O Legítimo Black Metal feito no Brasil!
Entrevista: Júlio César Bocater. Fotos: divulgação.
A horda Ocultan é uma das maiores dentro do Black Metal brasileiro de todos os tempos. A banda é verdadeiramente ideológica, conceitual, utilizando de uma temática pioneira e que me conste, exclusiva até hoje. Confira essa longa e primeira entrevista concedida para nós, falando sobre sua carreira desde o começo, várias mudanças de formação, um breve relato de toda a sua discografia e claro, a dupla C. Imperium e Lady Of Bloody falam do magnânimo novo artefato lançado, Atombe Unkuluntu.
RU – Como é a primeira entrevista da banda com a ROCK UNDERGROUND, fale sobre os primórdios da banda, como foi formada.
C. Imperium – O Ocultan foi formado no ano de 1994, por mim e Cerberus. Após várias tentativas e participações em outras bandas como Ossuary (1989), Luciferi (1992) e Sempternus (1993) resolvemos formar o Ocultan. Na época a banda ainda não possuía sua identidade própria, tínhamos fortes influências de bandas como Gorgoroth, Darkthrone, entre outras bandas da época. No início de 1995 Lord Fausto passou a fazer parte da banda, e em 1996 lançamos nossa primeira demo intitulada Eternus Malus. Nesse mesmo ano lançamos nossa segunda demo Intitulada Regnus ad Exus. Logo após o lançamento dessa segunda demo, Cerberus deixou a banda alegando estar passando por alguns problemas particulares.Em seu lugar entrou Dom Junior, e com essa formação a banda seguiu a diante até o lançamento do debut Bellicus Profanus lançado em 1999 pelo selo Evil Horde Records. Para maiores informações sobre a banda, convido todos à acessar nosso site www.ocultan.com, lá poderão ter acesso à toda a trajetória da banda, desde seus primórdios até os dias atuais.
RU – A banda sempre teve muitas mudanças na formação. Acredito que cada mudança tenha seu motivo particular. Mas por que elas são constantes?
C. Imperium – Acho que as pessoas têm todo o direito de optar por aquilo que acham o melhor para si. Já tivemos casos de pessoas que saíram da banda porque tinham outras prioridades como trabalho ou estudo. Só que a maioria das baixas que tivemos foram devido as pessoas mudarem de opinião com o passar dos anos, e acabaram mostrando quem realmente sempre foram.
RU – É difícil manter uma formação estável tocando Black Metal, ainda mais no Brasil?
Lady Of Blood – Isso é relativo, tudo depende das pessoas que estão envolvidas, se você encontrar as pessoas certas, que levam todos os aspectos importantes (profissionalismo, dedicação e ideais) à sério, não é difícil. No entanto, na prática muitas vezes é diferente, você pode tocar com alguém que leva o ideal da banda à sério, mas não se dedica. Ou tocar com alguém dedicado, porém modista. Somos um exemplo, houveram muitas alterações na formação do Ocultan no decorrer dos anos, essas mudanças ocorreram devido à ausência de algum aspecto que citei acima. Uns não se dedicavam, outros não eram profissionais, e na última mudança de formação, a pessoa que se desligou da banda, mostrou sua verdadeira face depois de quase 4 anos.
RU – A banda começou cantando em português, acredito que com o objetivo de passar a mensagem para nosso público, seria isso?
Lady Of Blood – Não somente por isso, mas por ser nosso idioma e porque o Males Maleficarum tinha dificuldades com a pronúncia inglesa. De qualquer forma, além do português soar bem na música se for bem encaixado, é claro que também cantar em nosso idioma é uma forma de transmitir nossa mensagem de forma mais clara ao público daqui, já que muitos dos brasileiros não têm fluência na língua inglesa! Nos dois últimos álbuns antes do Atombe Unkuluntu, o inglês prevaleceu, no Profanation, todas as músicas são em inglês e no Regnum, gravamos somente uma música em português. Já no Atombe Unkuluntu dividimos os dois idiomas, porém para ambas as línguas há tradução no encarte do CD para que tanto o público nacional quanto o internacional, possa entender nossa mensagem!
RU – A mudança para escrever letras em inglês, se deve ao fato de poder fazer a banda ser entendida no exterior e levar sua mensagem para os fãs do mundo todo, ou ao fato de ser uma língua mais propícia para o estilo?
Lady Of Blood – Tanto o português quanto o inglês caem bem no estilo, no passado queríamos escrever algumas letras em inglês, pelo menos uma ou duas por CD, mas o vocalista da época não tinha uma pronúncia boa, então mantivemos a banda 100% português, depois que o Daimoth entrou, resolvemos cantar as músicas em inglês, não somente para transmitir melhor nossos ideais para fora do Brasil, mas porque queríamos inovar, soou bem na música, mas analisando hoje, a banda perdeu um pouco daquela essência de antes, no encarte do CD não houve espaço para colocar as letras traduzidas para o português, de qualquer forma o público daqui entendeu nossa mensagem, apesar de alguns fãs terem sentido falta do português, mas o álbum foi bem aceito!
