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KING DIAMOND
The Complete Roadrunner Collection 1986-1990
Warner – nac.
Tudo tem o lado bom e o lado ruim. Os dias de hoje estão difíceis para o mercado fonográfico, como todos sabem. A venda de discos diminuiu vertiginosamente desde 2004, embora em 2012 houvesse uma pequena oscilação positiva e a expectativa para 2013 é uma pequena recuperação, o que já é esperançoso. Por outro lado, graças a este cenário temos o que você lê agora. Um dia você imaginaria King Diamond lançando discos pela Warner Music? Pois é! O que temos aqui é um box quíntuplo, que como o título diz, é o catálogo dele da época da Roadrunner. Por muito tempo, até o Sepultura entrar para o selo, o King Diamond era o grupo que mais vendia na gravadora holandesa. Hoje, em alguns lugares do mundo, inclusive no Brasil, a Roadrunner é licenciada e/ou distribuída pela major Warner Music. E chegou até nós este box, com os 5 discos em CD, em formato paper sleeve. O box é pequeno, nada a ver com aquelas caixas suntuosas lançadas nas décadas de 1990 e 2000. Mas a ideia é esta, e desta feita, o box fica com preço acessível e impulsiona a venda do catálogo antigo do artista. E vende, viu? Lembro que em janeiro de 1998, quando eu visitava a Galeria do Rock em SP com frequência a trabalho pela ROCK UNDERGROUND e conhecia e tinha amizade com vários lojistas. Neste mês, todos estavam reclamando da baixa venda de CDs, por uma crise que o país atravessava naquele momento (aliás, como quase sempre). E de todos com quem conversei, muitos deles na ativa ainda, disseram que o que salvou aquele começo de ano foram os relançamentos do KING DIAMOND e do MERCYFUL FATE que a Roadrunner do Brasil (na época a gravadora tinha escritório próprio aqui) colocou no mercado. Que estes relançamentos respondiam por metade dos CDs comercializados naquela época, levando em conta que a Roadrunner naquele momento, lançava não só discos da própria matriz, como licenciava a Metal Blade, ou seja, tudo do KD e MF foi relançado aqui, com faixas bônus, encarte caprichado e tal. Bem, quem já conhece, sabe do que se trata e quem não conhece, fica a deixa. Mas como é um relançamento e nós, da ROCK UNDERGROUD fomos visionários, na edição #15 de maio de 2000 (com Bruce Dickinson, já de volta ao Iron Maiden na capa), tínhamos uma seção chamada Collection (nome “original“ aliás, mas que muita revista grande nos copiou depois, e até hoje o fazem) onde fazíamos uma discografia comentada e, nesta edição, foi a vez do Rei Diamante. Então, falando destes discos, segue a reprodução desta matéria histórica e que ajudou, com certeza, a gravadora e a banda a ter vendido algumas centenas de cópias a mais. JCB – 10

Júlio César Bocáter
Collection
O Bruxo dos Bruxos
A seção Collection deste número trás uma das pessoas mais controversas, in­fluentes e respeitadas do Heavy Metal, fonte de 9 em cada 10 bandas do lado mais negro do estilo, Mr. KING DIAMOND. Esta matéria falará de sua carreira solo e de sua banda, sem abordar o MERCYFUL FATE (este fica para uma outra vez) e sem falar de sua vida particular, nem de sua misteriosa personalidade, ape­sar da mesma ser responsável pela imagem e pela aura da banda. Falaremos de seus discos de estúdio mais um ao vivo e uma coletânea, pois ambos foram lançados no Brasil, relançados em CD e depois numa série "Remasters" com bônus e tudo. Por isso não citaremos discos pi­ratas, singles, EP's e etc.
Depois de deixar o MERCYFUL F A TE por causa de um conflito de ego entre ele e o outro fundador, Hank Sherrnann, King resolveu montar sua própria banda. A KING DlAMOND Band foi um dos raros casos dentro do Rock em que um ex-componente tem sua carreira solo mais bem sucedida que sua ex-banda (que eu me lembre, dentro do Heavy Metal o único caso seria Ozzy Osboume e o BLACK SABBA TH, mais aí já é um lance maior e bem mais comercial).
Fatal Portrait saiu em 86 e seria o único disco não-conceitual de sua carreira, já que no MERCYFUL FATE as músicas eram diferentes entre si, embora falando das mesma coisas: satanismo, demônios, espíritos, fantasmas, monstros, acontecimentos paranormais, bruxaria, ocultismo e todo tipo de assunto relacionado ao lado negro da vida. Inclusive, o disco mais MERCYFUL FATE possível de King seria esse Fatal Portrait (até porque o guitar do MERCY Michael Denner está presente), mas já trazia algumas mudanças como um maior uso de falsetes (neste disco King usa e abusa deles, quase no álbum todo), as músicas já eram mais melódicas e o instrumental muito mais complexo. Para quem é fã, este disco é cheio de clássicos, mas vale citar as eternas The Candle (uma das faixas com vocais mais as­sustadores do Rock), The Portrait, Dressed In White (uma das mais melódicas), a épica Charon, a ótima Lurking In The Dark, a definitiva Halloween (versos como "Every night to me is Halloween", "The mo­on is full, anolher perfect day has begun", "I want, I command you to scream" fazem a alegria dos fãs), encerrando com a assombrosa Haunted. Formação: não citaremos King Diamond (V) e Andy La Rocque (G), pois ambos estão em todas forrmações. Michael Denner (G), Timi Hansen (B) e Mikkey Dee (O). Produção: King Diamond e Rune Hõyer. Bônus
no remasterizado: No Presents For The Christmas e a fantasmagórica The Lake.
