Todos me perguntam isso, e é engraçado, pois é a pessoa mais fácil de se trabalhar! Ele tem toda aquela imagem que ele passa, pelo visual e por tantas lendas criadas, mas não tem nada a ver!

Todos levam a pensar isso, pois o Cradle vive mudando de formação...
Martin Powell –
(Interrompendo) Isso acontece, não pelo Dany, mas pelos próprios músicos que saem. O Cradle começou como uma banda pequena, mas promissora, e que cresceu muito a cada disco. Neste tempo, muitos músicos tocavam apenas por hobby e tinham seus empregos fixos e família e não podiam acompanhar o crescimento da banda, e outros entraram pensando em glamour, sem noção do que é estar em uma banda de Black Metal, por maior que ela seja!

O Dany é o dono da banda? Pois nas fotos promocionais, só ele aparece em nome da banda.
Martin Powell –
Mais ou menos, ele é o líder, e natural que aparece mais do que todos nós. Só isso.

Existe rivalidade entre vocês e o Dimmu Borgir? Pois sempre quando se fala de Black Melódico e sinfônico, sempre é citado o Cradle e o Dimmu.
Martin Powell –
Não, pois as duas bandas são totalmente diferentes, públicos diferentes, gravadoras diferentes, então, não tem como haver rivalidade.

Mande uma mensagem para o fãs brasileiros (a entrevista foi feita dias antes do show deles em SP).
Martin Powell –
Esperem por nós, iremos detonar tudo por aí! Ouvimos falar que vocês são os melhores do mundo, e estamos ansiosos por isso!