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Música Brutal, Entrevista Brutal!


Entrevista: Júlio César Bocáter. Fotos: divulgação.

Sim meus amigos, depois que o Krisiun mudou de gravadora aqui no Brasil, agora podemos voltar a fazer resenha da banda, bem como entrevistá-la! Numa entrevista sem cortes, nem edição, falamos de tudo com Max Kolesne, o baterista sobrenatural do nosso Death Metal. Já tínhamos entrevistado outrora seus outros irmãos, Moyses Kolesne (guitarrista) e Alex Camargo (vocal e baixo). Max solta o verbo, reclama (com razão) da antiga gravadora no Brasil, fala de nossa cena, equívocos da nossa imprensa e revela como é o processo de composição da banda! Confira!

RU – Olá Max. Bom, esta entrevista vai ser meio longa, pois faz tempo que não os entrevistamos, aliás, desde quando a a Century Media fechou as portas no Brasil, não fizemos mais entrevistas com a banda. No entanto, a banda continua com a Century Media no exterior e continua com um grande trabalho de mídia. Mas aqui no Brasil, a última gravadora que lançou vocês, a Hellion, deixou a desejar, já que não tratou de forma prioritária a banda. Qual sua opinião a respeito disso?
Max Kolesne – Bom, foi por isso que não quisemos continuar com a Hellion justamente por isso. A divulgação foi muito fraca, foi muito aquém do que a gente queria e imaginava e merecia também?

RU – Sério? Então quando eu digo isso, não é cisma minha, é verdade mesmo então? Na época do AssassiNation, que foram eles que lançaram, nós não recebemos o CD e tentamos fazer entrevista com a banda, sem sucesso. Na época da CMR o Eric de Haas fazia pessoalmente o trabalho de imprensa, como o Gerard Werron (Nuclear Blast Brasil, Laser Company, Rock Brigade Records) tem feito agora. A banda era prioridade e eram pelo menos distribuídos umas 50 promos para a imprensa brasileira. Na Hellion, se 4 ou 5 lugares tiveram promos pra fazer resenha e entrevista foi muito. Você tinha conhecimento disso?
Max Kolesne – Claro que sim. A gente sentiu falta de ter dado entrevista para vocês na época, e achamos estranho, assim como outras revistas e sites. Até as maiores revistas como Rock Brigade e Roadie Crew, que foram os poucos lugares que concedemos entrevistas, foi a gente que conseguiu a entrevista e não a gravadora.

RU – Você está brincando? Até essas duas que sempre foram as maiores revistas do Brasil foi vocês que foram atrás e não a gravadora?
Max Kolesne – Isso mesmo. Como a gente é amigo e conhece as pessoas destas revistas, foi mais fácil. Mas foi a gente por nossa conta que conseguiu estas entrevistas.

RU – Posso estar errado, masa impressão que tenho, é que no exterior, o Krisiun continua crescendo, enquanto no Brasil, por causa disso, o Krisiun ficou um pouco fora de evidência.
Max Kolesne – Mas foi justamente isso que aconteceu mesmo. Por isso não quisermos mais continuar com a Hellion.

RU – Inclusive, fiquei revoltado, pois as duas maiores bandas de Metal Extremo do Brasil, e as duas em maior evidência no momento em nosso país, que são daqui, o Krisiun e o Torture Squad, nós não podemos fazer nem a resenha nem entrevistar as bandas que são do nosso próprio país!
Max Kolesne – Isso é ruim, pois as entrevistas são a comunicação que temos com nossos fãs. Falamos com eles, atravás das revistas, sites e toda a imprensa. Tem banda que não gosta de dar entrevista. Eu mesmo não gostava muito. (risos) Mas hoje entendo que elas são mais do que necessárias, além do que estou falando da minha banda, do disco que toquei e tal.