RU – Independente da banda cantar em português e inglês, o que você acha do Metal feito nestas duas línguas?
Lady Of Blood – Se ambos forem bem executados, são excelentes. Na década de 80, o idioma inglês sempre prevaleceu, quando chegou a década de 90, começaram surgir bandas cantando em seus idiomas, português, norueguês, finlandês, alemão... E por aí vai, isso quebrou aquele tabu de que Metal tem que ser em inglês, considero de grande valor e respeito bandas que cantam em seus idiomas, pois é uma forma de valorizar suas raízes e seu país!
RU – Qual o significado para o título do disco e que língua é esta?
C. Imperium – Atombe Unkuluntu traduzido para o português significa Obscura Soberania. Tanto o nome do álbum quanto algumas frases são pronunciadas em kimbundo, língua que foi criada para facilitar a comunicação entre as tribos pertencentes ao Reino de Angola / Congo e Moçambique.
RU – A capa de Atombe Unkuluntu é uma das mais assustadoras do estilo. Qual o significado para ela?
C. Imperium – A capa de Atombe Unkuluntu é uma representação dos antigos cultos de feitiçaria banta, que eram praticados através de rituais, que tinha como foco principal a invocação das almas de seus ancestrais, que eram chamados de Tátas.
RU – Mais uma vez, vocês tiveram problemas com vocalista e você voltou a assumir (muito bem por sinal) o posto de vocalista. A que deve esta inconstância de vocalistas? E você pretende ser o vocalista definitivo? Visto que você nunca vai sair da banda?
C. Imperium – Realmente a maioria dos problemas que tivemos foram com vocalistas (risos). Sempre procuramos ter um bom relacionamento com todos membros da banda. Mas jamais permitiremos que qualquer integrante envolva seus problemas particulares e familiares com as atividades da banda. Infelizmente esse fator foi crucial para ocasionar a saída de pelo menos 3 de nossos ex-integrantes.
Logo após a saída do Legacy nós já tomamos essa decisão, que eu seria o vocalista definitivo do Ocultan. Hoje em dia eu faço questão de cantar minhas próprias letras, não quero mais escrever letras para outros cantarem. Particularmente acho que faltou um pouco de sentimento por parte dos dois últimos vocalistas que tivemos. Principalmente por esse último, o Legacy que mostrou ser do tipo de pessoa que falam as coisas da boca para fora. Este provou ser um verdadeiro modista, mentiroso e mercenário que só pensava em um dia enriquecer tocando Black Metal (risos). Por outro lado ele nunca mostrou ser um pessoa esforçada, as idéias sempre surgiam, só que é claro ele sempre esperava que nós colocássemos as nossas mãos na massa, para ele tudo que tínhamos que fazer em prol da banda se tornava um problema, e para piorar as coisas sua mulher era do tipo de pessoa que gostava que se meter aonde não era chamada, a mulher nunca gostou da nossa música e muito menos de nossa ideologia, mas sempre fez questão de acompanhar a banda durante a maioria das viagens que fizemos mesmo sabendo que não a respeitávamos pelo fato dela ser cristã assumida.
O último dos problemas que tivemos com os dois foi durante a sessão de fotos do Atombe, os dois para variar chegaram no local com cara de poucos amigos, logo vimos que ele tinha tido novamente problemas com a cristã da mulher, por sua vez nós chegamos e perguntamos a ele se estava acontecendo alguma coisa, como sempre ele negava, e dizia que não havia tido nenhum tipo de problema, no fundo sempre soubemos de seus problemas familiares.Tudo se esclareceu quando chegamos a presenciar uma discussão entre os dois, que aconteceu quando fomos tocar em Vitória/ES, nessa viagem ela não pôde acompanhar ele, para variar os problemas começaram quando ela começou a ligar em seu celular de cinco em cinco minutos, a mulher afirmava que o Legacy estava com outra mulher, então os dois discutiram por mais de hora, até que chegou a hora de nossa apresentação, ele por sua vez desligou o celular para não atrapalhar as atividades da banda. Quando terminamos nossa apresentação ele ligou novamente seu celular, e as coisas começaram novamente (risos), isso se estendeu até chegarmos no local onde íamos dormir, não tivemos outra opção, tivemos que pedir para ele se retirar porque estava atrapalhando nosso descanso.
Infelizmente esse mesmo episódio voltou a acontecer novamente, quando tocamos em Belo Horizonte/MG durante uma parte das gravações de nosso DVD, depois desse acontecimento as coisas começaram a piorar até chegar o momento de sua saída da banda.
