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Os Fantoches Estão A Solta!

Entrevista: Júlio César Bocáter.
Fotos: Júlio César Bocáter (da passagem de King Diamond com o Mercyful Fate numa sexta-feira 13 de agosto, dois dias depois de 11/08/99, quando segundo Nostradamus, o mundo acabaria).

O dinamarquês King Diamond é uma das lendas e dos responsáveis pelo Heavy Metal ser e estar onde está. King passou pelo Black Rose no começo de carreira, depois pelo Mercyful Fate, banda que criou o Metal Satânico, e depois sua própria banda, a King Diamond band. Sua vasta discografia possui uma das maiores médias em qualidade, e sua cabeça não para de produzir contos de horror fantásticos! Suas histórias fizeram e balançaram a cabeça de milhares de bangers nestes últimos vinte anos! De disco novo na praça, King Diamond lança The Puppet Master, mais uma de suas macabras criações! Confira mais nesta tétrica entrevista!

King, vamos começar pelo seu mais recente disco, The Puppet Master. Fale sobre seu conceito e sua origem, já que desta vez, contamos com uma história inusitada.
King Diamond – Bem, quem quiser realmente saber da história terá que comprar o disco. (risos) Mas posso adiantar do que se trata The Puppet Máster. A história de passa no final da Idade Média, começo da Idade Moderna, no século 18 em Budapeste, na Hungria. Há um show de fantoches e várias coisas estranhas começam a acontecer, e chega-se a conclusão que isto se deve aos fantasmas dos fantoches. Basicamente é isso, no CD você pode sentir a trama dos acontecimentos, num verdadeiro conto de horror e suspense.

O que te levou a escreve sobre fantoches e envolve-los em acontecimentos malignos?
King Diamond –
Sempre gostei do assunto e pensei “por que não fazer alguma história sobre isso?” e fiz. Dentro do terror, há vários ícones, como monstros, fantasmas, demônios, vampiros, bruxas e outras coisas, então é legal você variar e levar o terror para outros lugares. Isto amplia a imaginação das pessoas e leva o medo a lugares onde as pessoas menos imaginavam. Nada ficará impune!

RU – Realmente. Você já escreveu histórias sobre acontecimentos macabros em igrejas em House Of God, dentro da Inquisição em The Eye, com aranhas em The Spider’s Lullabye. Os álbuns de menos repercussão foram justamente estes. Ainda vale a pena insistir nisso, já que, falando sobre assuntos mais tradicionais no tema terror, além de ser mais direto, as pessoas entendem mais fácil, e os álbuns são mais bem sucedidos?
King Diamond –
Bem, essa é a diferença principal entre a King Diamond band e o Mercyful Fate. O Mercyful Fate é mais seco e direto, uma banda de Heavy tradicional. Apesar dos temas serem satânicos também, a forma de fazer os temas é mais direta. Um som cru pede um tema simples e vice-versa. E esta é a liberdade que tenho com minha banda, pois sou livre para escrever o que quiser e não ficar preso a nada.

(Interrompendo) Seria por isso que, mesmo com a volta do Mercyful Fate em 93, com o álbum In The Shadows, você continuou com a King Diamond band?
King Diamond –
Também. Com minha banda me desenvolvi e não quis parar com essa evolução. Na minha banda, quem resolve as coisas são apenas eu e o Andy LaRocque, mais eu do que ele. Já no Mercyful Fate a banda sou eu e o Hank Shermann e era o Michael Denner. Então, tinha que ser um consenso entre os três. E discordo do que você disse sobre estes três discos (House Of God,, The Spider’s Lullabye e The Eye) serem menos bem sucedidos que os demais. Se houve algo nesse sentido, não foram pelas histórias, mas sim, pelas suas gravadoras não terem trabalhado bem eles. No The Eye, ainda estávamos na Roadrunner e a gravadora não fez nada por ele, nem turnê fizemos direito para promove-lo, e mesmo assim, muitos fãs têm ele entre seus favoritos. Em The Spider’s Lullabye era o primeiro álbum da minha banda na Metal Blade e o primeiro depois da volta do Mercyful Fate. Isso era uma novidade e muita gente não entendeu e não estava preparado para isso, inclusive nós.

O editor da ROCK UNDERGROUND é seu fã, o cita como artista que mais gosta. Quando debatemos sobre a pauta, ele também discorda disso, apenas gostando menos do The Spider’s Lullabye. Talvez por ele ser mais fã de King Diamond que do Mercyful Fate.
King Diamond –
E você parece gostar mais de Mercyful Fate que de King Diamond! (risos)

Isso mesmo! (risos) Apesar da entrevista sobre o disco novo do King Diamond, é impossível não falar com você sobre o “Mercy”. Quando você saiu da banda, em 84, sua banda solo foi uma continuação, uma evolução do Mercyful Fate. Quando a banda voltou, parece que ela perdeu o sentido. Você concorda?
King Diamond –
(pausa) Bem, nós voltamos porque nossos fãs pediram, houve um clamor por isso. As pessoas sentiam falta das músicas do Mercyful Fate, já que nos shows do King Diamond, elas apareciam cada vez menos, pois a cada álbum que eu lançava com a King Diamond band, eu tinha um repertório cada vez maior e sobrava menos espaço para as do Mercyful Fate. Nós voltamos porque tivemos pedidos e suporte para isso, contrato com gravadora, empresário e etc. E as pessoas queriam ouvir músicas novas da banda também!

