Fanatismo, Filosofia de Vida ou Marketing? Você Deicide!
Entrevista: Joseph Wildenberg
Glenn Benton, baixista, vocalista, compositor e mentor do Deicide é uma das figuras mais controversas do Underground mundial! Polêmico, provocador e ao mesmo tempo, recluso. Ao longo de sua carreira, ainda mais no começo, vivia provocando encrencas com declarações profanas, como a que gostava de queimar animais vivos e ver sua pele descolar, ou com atitudes discutíveis, como cravar uma cruz invertida em sua testa com ferro quente. Nesta época, começo dos anos 90, ele, Axl Rose e Courtney Love, cada um para seu público e cada um a sua maneira, faziam tudo para aparecer. No entanto, dos três, restou apenas Benton, talvez pelo seu talento e sua música ser forte o suficiente para superar qualquer atitude de auto-promoção. O Death/Black da banda, trás em forma de notas musicais, tudo o que Glenn fala e faz. Talvez por isso hoje ele seja uma pessoa reclusa, maduro, deixa a música falar por si só. Bem, chega de ladainha, a vamos ao que Mr. Hell tem a dizer (e tem muito – fuzila sua ex-gravadora além de muitas outras coisas!).
RU – Glenn, primeiro fale de sua saída da Roadrunner. Parece que você está mais do que insatisfeito!
Glenn Benton – Com certeza! Ainda bem que nos livramos daquela corja! Eles não fizeram nada por nossos dois últimos álbuns. Tanto em promoção, quanto em shows e com gasto na produção. Peço desculpas para meus fãs por isso, mas agora estamos livres.
RU – Como chegaram até a Earache?
Glenn Benton – Muitas boas bandas estão lá, algumas de amigos nossos e sempre nos falam bem. Quando acabou nosso contrato com a Roadrunner, eles nos procuraram e não pensamos duas vezes. O que nos ofereceram era duas vezes melhor da melhor fase nossa no antigo selo.
RU – O que pega lá na Roadrunner? Pois parece que eles eram totalmente diferentes do que eram nos anos 80 até o meio dos anos 90.
Glenn Benton – Eles faltaram com respeito com monte de bandas consagradas: Sepultura, Mercyful Fate, King Diamond. E nós.
RU – Você falou que eles não fizeram nada nos dois últimos dois discos. Realmente, Insineratehymn e In Torment In Hell foram muito criticados pela imprensa, venderam pouco e sinceramente, acho estes dois os discos mais fracos do Deicide.
Glenn Benton – Bem, o que tenho a dizer para me defender é que demos o máximo de nós. Mas confesso que desanimamos um pouco por causa daqueles bastardos. Se não venderam tanto, é porque foram mal promovidos, ou seja, eles são burros! Se não promovem, não vende mesmo!
RU – Acho que o último disco realmente grande do Deicide foi o Serpents Of The Light. Desde a capa até a produção, tudo ali é perfeito! Ali foi o auge da banda!
Glenn Benton – Cada um tem a sua opinião. Respeito a sua e agradeço, na época, ainda estávamos bem com eles e aquele foi um grande álbum!
RU – Glenn, você já se envolveu em muitas polêmicas. Hoje, suas entrevistas são menos contundentes. Você reafirma tudo o que disse?
Glenn Benton – Sem dúvida, pois são coisas em que eu acredito!
RU – Uma vez, perguntado à King Diamond sobre as bandas satanistas, ele disse discordar de algumas atitudes de algumas bandas e pessoas da cena, por declarações de heresia, blasfêmias e atitudes violentas. Você concorda com isso?
Glenn Benton – Em partes sim. Primeiro existe várias vertentes do satanismo. Todas elas buscam a mesma coisa, mas por meios diferentes. Também discordo de pessoas que falam que os satanistas não devem assumir publicamente que são satanistas e nem tomar atitudes extremas. Se você não assume que é e nem toma alguma atitude extrema, você não é satanista! Nesse caso vai ser um cordeiro com pele de lobo, só isso. Mas o que defendo é que tudo deva ser falado e feito com inteligência. Que adianta você tomar uma atitude extrema, como matar um inimigo ou queimar uma igreja e ficar o resto da vida numa solitária? Isso é inteligente?
RU – Mas e o lado espiritual e mental? Um cara preso não pode contribuir?
Glenn Benton – Pode. Menos, mas pode. Só que eu não quero estar atrás das grandes filosofando, e sim em cima de um palco agindo.
RU – Fale sobre seu novo álbum, o primeiro pela Earache. Você sabia que no Brasil, a mesma gravadora que trabalha com a Roadrunner, trabalha com a Earache, a Sum records?
Glenn Benton – Bem, Scars Of The Crucifix é o nosso melhor álbum! Feito com muito amor é ódio ao mesmo tempo. Quanto à gravadora do Brasil, isto é um licenciamento. Ás vezes, uma gravadora em um país distante, que licencia uma banda e um álbum, faz muito mais que a matriz!
RU – Quando vocês irão tocar no Brasil?
Glenn Benton – Quando alguém resolver nos levar aí! Mas estou muito ansioso por isso.
RU – Uma vez, João Gordo, vocalista do Ratos de Porão, num show que ele tocou com vocês na Argentina, disse que fora dos palcos e da imprensa, você é um dos caras mais legais e divertidos que ele já viu. Por que você tem uma imagem, e no fundo é outra pessoa?
Glenn Benton – Bem, eu sou divertido e legal com meus amigos.
RU – Ainda no Brasil. Creio que vocês conheçam o Krisiun. Muitas pessoas acusam o Krisiun de ser uma cópia do Deicide. Inclusive, seu vocalista, Alex Camargo, também é baixista e se parece com você. Você acha que eles são cópias ou apenas tem influências de vocês?
Glenn Benton – Sem comentários. |