RU – Você não acha que ao vivo, em termos visuais, a banda pode perder tendo como vocalista o baterista? Ainda, você já cogitou a idéia de apenas cantar e deixar a bateria?
C. Imperium – Realmente a banda pode perder um pouco em termos visual quando vir a se apresentar ao vivo. Chegamos a cogitar a possibilidade de colocar a bateria bem a frente do palco, creio eu que com essa mudança de colocação, tanto a bateria quanto o vocal ficariam mais evidentes por estarem a frente do palco. Já chegamos a cogitar a possibilidade de recrutar um novo baterista, mas infelizmente é quase impossível arrumar um bom baterista aqui no Brasil, da até para contar nos dedos quantos bateristas bons temos por aqui, e para piorar as coisas os mesmos já possuem suas bandas. Para nós o que mais importa é a parte instrumental e ideológica da banda, por esse motivo preferimos ir com calma.
RU – Pelo fato de você e a guitarrista Lady Of Blood serem casados, em que isso pode ajudar ou atrapalhar a banda?
C. Imperium – É claro que esse fator acaba ajudando muito. Sempre que temos um tempo disponível procuramos conversar sobre assuntos relacionados ao Ocultan, e quase sempre acaba surgindo novas idéias que acabam ajudando muito, principalmente quando estamos em fase de composição.
RU – Além da quimbanda, musicalmente e instrumentalmente, o que influência o Ocultan na hora de compor?
C. Imperium – Nós ouvimos muitas coisas e também temos nossos gostos pessoais, mas sabemos perfeitamente separar as coisas. Quando chega a hora de compor novas musicas, sempre estamos procuramos seguir nosso próprio padrão musical, fazendo algo próprio, coisa que atualmente é raro se tratando de musica extrema. Não somos do tipo de banda que precisa copiar outra para tentar ser alguma coisa, somos o que somos e pronto!
RU – Eu citei na resenha que o Ocultan, junto com o Mystifier e Sarcófago talvez sejam as três melhores bandas de Black Metal do Brasil de todos os tempos (ainda que nosso cenário tenha os respeitáveis e excelentes Vulcano, Malefactor e Unearthly). Mesmo o Sarcófago, para mim, deveria ter tido mais reconhecimento do que já teve. O que você acha destas bandas?
C. Imperium – O Sarcófago para mim esta entre as 5 maiores bandas de todos os tempos. Sobre o Vulcano eles possuem um passado glorioso, se não me engano eles são a banda de metal extremo mais velha em atividade aqui do Brasil. Só que confesso que fiquei muito decepcionado em saber que a banda permitiu que um cara cristão que toca música gospel participasse das gravações e composições que estão presentes nesse último álbum. Quanto as demais bandas todas possuem seu valor, são todas grandes bandas.
RU – O que falta ao Ocultan para um maior sucesso no exterior, com turnês e contratos com gravadoras lá de fora?
C. Imperium – Primeiramente eu gostaria de deixar bem claro que estamos satisfeitos com tudo que conquistamos até o momento. Estamos cientes que o Black Metal não é um estilo musical de grande popularidade entre os fãs do Heavy Metal, devido a esse motivo as bandas acabam tendo pouco espaço na mídia, e para piorar as coisas a maioria dos fãs de musica extrema não fazem questão de comprar materiais originais das bandas que gostam. Hoje em dia basta a pessoa entrar na internet que tem acesso gratuito a música que desejar. Infelizmente as coisas não são mais com eram antigamente, onde as pessoas faziam questão de possuir os materiais originais das bandas que gostavam. Devido a essa série de fatores as gravadoras só estão querendo investir em bandas populares, que tem um retorno financeiro garantido, preferem não arriscar com bandas pequenas ou de médio porte.
Sobre a questão de sairmos para tocar fora do Brasil, não vamos fazer como a maioria das bandas aqui do Brasil estão fazendo, pagam suas próprias passagens de ida e volta, e quando chegam nos shows pedem apenas um ajuda de custo para tentar repor esses gastos que tiveram. Para nós isso é totalmente inviável, temos nosso trabalho aqui no Brasil e nossas contas para pagar no final do mês, por esse motivo não podemos simplesmente deixar tudo de lado. Para sairmos aqui do Brasil para qualquer outro país queremos que os produtores nos forneçam tudo que precisamos, se não nada feito. Para finalizar o assunto gostaríamos de deixar bem claro que não temos nada contra bandas que agem dessa forma, acho que cada um tem todo o direito de optar pelo que acha o melhor para si.
RU – A banda já passou por outras gravadoras como Evil Horde e Mutilation. Como foi o trabalho com elas?
C. Imperium – Prefiro não falar sobre coisas que aconteceram no passado, durante o período que trabalhamos com a Evil Horde, onde tivemos vários problemas profissionais entre banda e gravadora. Bom isso faz parte do passado, atualmente não temos nada contra a Evil Horde, como disse os problemas foram profissionais, e não pessoais. Quanto a Mutilation Records, nunca tivemos nenhum tipo de problemas com eles, o selo sempre cumpriu com o prometido.