RU – Bom, a gravadora de vocês é a Century Media, lá de fora, da Alemanha. Eles que licenciam para o Brasil seus lançamentos. Como vocês chegaram no Gerard Werron, assessor da Nuclear Blast Brasil, Laser Company, Rock Brigade Records? Aliás, o disco de vocês está saindo com o selo Laser Company, correto?
Max Kolesne – Sim, isso mesmo. Southern Storm vai sair no Brasil pela Laser Company. Sim, nosso contrato é com a Century Media da Alemanha, são eles que licenciam e negociam com os selos no Brasil e no resto do mundo. Então essa parte contratual e burocrática é feita com eles. Mas nós chegamos na CMR e dissemos que não queríamos mais trabalhar com a Hellion no Brasil, mas precisávamos recomendar outra gravadora para trabalhar conosco. E a primeira pessoa que a gente quis foi o Gerard, que já queria trabalhar com a gente há muito tempo. O Gerard é foda! Ele vai a todos os shows, está sempre nas baladas, a gente sempre encontra ele, além de competente e profissional. Não poderia ter outra pessoa melhora pra trabalhar a gente aqui no Brasil. Ele conhece todo mundo, vive disse, ele respira e se alimenta do Metal. O cara sabe de todos os veículos importantes de imprensa, sabe quem é quem aqui no Brasil. Nós recomendamos ele, ele conversou com a CMR e fizeram os ajustes. Logo de cara, sentimos a diferença, pois depois de muitos anos, voltamos a fazer muitas entrevistas como não fazíamos a muito tempo! Então, isso vai ajudar na divulgação do CD e da banda também.

RU – Bem, por tudo isso, não tivemos a oportunidade de ter ouvido AssassiNation. Fale-nos sobre ele que ainda é novidade para nossos leitores. Algumas pessoas acharam este disco diferente, com mais cadencias na música. A que se deve isso?
Max Kolesne – Olha, isso é verdade, mas em partes. Há parte mais cadenciadas, mas nem tanto assim como andaram falando. Sempre primamos por fazer Death Metal Brutal e mais cru, técnico, bem tocado, mas sem tantas mudanças em nosso som.

RU – O jogo de palavras AssassiNation faz menção a palavra Nation. Teria alguma ligação com a palavra Nation que o Sepultura usou em um de seus discos, o mais bem sucedido e o melhor da fase Derrick Green? Ou seria outra coisa? Pois na central de boataria, andaram falando isso por aí, em Orkut, comunidades, fóruns e no boca-a-boca.
Max Kolesne – Não tem nada a ver. É mais um jogo de palavras mesmo.

RU – Sobre Southern Storm, estes elementos cadenciados aparecem. O Krisiun sempre pautou por ser uma banda que cada vez mais tocava cada vez de forma mais brutal, rápida e técnica. Essa mudança foi natural de direcionamento?
Max Kolesne – Na verdade, não foi proposital, mas algo bem natural. Não sentamos e falamos “vamos fazer um disco assim, desse jeito”. O disco sai. E Southern Storm saiu assim, também uma evolução do que tentamos fazer em AssassiNation.

RU – O título do disco, tempestade sulista, é uma referência ao fato da banda ser do Brasil, logo, América do Sul?
Max Kolesne – Isso mesmo, nós temos orgulho de onde viemos e queremos levar o nome do Brasil para o mundo todo e mostrar o quanto de peso e agressividade nós temos aqui em nosso país e nosso continente.
 
RU – Por que colocar um cover em Southern Storm e por que um cover do Sepultura? Acabou ficando num conceito legal, já que, como o disco se chama tempestade sulista, e a banda é do Brasil, América do Sul.
Max Kolesne – Veio a calhar fazermos uma cover do Sepultura, que é uma banda que merece todos os elogios. Eles foram os responsáveis por muito do que se tem no Brasil hoje em termos de Metal extremo. Escolhemos essa música meio que pra quebrar um gelo, no meio do disco, já que ela tem uma levada diferente.

