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Épico, Medieval e Bárbaro!

Júlio César Bocáter
O Domine desde já é uma das bandas mais apaixonantes da NWOIHM (New Wave Of Italian Heavy Metal). A banda não só já é a segunda banda de seu país, como começa a devastar o mundo todo com o seu mascote Elrich. Enrico Paoli (G) junto com seu mano Riccardo (B), fundaram a banda ainda nos 80 e contaram com o veterano vocalista Morby (uma espécie de Mario Pastore italiano) e foi o falante e empolgado Enrico que falou com a gente. E como fala! Se toda entrevista fosse assim, seria como um verdadeiro e puro azeite de oliva para os leitores e um martírio para quem tem que digitar, transcrever e traduzir! Então, deleite-se lendo e ouvindo o novo Stormbringer Ruler!

RU – Eu fiz recentemente entrevistas com Fabio Lione (Rhapsody e Vision Divine) e Alex Starapoli (Rhapsody)  e eles me disseram que o Domine seria a Segunda maior banda italiana na Itália, e que eles gostavam muito da banda. Isto é verdade? E parabéns pelas referências!
Enrico Paoli – Bem, nós somos muito amigos de Fabio e nós já tocamos junto com o Vision Divine. Eu também encontrei Alex no Gods Of Metal (na Itália) deste ano e ele é muito amigável. Ambos são caras legais e desejo muito sucesso à eles! Eu acho que o Rhapsody, Vision Divine, Domine e o Labÿrinth as maiores bandas da Itália, embora o Rhapsody tenha muito mais sucesso que as outras. O Domine existe desde 86 e Morby está na ativa desde 81, quando na banda Sabotage entre outras. Nosso primeiro álbum, Stormbringer Ruler  foi disco do mês em várias revistas italianas, e fomos capas e pôsteres em várias delas, e fomos o melhor disco italiano pela alemã Metal Hammer.

RU – As capas do Domine são sempre em vermelho e amarelo e sempre tem o guerreiro na capa. O que tudo isto representa?
Enrico Paoli – Sim, verdade! Os outros caras da banda também querem outras cores nas próximas capas, acho que precisamos fazer uma “trilogia vermelha”! (risos) Eu acho o vermelho muito agressivo! Já o guerreiro esteve e estará em todas as nossas capas. Ele é Elric Of Melnibonè, o ultimo dos Dragonlords, o ultimo emperador do Bight Empire, o portador da Espada Negra! Ele é imortal e brigará sempre, ele é o portador do fim do mundo. Ele é criação do inglês Michael Moorcock. Eu sou fã de gibis de heróis e me influenciam filme, revistas e magazines de ficção cientifica, horror e mitologia. Eu também sou leitor, além dele, Frank Herbert, H.P.Lovecraft, Marion Zimmer Bradley, Tanith Lee, Clive Barker, J.R.R.Tolkyen, Fritz Leiber, GeneWolfe, etc.

RU – Você está feliz com sua gravadora atual, a Dragonheart Records?
Enrico Paoli – Sim, eles são um selo pequeno mas nos tratam muito bem. Eles nos colocaram em turnê com Riot, Anvil e Agent Steel, nos puseram no Gods Of Metal e Wacken e promove muito bem nossos discos, licenciados no Brasil, Japão, EUA, México, Taiwan, Canadá e agora na Rússia. Eles começaram com nosso debut Champion Eternal e não sofremos pressões, a não ser de nós mesmos. Claro, nós queremos estar num selo maior, que pode nos fazer vender mais discos e mais shows, quem sabe? Mas talvez, seja melhor ser a primeira banda de um selo pequeno que a vigésima quinta de uma “major”.

RU – Por que os italianos gostam tanto de dragões, guerreiros e outros elementos épicos?
Enrico Paoli – Porque um monte de bandas novas pensa que podem fazer o mesmo sucesso do Rhapsody! (risos) Sério, eu não sei, há muitas bandas realmente fazendo isto. Daqui a alguns anos nós veremos quem realmente está interessado neste tipo de tema e quem pegou o bonde andando. Como já disse sou fã desse tipo de assunto, e que tem a ver com nosso som. É um clichê. Assim como letras de amor para  canções Pop, letras satânicas e anticristã em bandas de Death e Black, letras de ficção cientifica e etc. O que interessa é que se escrevam boas e interessantes letras, seja de que tema for. No meu caso, tenho um grande coleção de velhos filmes, uns 2000 VHS e uns 600 DVD’s. Eu gosto de uma boa história.