RU – A banda também tem o seu próprio selo, Pazuzu Records. Como anda o selo e por que a banda não lançou Atombe Unkuluntu por ele mesmo?
C. Imperium – Infelizmente eu não estava conseguindo conciliar meus trabalhos pessoais e profissionais com as atividades da gravadora. Por esse motivo resolvi dar um tempo.
RU – Como chegaram à Free Mind Records, que é o maior selo de Metal no Brasil em termos de lançar bandas brasileiras?
C. Imperium – Realmente a Freemind é o selo brasileiro que mais vem dando apoio às bandas nacionais. No passado já vínhamos mantendo contato profissional entre ambos os selos, Pazuzu e Freemind, e durante uma conversa que tivemos, disse a eles que não sabíamos se o Ocultan iria continuar na Pazuzu pelos motivos já citado anteriormente. De quebra eles mostraram ter interesse em trabalharmos juntos, então não pensamos duas vezes e entramos em um rápido acordo que resultou no lançamento do Atombe Unkuluntu.
RU – Nosso país, apesar de predominantemente cristão e preconceituoso com outras formas de religião, ainda assim é um país ecumênico. Dentro do espiritismo, a Umbanda e o Candomblé são mais conhecidos, mas a Quimbanda não. O que você poderia passar para nossos leitores sobre a religião da banda, até para desfazer possíveis confusões.
C. Imperium – A kimbanda é uma forma de culto tribal de feitiçaria banta originaria dos antigos povos pertencentes ao reino de Angola e Congo, que sempre tiveram como base a crença em seus ancestrais, espíritos que podiam ser chamados de Ngangas, Tatás ou Exus que no passado foram pessoas mortais que viveram nesse mesmo mundo que nós, e quando partiram tornaram-se entidades mitológicas permanecentes entre o Orun e Aiye, mundo mortal e imortal.
A kimbanda por sua vez não se trata de uma religião como muito erradamente afirmam. A kimbanda possui fortes laços com o paganismo, por ser um culto que era praticado há século atrás, quando ainda nem se quer existia esse ridículo conceito auto intitulado RELIGIÃO.
Outro fator que vem causando muita polemica, é a associação da Kimbanda com o Satanismo. Atualmente muitas pessoas afirmam que a Kimbanda é um culto "satanista", onde as pessoas acreditam na luta eterna entre o bem e o mal.
Essa confusão tornou-se ainda mais forte quando a igreja Cútolica por sua vez passou a associar a figura de exu com o diabo e todo o conceito de polaridade negativa atribuído as entidades da kimbanda com o mal que sempre se opôs ao Cristianismo.
É claro que ambas as colocações não correspondem com figura dos exus que nada tem haver com esses ridículos conceitos criados pela apodrecida religião Cristã.Todos nós já estamos cansados de saber que esses conceitos foram criados com intuito de apenas amedrontar e manipular as pessoas, fazendo-as a viver aos pés de um único deus, que representa uma religião que foi responsável pela extinção de vários povos e cultos que eram bem mais antigos que o próprio cristianismo.
RU – Todos integrantes que passaram pela banda, fizeram ou fazem parte da kimbanda, ou a união com eles era apenas musical, ou seja, o Black Metal apenas?
C. Imperium – Três dos ex-integrantes do Ocultan eram praticantes da kimbanda, ou pelo menos se diziam ser. Atualmente não tenho mais contatos com essas pessoas, então prefiro não entrar em maiores detalhes. Tivemos também dois de nossos ex-integrantes que não faziam parte da kimbanda, um deles era o Legacy que sempre ficou na fase de transição, se dizia interessado só que nunca saiu disso (risos).
RU – O quanto os corpse paints são importantes para a banda? Um dia, vocês poderiam aboli-los, como muitas bandas de Black Metal estão fazendo?
C. Imperium – Nossos Corpses fazem parte de todo aquele contexto obscuro que está envolvido na atmosfera de nossa música, sem contar que também faz parte de nossas tradições. Por isso jamais abandonaremos o mesmo.
RU – Seus pseudônimos são apenas artísticos, como a maioria das bandas de Black Metal, ou há algo espiritual neles?
C. Imperium – Meu pseudo e o da Lady Of Blood foram criados com o intuito de honrar duas entidades pertencentes a Kimbanda. Sobre o pseudo do Magnus Hellcaller, o mesmo trata-se de um nome artístico.
RU – O final é seu!
C. Imperium – Gostaríamos de agradecer a toda equipe da Rock Underground pelo apoio ao nosso trabalho, e a todos aqueles guerreiros que vem nos acompanhando ao logo desses quase 16 anos de batalha.