RU – A faixa Refuse Resist faz parte do Chaos A.D. um dos maiores discos do Sepultura. Eu, particularmente, gosto mais do Beneath The Remains e do Arise, nesta ordem. O Chaos A.D. foi um disco criticado pelos mais puristase o é até hoje por ter elementos tribais, com menções brasilianistas, que serviram de base para Roots. Vocês gostam deste CD?
Max Kolesne – Olha, eu também prefiro os mais antigos, mas essa música representa uma grande fase da banda, onde eles se tornaram gigantes no mundo todo. E por ter uma levada diferente, como já te disse, foi esse o motivo da escolha.

RU – Ainda, vocês admitiriam um dia colocar estes elementos tribais em sua música? Pois nesta cover eu percebi que vocês tiraram a “batucada” e colocaram mais groove. E discordo da maioria das resenhas e entrevistas que li até agora, pois muitos disseram que vocês fizeram uma cover quase idêntica à original e não concordo. Pois justamente os elementos mais tribais vocês mudaram, você nesta parte fez a bateria mais reta, deixando pra colocar mais técnica e quebradeira nos solos e demais partes da música.
Max Kolesne – Você percebeu exatamente o que nós quisemos fazer com essa música. Ela tem um swingue, um certo groove, que respeitamos, mas do nosso jeito. Porém, não dava para fazer nesta música algo 100% Krisiun, pois ela ia ficar desfocada, se ficasse mais veloz e mais pesada.

RU – Vocês foram muito comparados com o Sepultura no começo da carreira. Afinal, são irmãos, que vieram fora do eixo Rio-SP, são brutais na música e visualmente. A maioria das bandas bem sucedidas do Brasil são formadas por irmãos, como o Sepultura, o Shaman (antigo), a banda nova de André Matos, o Dr. Sin, o Viper, o Symbols antigo, Claustrofobia, e etc. A que você acha que se deva essa característica? Falta de gente pra tocar com o mesmo objetivo ou a cumplicidade familiar funciona melhor?
Max Kolesne – Olha, acho que sim, pelo menos no nosso caso, rola um entrosamento e também, estamos juntos o tempo todo, não só quando a banda está tocando, mas sim, fora da banda. A gente se entende melhor.

RU – Também quando vocês brigam deve dar cada pau feio, três cavalos juntos... (risos)
Max Kolesne – Isso era quando éramos mais moleques. Agora estamos mais tiozinhos, então a gente amadurece (risos).

RU – Quantos anos você tem?
Max Kolesne – Eu sou o mais novo, tenho 34.

RU – Pô, eu fiz 35 estes dias!
Max Kolesne – Então estamos tiozinhos (risos). E estas brigas a gente sempre quer o melhor da banda, principalmente em cima do placo. No caso de sermos irmãos, as vezes a gente se excede. Então, se as vezes, a gente manda um se fuder, ou fala pro outro “toca essa porra direito” a gente briga na hora, mas fica ali mesmo. Não fica rancor, coisa que, se rolar isso com outra pessoa que não seja irmão, a pessoa pode se magoar. Isso é normal entre as bandas.

RU – No Sepultura, eu lembro que eles falavam que, quando um deles fica meio disperso no palco, sem agitar, se dar o gás, eles cuspiam no cara, pra ficar esperto. Ainda nas comparações com o Sepultura, você acha que poderia um dia ocorrer um racha na banda, por mulher, empresariamento, etc?
Max Kolesne – Impossível. A gente pode brigar pra caralho, mas não por estes motivos. Já estamos mais velhos e experientes. Quando rolou a treta no Sepultura, eles eram mais novos, no auge da adrenalina, da juventude, da testosterona. Tenho certeza de que se isso ocorresse hoje, eles não teriam brigado, teriam sentado e conversado, e resolvido o problema. Pois não tem jeito, sempre os dois lados têm que ceder um pouco, pra coisas continuarem em prol da banda.

