AGENDA
BANDAS
ENTREVISTAS
CDS
DVDS
DEMOS
LIVROS
SHOWS
MATÉRIAS
PROMOÇÕES
LINKS
CONTATOS

HELLISHTHRONE

Acenda uma Vela para os Mortos... e um Tocha para queimar os corpos... dos falsos!


Entrevista:
Júlio César Bocáter. Foto: divulgação.
RU – Como é a primeira entrevista da banda para a ROCK UNDERGROUND, conte-nos como a banda foi formada.

Khaos666: A banda foi formada em janeiro de 2002, após um grande período sem tocar em banda e cansados de trabalhar de uma forma convencional com muitos integrantes, resolvemos entrar em estúdio para compor e gravar algumas idéias sem qualquer compromisso. Sete horas depois estavam gravados todas as baterias e guitarras do debut The Book Of War - Tales Of Forthcoming Battles For The Throne. Na semana seguinte gravamos os overdubs, baixos e vocais, mixamos e masterizamos, o que para nós era apenas uma demo do que gostaríamos de fazer, e começamos a divulgar o material apenas entre amigos e conhecidos que insistiam em dizer que o material era muito interessante e deveria ser levado a sério. Resolvemos então enviar algumas cópias em CDR para algumas revistas e selos e tivemos uma aceitação muito grande por parte da imprensa especializada e algumas propostas para o lançamento do material.

RU – O conceito do HELLISHTHRONE sempre foi baseado em vocês dois? Caso um dia, um de vocês resolva “sair”, a banda acaba, ou continuaria com o outro membro?
Khaos666: Sim, desde o começo nós sempre quisemos trabalhar como um dueto. Tivemos várias experiências com formações tradicionais de banda e sabemos como é exaustivo trabalhar com um número grande de pessoas. Apesar do aumento de responsabilidade e trabalho, ganhamos muito em objetividade e eficiência trabalhando dessa forma. Eu não acredito que um dia alguém queira deixar a banda, e caso aconteça eu duvido que algum de nós encontre alguém com a mesma cumplicidade musical para levar o projeto adiante. Temos muitos planos para o futuro da banda, e sei que podemos nos adaptar a novas realidades, mas a estrutura fundamental para realização desses planos dependem da colaboração das duas mentes envolvidas.

RU – No Black Metal é muito comum ter one-man-band e duos (ou two-men-band). Creio que isso ocorra com mais intensidade no Black Metal. A que você acha que se deva isso? Seria pela personalidade difícil geralmente dos envolvidos, ou com menos pessoas, se tem mais liberdade de realmente fazer o que quiser, coisa que numa banda com cinco integrantes, por exemplo, a banda acaba tendo a contribuição de cada um dos cinco, e etc?
Khaos666: No nosso caso eu acredito que funcione bem graças a uma total compatibilidade musical. É impossível juntar em uma mesma banda 5 pessoas que tenham o mesmo comprometimento. Encontramos uma fórmula de trabalho que funciona muito bem com apenas 2 pessoas onde não existe nenhum problema de ego ou incompatibilidade de gênio. Eu não sou uma pessoa muito fácil de trabalhar. Eu espero sempre que quem se dispõe a trabalhar comigo esteja disposto a se dedicar e se empenhar com a mesma intensidade que eu me dedico. Nós temos funções e responsabilidades bem definidas na banda, isso sem dúvida diminui a possibilidade de alguma insatisfação ou atrito.


RU – No meu entender, o Black Metal é o estilo com mais ramificações de todos os estilos musicais, não só dentro do Metal e do Rock, mas da música como um todo! Vários estilos como o Black 80’s, o Black escandinavo, o norueguês, o Retroblack, além do Depressive, Doom Black, Death Black, Atmospheric, Epic, Pagan, Viking, Raw, War, Black Metal Rock, e até outras ramificações flertando com o Ambient, o Dark Metal e outras que nem são consideradas Black Metal para muitos da cena, como o Sinfônico e o Melódico. Quando vocês montaram o HELLISHTHRONE, vocês queriam seguir uma vertentes destas, ou queriam tentar fazer algo diferente?
Khaos666: Nós não gostamos de traçar limites para o que vamos fazer. Acredito que fica bastante evidente que nossas influências básicas são do Black Metal clássico, o que não nos impede de trazer outras influências, até mesmo de fora do Metal para nossa música. Isso não quer dizer que um dia nós faremos um disco de Black Metal sinfônico ou algo assim, mas nada nos impede de adicionar elementos à música que acreditamos que possa enriquecer seu conteúdo. Nós nunca imaginamos que seria possível adicionar vocais femininos no nosso trabalho, e no CD novo fizemos isso com muita naturalidade, afinal a música pedia esse elemento. Não pretendemos utilizar isso novamente, apesar de funcionar muito bem na música Rats Of Envy, não pretendemos tornar isso uma característica do Hellishthrone.