Com certeza, mas será que aquela pausa de 10 anos não acabou prejudicando? Digo isso, porque vi shows do Mercyful Fate nas turnês do Time, do Into The Unknow, do Dead Again e do 9 e vocês tocavam mais músicas dos primeiros discos do que dos que vocês estavam promovendo, chegando ao ponto na turnê do 9, vocês tocarem apenas duas faixas do 9 e todas as outras do Melissa  e do Don’t Break The Oath e nenhuma dos In The Shadows, Time, do Into The Unknow, do Dead Again.
King Diamond –
Bem, nós demos que dar o que o público gosta. Você que é mais fã de Mercyful Fate, você gosta mais dos discos da primeira fase ou da segunda?


Sinceramente, os que mais gosto são do Melissa  e do Don’t Break The Oath mesmo, apesar de gostar dos outros também.
King Diamond –
Então, você entendeu agora? (risos) Não podemos fazer nada. Já os fãs de King Diamond, ou quando estão fãs de King Diamond, gostam muito mais dos discos novos, eles vem aos shows e escutar os discos com a mente aberta. O fato de os shows da King Diamond band serem mais teatrais, chama mais a atenção e ajuda às pessoas a gostarem mais dos discos novos.

O editor da ROCK UNDERGROUND, apesar de mais fã de King Diamond, também gosta muito do Mercyful Fate e os que ele mais gosta são In The Shadows, Time e Into The Unknow, junto com os dois primeiros, mas o Dead Again  e o 9 não lhe agradam. Cito isso para você entender como os fãs podem reagir.
King Diamond –
Talvez seja natural, pelo fato de quando fizemos In The Shadows e Time, a minha banda parou por um tempo, por motivo de tempo e de ver o que acontecia. Confesso que nem tudo aconteceu da forma que esperávamos. Nos que vieram depois, eu tinha voltado a compor com minha banda, então o tempo e a atenção ficaram divididos.

Depois da volta do Mercyful Fate, a banda lançou cinco discos, enquanto a King Diamond band lançou sete, com The Puppet Master. Já vai fazer cinco anos que o Mercyful Fate não lança disco, enquanto a produção da King Diamond band lança um disco a cada 2 anos no mínimo. A King Diamond continua na mesma gravadora, a Metal Blade, enquanto o Mercyful Fate saiu da gravadora. Você admite que dá muito mais atenção para sua banda que o Mercyful Fate.
King Diamond –
Bem, a King Diamond band é a minha banda, onde participo com 70% das coisas e Andy, os outros 30%. Já no Mercyful Fate há mais pessoas envolvidas. Mas admito que as coisas com o Mercyful Fate estão um pouco difíceis. É tudo o que tenho a dizer.

Voltando apenas ao King Diamond, sua banda já passou por várias formações. Esta que você está agora é quase uma seleção, e gravou dois discos, Abigail II – The Revenge e agora The Puppet Master. Você considera que a formação que gravou os anteriores Voodoo e House Of God não era tão boa?
King Diamond –
Nunca eu faria um disco que não tivesse qualidade e nunca tocaria com um músico que não fosse bom. Acontece que quando fiz a segunda parte de Abigail, sabia que teria um grande trabalho pela frente, visto a complexidade das músicas e trazer isso para os palcos. E reformulei a banda sim, já que Hal Patino (B) tocou comigo em Them e Conspiracy, dois dos discos mais difíceis que já fizemos. Então, sabia de sua capacidade. Mike Wead substituiu ninguém menos que Michael Denner no Mercyful Fate! Então, dispensa comentários! E Matt Thompson, tem o estilo e o jeito de Mikkey Dee!

Você costuma encontrar o Mikkey Dee? Você tem alguma mágoa dele ter saído de sua banda e ter ido para o Motörhead?
King Diamond –
É uma pena, pois no Motörhead ele não pode mostrar o que ele sabe fazer de melhor, pois o som é mais básico e sem virtuose. Não tenho mágoas, pois ele é um músico, e os grandes músicos que tem que aproveitar as oportunidades que aparecem. Ele deve ganhar bem mais dinheiro agora! (risos)

Suas passagens no Brasil foram marcantes. Em 96, você tocou no Monsters Of Rock com o King Diamond e com o Mercyful Fate e fez uma mini-turnê no Brasil com as duas bandas, em shows históricos e memoráveis. Em 98, você veio só com o Mercyful Fate e nessa viagem, passando pelo nordeste, você comeu camarão e passou mal. Em 99, de novo com o “Mercy”, vocês fizeram um show surreal em São Paulo: o show foi numa sexta-feira 13 de agosto, dois dias depois do mundo ter acabado segundo Nostradamus. E naquele dia, até as 18 horas, os termômetros na cidade marcavam 32o e no final seu show, caiu para 4o! quais suas lembranças do Brasil?
King Diamond –
As melhores possíveis. Em 96, foi demais, fizemos a turnê com as duas bandas em shows históricos. Uma pena termos tocado às 2 da tarde, com aquele Sol forte, a noite seria muito mais legal, mas o que importa é a música, ela deve falar por si só. Na outra fiquei mal mesmo, tem certos tipos de comida que não me adapto, não estou acostumado. Foi uma turnê bem abrangente. Já em 99, voltamos para divulgar o 9 e estes fatos que você citou, nós comentamos na banda. Muitos acontecimentos cabalísticos de uma vez só! Para terminar, quero ressaltar que estou ansioso para voltar ao Brasil, mas com a King Diamond band. E não quero fazer como em 96, só vir com a banda, mas com alguma produção do que faço na Europa. Meus fãs no Brasil merecem isso. Stay Heavy!