RU – Apesar do grande nome que o Krisiun tem lá fora, não tenho visto ou ficado sabendo de grandes festivais que a banda tenha tocado. Há festivais que a banda tenha participado, ou é uma opção da banda não participar deles?
Max Kolesne – Olha, não é verdade. Nós temos tocado em muitos deles. Acabamos de vir de uma turnê na América do Sul onde tocamos no Paraguai, Argentina, Venezuela e tal, além de alguns shows no Brasil. Daqui a alguns dias estaremos embarcando para o Canadá, para fazermos 15 shows, só no Canadá, todos como Headliner. De lá vamos para a Europa e ficarmos tocando até o final do ano direto lá. Neste ano tocamos no Summer Breze, na Alemanha, tocamos no Hell Fist da Holanda e no maior de todos, o Hell Fest na França. Tocamos juntos com ninguém menos do que Slayer, Venom, Cavalera Conspiracy, Motörhead, Morbid Angel, Testament, Carcass, Mayhem, foi demais!

RU – Você está brincando, todas estas bandas juntas num festival só?
Max Kolesne – Sim, isso mesmo! Foi demais!

RU – Vocês chegaram a se encontrar com os irmãos Cavalera?
Max Kolesne – Infelizmente não. Inclusive, o filho da Max Cavalera...

RU – ... seu xará (risos)
Max Kolesne – Pode crer (risos). O filho do Max se chama Igor também e é o maior fã nosso. Até levamos material, camiseta, e tudo o mais, mas eles tocaram um dia depois da gente e não pudemos nos encontrar, uma pena.

RU – Pergunto, pois no Brasil virou febre ficar falando dos festivais de verão europeu e norte-americano, tipo “tal banda tocou esse ano, esse ano tal banda não tocou”.
Max Kolesne – É que a imprensa brasileira fala mais do Wacken, e tem dezenas de outros festivais além do Wacken.

RU – Sim, é uma falha grava da nossa imprensa, e nos incluímos nisso. Mas é que as vezes nem damos conta de cobrir os shows no Brasil, como está acontecendo esse ano, quanto mais acompanhar os lá de fora. Isso acaba passando a impressão de que o mundo do Metal se resume no Wacken.
Max Kolesne – Não mesmo.

RU – Quem produziu Southern Storm foi Andy Classen. Quase todos os discos do Krisiun foram produzidos por produtores gringos. Você acha que no Brasil não há produtores a altura de produzir um disco de vocês? E ainda, a banda nunca pensou em produzir seu próprio disco?
Max Kolesne – Olhá já trabalhamos com vários produtores. Nós fizemos o Conquerors Of Armageddon com o Andy Classen. Depois, o próximo, Ageless Venomous, aqui mesmo no Brasil. Quem o fez foi o canadense Pierre Rémillard. Esse cara queria por que queria produzir nosso disco. E ele produziu um monte de banda clássica canadense, como Anvil, Cryptospy, Gorguts, Annihilator. Foi legal, mas o disco ficou muito limpo. Nós já tentávamos fazer algo diferente desde aquela época, então tentamos numa produção mais limpa e não deu muito certo. É um disco que divide os fãs e os jornalistas.

RU – Eu particularmente, é o disco que menos gosto do Krisiun.
Max Kolesne – A maioria diz isso. Então, fizemos o Works Of Carnage, com o mesmo produtor, só que fizemos algo cru. Ainda rápido e brutal, mas buscando novas sonoridades.Aí veio o Bloodshed que fizemos aqui no Brasil também, com o Ciero do Da Tribo estúdio. Ficou aquele resultado bem brutal, gravamos tudo em modo analógico inclusive. Em seguida, voltamos com oAndy Classen para fazer o AssassiNation. Que tentamos fazer algumas partes cadenciadas, mas ainda rápidas, e agora lançamos o Southern Storm e estamos mutio satisfeitos. Lembrando que sempre buscamos o feeling e não a técnica. Afinal, dessa vez tivemos entre 3 e 4 meses para gravar e ensaiar para o disco. Hoje, tivemos essa condição, então deu para fazer bastante coisa.