Abigailé de 87 e para pelo menos metade de seus fãs o seu melhor disco (talvez eu me inclua aí). Abigail é o primeiro disco conceitual, contando sobre um demônio "abortado" em 1777. O estilo está cada vez mais distante do MERCYFUL F A TE e a temática muda um pouco na sua expressão. Os temas e a filosofia continuam, mas menos explícitos e de forma mais inteligente (apesar de King NUNCA ter usado de maneira gratuita nem vulgar suas vo­cações religiosas). Aqui estreia uma espécie de King Diamond roteirista, pois os discos pas­sam a ser como livros ou filmes de histórias de terror. Você ouve o disco, lê as letras e se imagina na história, no lugar, no clima e sentindo as mesmas sensações das personagens
(quantas pessoas já não me falaram isso ... ). Se você visse os clipes da história, ficava ainda mais "dentro" dela. Também começa o uso dos teclados com maior frequência e com efeitos (piano, órgão, cravo, cítara) não comuns no Metal. Clássi­cos? A definitiva intro Funeral, Arrival, A Mansion Of Darkness, The Family Ghost ... E paro por aqui, senão cito todas as faixas! Abigail é perfeito e significa para a carreira de King o mesmo que Powerslave, Reslless & Wild, Heaven And Hell, Back In Black e The Last In Line significam para IRON MAIDEN, ACCEPT, BLACK SABBATH, AC/DCe DIO respectivamente. Abigail é tenso, melancólico, sombrio e fúnebre, como passa sua capa. Formação: a formação não se altera. Produção: K.D. (o engenheiro de som em Fatal Portrail e Abigail, Roberto Falcao, seria produtor de muitos discos e responsável pelos teclados onde produziu). Bônus no re­masterizado: a tétrica Shrine mais A Mansion In Darkness, The Family Ghost e The Pos­session (ambas em Rough Mix).
"Them"vem em 88 consolidando a incrível marca de um disco por ano (em cinco anos, de 86 a 90 foram cinco discos de estúdio). Outra história, dessa vez menos tétrica, mas mais assustadora. Se "Them" virasse filme, seria um clássico do terror-suspense. Uma ficção em que o próprio King participa da história (mais uma inovação). Talvez o segundo melhor disco para os fãs, "Them" vem com uma casa sinistra e mal-assombrada na capa e com mais clássicos, como Welcome Home (que abre a maioria dos shows dele até hoje), a arrepiante The Invisible Guests e a ultra melódica Tea (dá para imaginar quando King canta e os espíritos vem te rodear) dão o pontapé para você entrar na história Ainda sobre “Them", Kjng mais uma vez inova e altera sua maquiagem, que até então permanecia intacta desde a metade dos tempos do MERCY. Também contribui o fato apontado por alguns críticos que sua máscara era cópia do Gene Simons na época pintada do KISS, já que ela sugere ser a de um morcego. (se estes críticos tivessem conhecido o.Ney Matogrosso do nosso SECOS & MOLHADOS veriam que o KISS não inventou nada, mas copiou o visual de nossa banda Glitter). Formação: Pete Blakk (G), no lugar de Denner e Hall Patino (B) no lugar de Tim Hansen. Produção: K.D. e Roberto Falcao. Bônus no remasteriza­do: a amedrontadora Phone Call já tinha salda em CD comum, mas não no vinil, e The lnvisible Guests e Bye Bye Missy (ambas em formato ensaio).    
Em 89 sai Conspiracy e, segundo algumas informações, deve ser a disco mais bem sucedido de sua carreira. Conspiracy vem no auge do Heavy Metal. Para manter o fascínio em sua banda e sua pessoa, King inova mais uma vez: a história de Conspiracy é a continuação da fase adulta de King de seu disco anterior, "Them" que se pas­sou com King em sua infância Este fascínio é reforçado com o fato de King na capa e o disco é o mais intenso, com uma perfeição técnica. Mas é com Sleepless Nights e seu clipe tipo filme de terror da década de 50, que King atinge o auge de sua carreira e essa música é tão importante que fecha até hoje a maioria dos shows e é seu maior clássico. Ótimas faixas também em At The Graves e "Amon" Belongs To "Them"(nessa aqui a "cobra fuma"). Formação: a mesma Produção: K.D., Roberto Falcao e La Rocque. Bônus no remasterizado: At The Gates (alternate mix) e Cremation (live show mix).
The Eye de 90 tem em sua tétrica e medieval Eye Of The Witch como clássico e nos shows até hoje King continua inovando e fascinando, pois a cada momento continua surpreendendo e se mostrando cada vez mais imprevisível. Desta vez a história não é ficção, mas verdadeira, abordando acontecimentos da Santa Inquisição. A história é ótima, o disco é um das melhores, o clima fúnebre fica latente em faixas como a quente The Trial (Chambre Ardente) e as teclados simulando som de cravo em Behind These Wails. A derradeira The Curse mostra toda a melancolia da história e quase poria ponto final nos discos clássicos de King. Problemas aconteciam, como o desentendimento com a sua gravadora, a Roadrunner, a ponto de não se fazer muitos shows de divulgação deste disco, prejudicando um maior sucesso. Mesmo assim, as fãs têm em The Eye um dos melhores discos e para muitos o último álbum digno de ser um clássico. Formação: sai Mikkey Dee que foi ga­nhar uma grana no MOTÔRHEAD e entra Snowy Shaw, que tocaria no MERCYFUL FATE mais tarde. Produção: K.D., Roberto Falcao e La Rocque. Sem bônus.


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