RU – Dentro disso, muitos dizem haver uma escola brasileira de Black Metal. Não só o fato de muitas bandas do Brasil tocarem o estilo, mas que assim como o norueguês, o sueco, o norte-americano e o grego, o Black Metal brasileiro tem um estilo próprio. Você concorda com isso e se enquadra nisso, visto que muitas bandas daqui (e até de fora) têm o Sarcófago como uma grande influência?
Khaos666: Eu acho que o Black Metal nacional tem algumas características próprias sim, mas principalmente algumas limitações, e eu não acho natural existir limitações em qualquer forma de arte. Apesar de eu gostar muito de Sarcófago eu não vejo nenhum tipo de influência direta de Sarcófago no nosso som. Muitas bandas brasileiras tendem a se “inspirar” em apenas uma banda o que resulta normalmente em uma cópia pouco eficiente da mesma. Poucas bandas brasileiras conseguem adicionar uma personalidade própria a sua musica, e muitas bandas de fora também, as que conseguem geralmente se destacam com méritos.

RU – Quais são os critérios para vocês tocarem ao vivo? Vocês têm uma banda só para tocar ao vivo, ou vocês contratam músicos de acordo com a data, época e local dos shows?
Khaos666: Nós temos uma formação básica para show ao vivo, com alguns membros fixos, mas dependemos sempre da ajuda de músicos convidados ou contratados. Infelizmente tivemos problemas para fechar uma formação satisfatória este ano o que causou o cancelamento do show de abertura para o Behemoth em São Paulo. Mas estamos trabalhando para que isso não aconteça mais. Músicos capacitados interessados em tocar ao vivo com o Hellishthrone podem entrar em contato, pois estamos realmente interessados em ter uma formação fixa para shows.

RU – Eu dei uma pesquisada na internet a respeito de vocês e só achei uma entrevista para a Roadie Crew. Normalmente as bandas nacionais têm entrevistas em muitos sites. O que ocorre no caso da HELLISHTHRONE? Seria isso uma atitude da banda de não se expor muito? Ou foram os sites que não demonstraram interesse, ou ainda, a banda não têm muito interesse em entrevistas? Pois, sinceramente, há bandas muito inferiores a vocês em termos técnicos e de qualidade e que têm entrevistas em todos os sites.
Khaos666: Sinceramente eu não sei como responder essa pergunta, pelo menos sem soar prepotente. Nós estamos abertos a entrevistas e contatos de uma forma geral, mas não gostamos de mendigar por espaço na mídia, pois partimos do princípio que um trabalho de qualidade vai naturalmente gerar um interesse por parte da mídia e do público. Nós não somos uma banda polêmica, não vamos criar uma aura que não seja relacionado a música, pois é isso que somos...músicos. Existem muitas bandas com muito espaço na mídia por questões extra musicais e isso não nos interessa nem um pouco.

RU – Conte-nos um pouco sobre o debut The Book Of War - Tales Of Forthcoming Battles For The Throne. E como vocês vêem este disco hoje em dia.
Khaos666: Como eu disse anteriormente, o disco não foi planejado, ele surgiu de uma forma espontânea e foi exatamente o que deveria ser. Eu estou extremamente satisfeito com tudo que foi feito no CD, não mudaria absolutamente nada nele, a única coisa que nós não ficamos satisfeitos foi com a divulgação do mesmo, que deixou muito a desejar. Nós entendemos as limitações do selo pelo qual o CD foi lançado, sabemos das dificuldades de se fazer uma boa divulgação e distribuição no Brasil por isso não temos nenhum tipo de problema com a Demise Records, inclusive eles ainda tem o CD disponível no site para venda por um preço muito bom. Quem não teve a oportunidade de conhecer nosso primeiro CD pode comprar facilmente no site do selo, e é bom correr, pois eu não sei se existem muitas cópias disponíveis, e provavelmente não será feita uma nova prensagem por questões contratuais.

RU – Me parece que este disco não teve uma divulgação à altura da banda, tanto que não o recebemos para resenha. No entanto, a coisa parece mudar agora com o contrato de vocês com a Paranoid Records. Como vocês chegaram à Paranoid e como avaliam o trabalho da gravadora até o momento?
Khaos666: Nós chegamos a Paranoid quase que sem querer. Quando eu estava finalizando a mixagem do novo CD eu apresentei o material para alguns selos para negociar o lançamento, e eu já tinha algumas propostas na época e não estava satisfeito com o que nos foi oferecido. Eu deixei o material com o Humberto da Paranoid apenas para ele apreciar, pois ele mesmo tinha dito que não estava interessado em lançar nenhuma banda nacional. Depois de ouvir o CD (que não estava nem finalizado) muitos selos que não tinham interesse em lançar o CD, ou que queriam fazer uma “parceria” (também conhecido como “a banda paga e o selo ganha o dinheiro das vendas e não faz mais nada...”) mudaram completamente o discurso. A Paranoid foi totalmente honesta conosco e começamos a conversar os termos do contrato. A confiança que temos hoje na Paranoid e a credibilidade que temos com eles fez com que nós sequer assinássemos um contrato e tudo hoje é feito a base do contrato verbal. A Paranoid esta fazendo tudo aquilo que foi combinado e algumas coisas a mais, o que nos deixa completamente seguros de que fizemos a escolha certa. Esperamos que esse relacionamento continue por muitos anos e muitos discos pois encontramos profissionais qualificados que entendem de Metal extremo como poucos e sabem como uma banda deve ser trabalhada.