RU – No caso, pelo o que vocês estão dizendo, agora com Southern Storm vocês conseguiram atingir a sonoridade que vocês tanto queriam, em termos de produção, produtor e de gravação.
Max Kolesne – Isso mesmo!

RU – Pois em Southern Storm vocês continuam técnicos, brutais, rápidos e agressivos. Algumas partes cadenciadas vocês mantiveram, mas bem poucas e não só isso, já que há muita alternância entre as faixas, com algumas melodias sombrias, outras com algumas dissonâncias, e tal.
Max Kolesne – Cara, você descreveu o disco. É exatamente isso mesmo! O disco saiu assim, e quisemos fazer dessa forma, mas de maneira espontânea. Saiu. Nós íamos para o estúdio e fazíamos várias jams. Nisso, saiam as músicas. As vezes, ficávamos parados 2 ou 3 dias num trecho de uma música só, mas de repente, vinha o Moyses e lançava um riff e funcionava que nem uma dinamite e as músicas saiam uma atrás da outra. É interessante.

RU – Outra diferença no estilo de compor música de vocês então. Vocês ficam meses no estúdio, tocando, compondo, ensaiando e gravando. Neste tempo, em vez de ficar buscando tecnicamente fazer cada passagem mais detalhada, mais virtuosa, mas rápida ou brutal, vocês ficam fazendo várias jams, onde espontaneamente, saem as bases de suas músicas? É isso?
Max Kolesne – Isso mesmo!

RU – Pois o que me irrita nas bandas hoje em dia, sema elas novas ou antigas, de qualquer estilo, é que eles se preocupam mais em tirar a sonoridade perfeita, deixar tal musica mais limpa, mais bem gravada, fazem um trecho perfeito e depois, quando este trecho se repete, eles colam pra ficar igual, pra ficar perfeito, e isso, acaba perdendo a espontaneidade da música. E no Death Metal, nas resenhas, a gente aqui brinca que parece uma Olimpíada, para ver quem toca mais rápido, mais alto, mais virtuoso. Muitas dessas bandas, a gente ouve a primeira faixa, na sua metade pula pra faixa 2, depois pro começo da faixa 3 e já pára por aí, pois o disco inteiro vai ser como se fosse uma música só.
Max Kolesne – Mais é verdade, já que hoje em dia, o Death Metal está cansativo, repetitivo, as bandas se esforçam para serem iguais a nós, ao Hate Eternal e etc. Nos sempre queremos fazer algo diferente, sem descaracterizar de nosso estilo. No começo de carreira, queríamos tocar mais rápido e agressivo possível. Queríamos colocar todo o ódio em forma de música e soávamos assim, mas hoje, amadurecemos, e queremos buscar mais sonoridades e nuances em nossa música.

RU – Fora que muitas gravadoras “montam” as bandas. Isso já acontecia no Hard Rock e no Heavy Melódico, mas agora até no Metal extremo. Tipo eles põe uns posers na banda, geralmente vocalista, com rosto bonitinho pra promover nas fotos pra atrair as caça-cabeludos e as capas agora tem um padrão apelativo. Muitas capas colocam desenhos ou fotos de mulheres nuas, em tom sedutor. Além destes dois fatos serem apelativos (montar bandas pela aparência e fazer capas apelativas, que mais estão para forró, funk ou esse Black music de hoje), acabaram com o barato das capas do Metal, que sempre primaram por terem desenhos épicos, satânicos, geralmente pintados em tela, capas lindas, como as do Slayer, Iron Maiden, e etc. até esse grande barato, muitas bandas não trazem mais. E o pior. Você põe pra ouvir estas bandas “montadas” e não tem nada demais.
Max Kolesne – Pois é cara, tem muita banda que não diz nada. E as gravadoras acabam apelando achando que fazendo capas deste jeito e mocinhos com caras bonitas vão vender mais. Aí estas bandas duram três anos, lançam dois discos e somem, desviando a atenção do público, confundindo o público, em que muitos acabam curtindo estes embalos, perdendo tempo e deixando de conhecer bandas reais. Isso nunca vai acontecer com a gente. Nunca nenhuma gravadora vai intervir em nossa música e nossas capas serão sempre brutais como nossa música, sem essas apelações. E nunca fomos e jamais teremos rostinhos bonitos... (risos)

