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A Dança da Morte no Brasil!

Entrevista: Júlio César Bocáter. Foto: divulgação.
Bem, mesmo quem está começando a curtir Heavy Metal agora e também conhecendo o Iron Maiden, já conhece um pouco da história da banda, pois o fã em questão algum álbum já tem e deve ter sido apresentado à banda por alguém mais velho. Então é desnecessário falar da trajetória da banda, portanto, e como nossa entrevista foi curta, tratamos apenas de falar da fase atual da banda. Apesar de ter participado da coletiva que a banda deu no Rio de Janeiro, o que se segue é uma exclusiva que conseguimos com Janick Gers. E ainda bem! Além de não publicarmos mais entrevistas coletivas na revista, esta em especial foi deplorável! Seu nível foi mais baixo que debate em véspera de eleição! Nós fomos lá só para tirar umas fotos e cumprir nossa obrigação, pois a exclusiva que batalhamos com Janick foi mil vezes mais proveitosa!

RU – Janick, vou ser direto nas perguntas, pois o tempo é escasso. Dance Of Death foi considerado por muitos, e por mim também, como o melhor disco da banda desde Seventh Son. Você concorda com isso e a que se deve essa boa repercussão?
Janick Gers – Obrigado! Bem, posso dizer que desde que estou na banda, é o melhor disco que participei. Isso se deve pôr estarmos mais entrosados ainda depois da volta de Bruce e Adrian, além de termos conseguido soar modernos e atuais, sem deixar de ser Iron Maiden. É um disco básico.

RU – Por outro lado, embora tenha muitas músicas boas, é esse lado básico que muitos criticaram o disco, mesmo quem gostou. Ou seja, todos, quem gostou ou não, concordam que o CD poderia ser melhor ainda, caso a produção não estivesse abafada.
Janick Gers –
Bem, isso é um problema dos produtores e do Steve! (risos) Brincadeira, a banda achou que essa deveria ser a produção adequada para o disco que fizemos. O disco e reflete o que somos hoje. Cada disco do Maiden representa o estágio em que a banda se encontrava no momento que o gravou. E a produção foi adequada para o tipo de disco que fizemos, ou seja, básico.

RU – Ok, mas ao vivo as músicas não soam apagadas como no disco. Por que não se usou a produção da forma que elas soam ao vivo?
Janick Gers –
Veja, todas as músicas ao vivo, não só deste disco, como de todos os outros, soam mais pesadas. Se tivéssemos feito uma produção da maneira que soaria ao vivo, iriam nos criticar que estávamos tocando centinho demais, que estava igual ao disco. Estes críticos nos criticam em tudo que fazemos. Se fizéssemos da maneira que você está falando, iria nos criticar, dizendo ao contrário!

RU – Por outro lado, apesar disso, Dance Of Death soa mais orgânico, mais vivo, resultado de vocês terem gravado o disco quase todo ao vivo no estúdio (Nota do E: gravado ao vivo no estúdio significa que a banda gravou as músicas com todos músicos tocando juntos, como se fosse num show, diferente de 99% dos casos em que gravasse primeiro a bateria, depois o baixo, depois a guitarra e depois o vocal).
Janick Gers –
Então você captou nossa intenção. Foi isso que quisemos fazer. Isso não significa que faremos sempre assim. Mas, repito, o disco retrara o que a banda era no momento. E te garanto que fizemos poucas mudanças depois que gravamos.

RU – Quanto ao set list da banda, eu sei que é difícil agradar a todos, impossível. Vocês sempre tocam muitas músicas do disco em que estão divulgando, óbvio. Isto é feito para promover o álbum novo. Só que vocês fazem turnês tocando apenas músicas antigas, como no caso do Ed Hunter Tour  e do Edward The Great ...
Janick Gers –
(Interrompendo) Acho que sei onde você quer chegar. Se você for reparar bem, ambas as turnês que tocamos músicas antigas, estávamos promovendo algo. Em uma foi o vídeo game Ed Hunter e na outra tínhamos lançado a coletânea Edward The Great e o DVD Visions Of The Beast. Ou seja, ambos contém músicas de toda a carreira da banda.

RU – Tudo bem, mas por que este tipo de turnê nunca passa no Brasil? Tenho certeza que os shows seria tão cheios como todos os que aconteceram aqui até hoje.
Janick Gers –
Acontece que este tipo de turnê como não são de lançamentos de álbuns inéditos, não são muito longas, são curtas. E sendo curtas, acabamos concentrando na Europa e Estados Unidos.

RU – Perfeito, vou tentar ser mais direto: o Iron Maiden nunca tocou Wasted Years no Brasil, e os fãs brasileiros têm o direito de escuta-la! Aliás, não só esta música, mas outras. Por isto da pergunta. É louvável que a banda promova seu disco novo, mas o Brasil é um lugar em que vocês não tocam toda hora, como na Europa e Estados Unidos. Deveria ser ao contrário, vocês tocarem mais músicas antigas aqui do que lá, pois no hemisfério norte as pessoas já viram dezenas de vezes músicas que nunca foram tocadas aqui. Parece que a banda vem aqui no Brasil apenas para promover os álbuns e só, fazem o mesmo set list da tour. Nunca foi feito nada especial para os brasileiros. Muitas bandas quando tocam no Brasil, justamente por tocarem escassamente, elas fazem um set especial para o Brasil, com músicas que nunca tinham sido tocadas ainda. Janick, desculpe pela insistência, mas esse é um fato que todos comentam, mas nunca ninguém pergunta.
Janick Gers –
Entendo o que você quer dizer, mas nem sempre tudo é do jeito que a gente gostaria. Infelizmente, a distância proporciona isso. Então, quando vamos ao Brasil, gastamos muito dinheiro com transporte e demais coisas pela distancia, para trazer nosso show completo. Então, já que vamos levar o show completo da tour, temos que fazer a tour completa também! Não teria significado montar um palco todo inspirado no Dance Of Death e tocar apenas duas músicas. E como gastamos muito, temos que compensar divulgando o disco novo, para que ele venda o mais que puder, para compensar os gastos e para que possamos vir outras vezes.

RU – Quanto a esse lado empresarial, há alguma pressão da gravadora?
Janick Gers –
Eu posso te responder da seguinte maneira: se houvesse pressão, você acha que ainda faríamos o que fazemos? Claro que não!

RU – Bem, quanto a isso, apesar dessa ressalva, ao menos vocês vem ao Brasil na turnê de todos os discos desde o Fear Of The Dark. Diferente de bandas como Metallica, que fazem shows burocráticos, não vem em todas as tours e cancelam shows sem nenhuma explicativa.
Janick Gers –
Sim. (risos)

RU – Há um outro fato delicado que gostaria de saber de você. A formação clássica da banda é aquela com Bruce, Steve, Adrian, Dave e Nick, que atuou desde o Piece Of Mind até o Seventh Son. De vez em quando surgem alguns rumores de que, com a sua saída, esta formação estaria de volta. Como você se sente com essa situação e isso te incomoda?
Janick Gers –
Eu simplesmente sei o valor que tenho para a banda. Se eu não fosse importante, não estaria aqui por tantos anos. Tirando Dave Murray, eu sou o guitarrista que mais tempo está na banda.