Inimigos de Deus!
Entrevista: Rogério Correa.
Por mais forte que se possa achar o título do novo disco do Kreator, ele não é tão forte e intenso como a sua música! Confira isso verbalizado pelo próprio Mille Petrozza, o lendário líder do grupo.
RU – Fale sobre o novo álbum, Enemy Of God.
Mile Petrozza – Enemy Of God foi gravado na Inglaterra, em julho do ano passado, e é uma mistura de nossa fase atual resgatando algo de Kreator antigo.
RU – Por que este título, Enemy Of God? Seria algo religioso ou alguma ironia?
Petrozza – É um título complexo, que pode falar de pessoas que matam em nome de Deus os inimigos de Deus. É perigoso você ser um inimog de Deus, porque Deus não fará nada, mas os terroristas sim.
RU – Violent Revolution foi o álbum que trouxe o Kreator para o topo da cena. O que você dele hoje?
Petrozza – Concordo com você e estamos muito felizes de tê-lo feito.
RU – Os álbuns anteriores à Violent Revolution foram criticados por seu experimentalismo, como o Outcast que é mais Industrial e o Endorama que é mais Gótico, e um de meus preferidos. O que você acha deles hoje também, pois são bem diferentes do que o Kreator voltou a fazer?
Petrozza – São grandes álbuns e são responsáveis por a gente estar fazendo o que fazemos hoje. Foram estes experimentalismos responsáveis pela banda continuar e estar renovada. As pessoas leigas não entendem, mas os músicos precisam muitas vezes fazer estes experimentos para poder continuarem a fazer o estilo que gostam. Eu gosto de todos os discos do Kreator, mas Endorama é um de meus preferidos.
RU – Vocês tocaram várias vezes no Brasil, o que você acha de nosso país?
Petrozza – Grande! Eu gosto muito de sua comida e de suas mulheres!
RU – Alguns anos atrás, Kreator, Destruction e Sodom, que são os três maiores nomes do Thrash alemão e talvez de toda a Europa, fizeram turnês juntos. Quando vimos fotos com você, Schimier (Destruction) e Tom Angelripper (Sodom) juntos, todos nós piramos! Fale sobre este histórico momento.
Petrozza – Grande! Nós somos amigos e longa data, foi uma grande experiência e não há competição entre nós. Cada um tem seu espaço e cada um sabe de sua importância e todos nós nos respeitamos.
RU – No DVD Live Kreation, a maioria das faixas foram gravadas no show de São Paulo em 2002 no DirectTv Music Hall, quando vocês tocaram com o Destruction. No entanto, em Live Kreation estas faixas são intercaladas, com algumas gravadas na Coréia do Sul. O show lá foi ao ar livre e tinha muita gente! Que lugar era aquele, algum festival em algum estádio, ou vocês estavam tocando na rua?
Petrozza – Deixe me ver... Numa praia! Isso! Era numa praia! Aquele foi um dos shows mais loucos que fizemos! A atmosfera daquele show é inexplicável! Realmente tinha muita gente, e os coreanos são mais loucos ainda! (risos) Eles fazem alguns tipos de agitação que só tem lá só! Foi demais! Os tigres asiáticos são selvagens!
RU – Em Violent Revolution vocês usaram a mesma figura de Coma Of Souls e voltaram a usar agora em Enemy Of God. Por que?
Petrozza – Porque essa virou a nossa marca, nosso mascote.
RU – Você não teme que as pessoas venham a acusar que estão tentando usar uma imagem antiga para vender mais discos? Nem que as capas do Kreator venham a ficar repetitivas com esta mesma figura, já que ela quase não muda, diferente de outras mascotes, como as do Iron Maiden e Megadeth, em que elas sempre estão mudando sua forma e o que fazem em cada capa?
Petrozza – Bem, primeiro, não nos importamos com o que falam de nós. Quando nós mudamos nossa música e nosso conceito de artwork, nos criticaram. Quando mantemos, nos criticam também, que posso fazer? Quanto a esse tipo de “animação” entre as capas, podemos pensar algo a respeito no futuro. Obrigado pela sugestão, senão chegará uma hora em que as pessoas pensarão que é o mesmo disco e não vão comprar! (risos)
|