RU – Como é a cena do Brasil para o Krisiun? Pois só fico sabendo de show do Krisiun em SP, capital, quando em algum festival de pequeno porte ou poucas bandas, como no último BMU em 2006, naquele que teve em 2004 com Kreator, Tristania, etc. Não há turnês nem shows como headliner para o Krisiun?
Max Kolesne – A gente faz show no Brasil todo. Mas em São Paulo, temos que ter o mínimo de estrutura, em respeito aos nossos fãs e à quem paga o ingresso. Em São Paulo hoje temos um grave problema, que todas as bandas como nós enfrente, que não é ter lugares médios para tocarmos. Ou tem casas para 6 ou 7 mil pessoas, ou para 400 pessoas apenas.

RU – No ano que vem, vai ter o Wacken Rocks Brasil, que é engraçado. Se é engraçado ter Rock In Rio em Portugal e Espanha, já que Rock In Rio vem de Rio de Janeiro, também é engraçado ver um Wacken no Brasil, já que é o nome da cidade/vilarejo onde o homônimo acontece. Alguma chance do Krisiun tocar nele? Ou não interessa para o Krisiun tocar nele, ou não interessa para os produtores? Já que tivermos o Maquinaria esse ano, duas edições do Live’n Louder, e nas duas Andre Matos esteve presente e até o Massacration na última, mas nenhuma banda de Death Metal. Aliás, os dois Live’n Louder’s foram muito mais para o público Melódico e quase nada para o Metal extremo.
Max Kolesne – Quanto ao Wacken Brasil, ainda está cedo. Mas esperamos que possa rolar, pois acho que temos capacidade de entreter as pessoas e de levar um grande público, pois é assim em todos os festivais que tocamos no mundo todo. Por que no Brasil não seria diferente?

RU – Bem, muitas pessoas, jornalistas e revistas elogiam o Wacken, dizendo que tratam a imprensa com respeito, com área reservada, que credenciam 2 mil profissionais do mundo todo. Eles elogiam isso, mas quando ELES é que vão fazer um festival, como já fizeram no passado, fazem exatamente o contrário do que eles elogiam no Wacken. Elogiam que o Wacken credencia o mundo todo, mas eles mesmos ficam com restrições a credenciamento, impondo que se divulgue de graça o festival em troca de uma única e miserável credencial.
Max Kolesne – Infelizmente, há uma diferença muito grande nos promotores brasileiros com os promotores europeus e do resto do mundo. Por isso, acabamos não fazendo tantos shows grandes nos grandes centros como SP. Temos que ter o mínimo de condições para tocar, seja num festival, seja como headliner.

RU – Por falar nisso também, qualquer banda extrema, quando toca no Brasil, acaba virando um festival, com uma dúzia de bandas nacionais abrindo, muitas delas de qualidade discutível e quase todas, pagando para tocar. Será por isso que vocês nunca tocam neste tipo de festival?
Max Kolesne – Cara, as vezes a gente enfrenta este tipo de situação difícil, com promotores, falta de casas para tocar e as vezes equipamento descente. Mas vamos tentado e pode esperar que em 2009, vamos fazer um show devastador em São Paulo. Aliás, você leitor da ROCK UNDERGROUND, é um prazer poder falar com vocês de novo, coisa que praticamente não pudemos fazer nestes últimos dois anos. Quero dar um aviso pra vocês. Estamos lançando disco novo, que está bem fudido, e fica esperto, pois quando menos você esperar, estaremos tocando aí na sua cidade!