RU – Comente sobre Light A Candle For The Dead… And A Torch To Burn Their Corpses. (Nota do E: Prefiro que a própria banda fale do que eu ficar perguntando faixa por faixa que parece com tal banda ou tal música do primeiro disco, etc... Falem a vontade!)
Khaos666: O CD começa com a música Through Everlasting War, que foi uma das últimas músicas a entrar no CD, mas foi a primeira a ser composta. Na verdade essa música foi feita para uma outra banda que eu tocava antes de montar o Hellishthrone e que realmente não combinava nada com a sonoridade que buscávamos na época. Quando estávamos compondo o CD, eu encontrei uma fita K7 com o riff principal dessa música e concordamos em trabalhar esses riffs de guitarra para colocar no CD e gostamos muito do resultado, tanto que entrou como a primeira música do disco, da para ter uma boa primeira impressão do que é o álbum. Na seqüência temos a música For Those I am Not que mostra uma característica muito presente no CD, riffs lentos e cadenciados. È uma música que se mantém lenta o tempo todo, aproveitando bem o peso do tema principal, talvez seja a música de mais fácil absorção do CD, a mais direta. Tears Of Blood foi composta logo após a gravação do primeiro CD e sem dúvida é a música que mais se parece com o primeiro disco, poderia até estar no primeiro CD e segue bem as principais características da banda que é mesclar partes rápidas com partes lentas e riffs mid-tempo que são influências óbvias do Black Metal feito nos anos 80 e um final climático que prepara o clima desesperador da faixa seguinte Everything Is Vanity a música mais lenta do CD, com muitos climas de guitarra e muitos overdubs e uma atmosfera desesperadora, beirando o Doom Metal que muda completamente no meio da música, quando assume uma postura agressiva e direta até o final, crua e ríspida como o Black Metal deve ser. Rats Of Envy é minha música favorita do CD, e a mais longa também. Desde o início com passagens acústicas e climas bem variados, temas épicos e muito peso no clima que precede o final da música com uma parte quase progressiva com uma linha de vocal feminino que foge um pouco da característica do nosso som, mas se encaixou perfeitamente na proposta da música. Only For Wrath mostra o nosso lado mais extremo até hoje, onde buscamos além de velocidade muita intensidade o que faz da musica um diferencial do restante do disco. O CD termina com uma faixa climática, somente guitarras e efeitos em uma atmosfera mais melancólica mais uma vez uma referência ao primeiro CD que também conta com uma faixa instrumental com apenas guitarra violão e efeitos. Ficamos muito satisfeitos com o resultado. Tanto em relação as composições quando com a parte de produção, tudo se encaixou perfeitamente...

RU – Fale-nos cobre o conceito gráfico, tão importante em discos de Metal e ainda mais no Extreme Metal.
Khaos666: A parte gráfica sempre foi de extrema importância no Hellishthrone. Não só a arte em si, mas todo o conceito que a envolve. Existe uma aproximação muito grande da arte utilizada nos CDs com seu conceito lírico. Observar os detalhes dos encartes acompanhando as letras é sem dúvida um atrativo a parte dos CDs e é algo que eu acho que está um pouco esquecido ultimamente. As bandas deveriam estar mais presentes no momento em que a arte é concebida. Quando se cria um conceito visual baseado na música, ninguém melhor que a própria banda para retratar visualmente toda sua expressão musical.

RU – Os dois discos da horda têm títulos longos. Essa é uma característica da banda para todos os seus discos no futuro também?
Khaos666: Sim. Nós gostamos de títulos longos capazes de expressar uma única idéia de forma mais complexa. Os títulos não são apenas um nome, mas sim um conceito, um pensamento a ser refletido.

RU – Nessa nossa primeira entrevista é isso. Deixe uma mensagem aos nosso leitores e seus fãs (atuais e futuros) e ainda, fique a vontade para falar o que quiser que não tenha sido perguntado!
Khaos666: Gostaria de agradecer a Rock Underground pelo espaço e a todos aqueles que acompanham o Hellishthrone. Aqueles que ainda não tiveram oportunidade de ouvir nosso som é só acessar o nosso myspace (www.myspace.com/hellishthrone) ou o site da Paranoid Records (www.paranoid.com.br) e quem quiser entrar em contato com a banda (fãs, revistas, zines, bandas, etc...) é só mandar um email para hellishthrone@yahoo.com.br. Hails...