RU – Por que as bandas italianas não escrevem sobre o Império Romano e meu xará, o imperador Júlio César? Além de seu pais ter esse background, é um tema fantástico e me parece que a única banda italiana que o fez foi o White Skull.
Enrico Paoli – Nos anos 80 existia uma banda de Roma, Astaroth, que o fazia, seus componentes se vestiam como os centuriões romanos. Eles eram da Rave On Records, que lançou na Itália o primeiro EP do Mercyful Fate. É verdade, não há bandas nossas falando neste tema como se deveria. Eu não sei, talvez por nos sentirmos ainda na época do Império, vendo nossos políticos, e eles não inspiram ninguém! Pessoalmente, eu me inspiro mais em mitologia grega e nórdica. Inspiração não é uma coisa que você pode comandar.

RU – O Domine sempre teve longas faixas e longos títulos, com muitos sub-títulos dentre as mesmas. Por que isto?
Enrico Paoli – Porque nós colocamos várias idéias em apenas uma faixa e porque nós não tocamos canções Pop, como muitas bandas de Power Metal estão fazendo. Nós estamos mais dentro do Heavy Metal oitentista do Hard Rock e do Prog Rock, não Prog Metal, dos anos 70, como Yes, Genesis, Gentle Giant e Jethro Tull. Estas bandas costumavam tocar longas “suítes” com vários sub-títulos, com muitas mudanças dentro de uma mesma música, e todas elas criativas.

RU – O que é aquele símbolo presente na contra-capa do Stormbringer Ruler, presente também no Dragonlord?
Enrico Paoli – Você percebeu na capa do Stormbringer, atrás do Elric? Aquilo é o símbolo para o “Chãos” (a estrela com várias lanças em várias direções) e também há a “Lei” (uma simples lança apontando em uma direção apenas). Ali, há uma batalha final entre o Chaos (que simboliza o Mal, mas também a criatividade, a arte e o destino) e a Lei (que simboliza o Bem, a ordem e a honestidade, mas também solidez e uma parte da mente). São símbolos clássicos utilizados por muitos artistas.

RU – Você, Morby e seu irmão Riccardo são os donos do Domine, como Alex e Luca Turilli do Rhapsody?
Enrico Paoli – Não, nós somos os mais antigos na banda mas todos nós cinco temos idéias e participamos de tudo. Eu sou o escritor e detentor de todos os direitos das músicas, mas eu os divido com os outros membros da banda. Este line-up está junto desde setembro de 99 e estamos felizes com isso.

RU – O Morby está cantando em outro banda e também no Time Machine ainda?
Enrico Paoli – Não, ele é 100% do Domine desde 98 e, para mim, ele é o maior vocalista da Itália. Eu tenho um grande respeito por Fabio Lione e Rob Tyrant, que são grandes vocalistas. Ele gravou dois discos com o Sabotage, que já havia lhe falado, e além do Time Machine, ele cantou no Airspeed, Rio Bravo, La Rox e fez uma tour com o Labÿrinth.

RU – Os três discos do Domine são similares. Você vê alguma diferença entre eles?
Enrico Paoli – Bem, todos dizem isso, mas eu vejo uma evolução entre os três. Em Champion Eternal era o fim de um processo de quatro demos. As músicas foram escritas em um longo período, entre 86 e 94 passou por várias formações. Quisemos aproveitar as canções com a voz de Morby e vendemos bem. Dragonlord já tinha mais elementos épicos e dinâmicos, com uma produção melhor. Já Stormbringer Ruler é uma evolução natural de Dragonlord, é mais forte e feito por uma formação mais forte também.

RU – Há vocais femininos em The Ride Of The Valkyries. Este seria um novo caminho para o Domine?
Enrico Paoli – Eu gosto de vocais femininos. Nossa companheira de selo, Beholder, tem uma boa vocalista, Leanan Shide e também no cantor Patrick, ambos da mesma banda. Convidamos os dois e fizeram um bom trabalho e espero poder contar com eles no próximo álbum, pois Leanan tem um estilo Celta de cantar.

RU – O que você achou da Copa do Mundo deste ano?
Enrico Paoli – Bem, eu não sou muito fã de futebol, mas por aqui as pessoas ficaram indignadas com o erros de arbitragem e gols anulados da Itália na Copa. Eu só vi a final entre Brasil e Alemanha e todos nós torcemos pelo Brasil, pois sua postura e estilo tem mais a ver com o da Itália do que o da Alemanha. Mas nós não ligamos muito por serem os jogadores milionários. Mas talvez diríamos a mesma coisa dos Rock Stars...