Entrevista: Pedro Ribeiro. Foto: divulgação.
Os suecos do Dark Funeral surgiram em 93, no auge do Black norueguês. Seu fundador, Lord Ahriman (G), não imaginava o sucesso que conseguiria, nem o respaldo dentro de uma cena difícil, onde você tem que estar 100% conectado com a ideologia e a religião. Confira um pouco do que ele tem a dizer, logo depois de sua vinda ao Brasil, neste brevíssimo bate-papo!
RU – Primeiro, conte-nos como foi o processo de composição de Angelus Exuro Pro Eternus, novo álbum de estúdio da banda.
Lord Ahriman – Não houve trabalho de pré-produção. Então eu trouxe meu computador para o estúdio e começamos a finalizar tudo. We worked a little bit different this time to write this record.Nós trabalhamos um pouco diferente desta vez para gravar este disco. You can go really more in depth with the music writing by working from a home studio.Você pode ir muito mais em profundidade com a escrita da música, trabalhando a partir de um home studio. To be able to record everything and try out different drum beats, riffs, arrangements and stuff.Para ser capaz de gravar tudo e experimentar diferentes batidas, riffs, arranjos e material.
RU – Então pelo tempo que você tem para entrar em estúdio com praticamente tudo em mente, você já sabe o que você quer fazer e esta seria a vantagem de fazê-lo em casa.
Yeah well, you have a pre recording of everything.Lord Ahriman – Sim, você tem uma gravação antes de tudo. Like we did in the past and we just set up the mic and then work on the songs that way.Como fizemos no passado e que acabou de configurar a microfonagem, e em seguida, trabalhar as músicas dessa forma. Then we brought the tape out and we listened to it and then you have to wait until the next time you rehearse and try some changes and come up with more stuff. Então, nós levamos a fita no estúdio e ouvimos e aí basta esperar até a próxima vez que você ensaiar e experimentar algumas mudanças antes de finalizar.When I have a home studio I can sit whenever I have the feeling for it. Quando eu tenho um estúdio em casa, pode sentar-se sempre que tenho a vontade para isso.Whenever I come up with an idea I just open up the programs and start working. Sempre que aparece com uma idéia é só abrir o programa e começar a trabalhar.
RU – O título do álbum em latim, seria mais ou menos o que?
Lord Ahriman – A tradução livre é queima de anjos para a eternidade.
RU – Que tipo de direção que você vê o Black Metal da banda neste disco? Pois apesar da banda ter uma direção mais tradicional e não querer inovar muito, creio que seja difícil fazer um disco sem se repetir.
Lord Ahriman – EU não realizo um estilo específico quando crio um disco. Eu deixo as coisas fluírem. Eu também não presto muita atenção ao que as outras bandas estão fazendo. I am kind of closed minded in that sense.Eu sou o tipo de mente fechada nesse sentido. I just follow my own inner demons when I write as they come. Eu apenas sigo meus próprios demônios internos quando eu escrevo e eles vêm. Estou fora dessa competição de quem é mais rápido, mais satânico ou mais brutal.
RU – Na minha opinião, as bandas têm perdido o feeling. Ok, é natural um músico evoluir tecnicamente e querer colocar isso na sua música, mas em todos os estilos do Metal e do Rock, é só a parte técnica que tem contado. Os discos atuais, tanto de bandas novas como antigas, têm fica mais virtuosos, mais bem gravados e mais chato. Fale sobre isso.
Lord Ahriman – Concordo, não usamos tantos recursos em estúdio. Não há necessidade, só necessário. Fazemos a produção o melhor possível, mas sem que fique muito limpo. Há discos de Black Metal que ouvi por aí mais limpos do que um disco do Bon Jovi. O Black Metal é diferente do Progressivo ou outras coisas, o Black Metal surgiu de bandas cujos músicos eram pobres, não sabiam tocar e tinha equipamentos precários e o intuito era tirar o som mais soturno possível, criando uma aura maismalévola possível. Isso não é possível com muita técnica. Claro, evoluo como músico e os equipamentos também. Mas na medida certa, para a música não ter overdose. O Black Metal acima de tudo é feeling.
RU – Voce não abrirá mão nunca dos corpse paints? Por que eles são importantes para a banda e para a cena?
Lord Ahriman –Nós temos algumas idéias para mudá-lo um pouco. We'll see but we are talking about it.Vamos ver, mas estamos falando sobre isso. When you have done one thing for as many years as we have you always try to improve things.Quando você tiver feito uma coisa por tantos anos como nós temos que sempre tentar melhorar as coisas. The corpse paint is one thing we are talking about right now and it's possible to bring it in another direction and do it in a different way.Os corpse paints é uma coisa que estamos a falar agora e que é possível para trazê-lo em outra direção e fazer isso de uma maneira diferente. Isso é uma tradição no Black Metal e na nossa banda também. Mas isso é só um complemento, diferente de Kiss e Twisted Sister que precisam dessas pinturas para vender CDs e bilhetes (de shows). (risos)
RU – Um sonho de consumo de toda banda e de todo músico é ser detentor de toda sua obra. Depois de ter obtido os direitos de seu catálogo, o que você fará com ele?
Lord Ahriman –Todas eles têm sido relançados. That was the first thing we did when we gained the rights.Essa foi a primeira coisa que fizemos quando nós ganhamos os direitos. Because they had been out of the market for so long and lots of people especially new fans were asking about our older records. Porque eles tinham estado fora do mercado por tanto tempo e de muitas pessoas, especialmente novos fãs estavam perguntando sobre nossos registros mais antigos. So that was the first thing we did.Então essa foi a primeira coisa que fizemos. All of the albums include lots of bonus material.Todos os álbuns incluem muito material de bônus. Nossos verdadeiros fãs, principalmente os mais novos podem ter a nossa obra completa agora. Você sabe, no começo a cena era rudimentar e pouco profissional. Muita coisa era gravada em demos, fitas K-7, 7’ EP’s, splits e coletâneas e muitas músicas ficavam perdidas no tempo.
RU – Desde o começo, vocês tem gravado regularmente seus discos no Abyss studios, de propriedade de Peter Tägtgren (Hypocrisy). Você acha que lá, vocês encontram a sonoridade certa para seu tipo de som?
Lord Ahriman – Mais ou menos. Sou amigo dele a anos e esse relacionamento ajuda na hora de gravar, você tem bem menos stress. Além disso, seu estúdio é o melhor da Europa e ele, um dos melhores produtores. Por que não gravar lá? E outra, sai mais barato e é mais cômodo, pois não tenho que sair do país para gravar um disco..
RU – Apesar de vizinhos da Noruega, seu país, a Suécia e eles, produzem muitas boas bandas de Metal Extremo, mas o som de ambas é bem diferente. Por que razão a escola da Suécia é diferente da norueguesa e vice-versa?
Lord Ahriman – Veja bem, essa é uma visão de uma pessoa que não vive na Escandinávia. Vendo de fora, as pessoas pensam que os países são parecidos, quase iguais, mas não são. Até por motivos históricos, temos algumas diferenças, porém no Metal não existem fronteiras! Mas cada um trás um pouco de sua história, cultura e folclore e isso se reflete nas letras e até na forma de praticar o satanismoe também o Black Metal. Muitos dizem que a Suécia tem algo na água, para surgir tantas boas bandas! (risos) Isso é brincadeira, mas enquanto a Noruega produz muito Black Metal e pouco de outros estilos, a Suécia tem fortes o Black, o Death, o Power e até o Hardcore e o Punk.