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I Want Out!!!

Entrevista: Joseph Wildenberg
Todos sabem da importância de Michael Kiske para o Metal Melódico. Com certeza, sem ele, esse tal de Heavy Melódico não teria existido! Sua voz, gritos, visual, estética, atitude, tanto em cima como fora do palco, sem ele, o Helloween não seria genial nem influente como foi, seria apenas mais uma banda de Heavy Tradicional na linha do Iron Maiden. Kiske foi mais um que saiu brigado da banda e se afastou da cena. Ficou dez anos sem cantar ao vivo, lançou apenas dois discos solo discutíveis (Instant Clairyt e R.T.S.) e só no final de 2002 montou uma banda de Rock de fato, o Supared, que de longe se parece com qualquer coisa que ele tenha feito no Helloween ou em participações especiais com amigos metalheads. Supared lembra de leve (e até pela situação de negação) o Skunkworks de Bruce Dickinson, só que bem menos Metal e bem menos Rock. Com a palavra, Mr. Dr. Stein!

RU – É uma honra nos conceder esta entrevista. Bem, você ficou afastado da cena musical por uma década. Por que retornar só agora e por que com o Supared e como ele é? Por que teve que ser assim?
Michael Kiske – Bem, eu quase pirei quando sai do Helloween. Sentia dores de estômago quando tinha que cantar com a banda. Depois dela, nunca mais tive isso! (risos) Realmente, fiquei muito traumatizado com tudo o que rolava. Então, toda vez que me vinha a palavra Metal na cabeça me sentia assim. Foi um trauma. Não que toda banda seja assim, mas não tive preparo para assimilar o golpe, como teve Kay Hansen e agora Roland e Uli. Só agora me sinto a vontade para voltar a ser um músico e viver disso. Foi o momento certo e os caras do Supared foram os caras certos. Caso eu tivesse conhecido e tido contato com eles antes, talvez tivesse voltado antes. Mas estou feliz agora!

RU – Você foi acusado de ter virado fanático religioso, por isso saiu do Helloween. Todos tiveram a impressão que você pirou! Isso aconteceu?
Michael Kiske – Quem pirou foi quem disse isso, e eu sei quem foi. (risos) Infelizmente existem muitas pessoas que não conseguem aprender nada de novo, progredir, evoluir, enxergar um palmo a frente do que vê. São pessoas estagnadas. Para elas, quem joga xadrez, onde você tem que enxergar as jogadas 10 ou 15 rodadas para frente são piradas. São pessoas que não tem coragem de mudar e tem inveja de quem o faz, então a pessoa fica limitada. Por isso, sempre acontece a mesma coisa, você já reparou?

RU – Sim, sempre a história é a mesma. (risos) Parece que você ainda tem mágoas de tudo o que aconteceu.
Michael Kiske – Olha, se te disser que não, estou mentindo, mas agora consigo trabalhar com isso, viver e lidar com isso bem melhor, tiro de letra, por isso estou aqui! Mas tenho a convicção que há males que vem para o bem.

RU – O Supared parece ter sido feito cuidadosamente para não soar como Metal. Você participou de vários projetos, mas apenas como convidado. No Avantasia 1 você nem quis que seu nome fosse colocado para que não fosse veiculado com Metal. Você que era bem cabeludo, agora raspou a cabeça. Apesar de compreender o que você passou, por que tanta negação ao Metal.
Michael Kiske – Primeiro quero discordar a respeito do Supared. Posso te garantir que tudo o que está lá é espontâneo e há coisas de Metal sim, embora poucas. Quanto ao restante, eu apenas não quero ser rotulado como artista de Metal, pois não sou mais.

RU – Mas sua gravadora (lá fora a Noise) é um selo de Metal, o primeiro que abrigou o Helloween e que hoje pertence a Sanctuary, empresa do Iron Maiden. E você deu várias entrevistas para revistas de Metal. Não parece que está cuspindo no prato que comeu? Ou, no fundo, você gosta de Metal e ainda vai voltar a tocar este estilo? Pois é isso que todos esperam de você!
Michael Kiske – Olha, é difícil falar sobre o amanhã, mas é muito remoto, pois aprendi a gostar de outras coisas na vida além deste estilo de vida. Estou num selo de Metal e divulgo nestes veículos, pois é onde meus fãs estão! Mesmo que eles sejam fãs de Metal e saibam que o Supared não é, eles vão continuar comigo, gostando das coisas que já fiz e do que irei fazer. Este disco é para eles! Fora do meio do Metal, ninguém me conhece, os caras que tocam comigo são exemplo disso. Eles sabem que um dia toquei numa banda chamada Helloween que fazia Heavy Metal, mas não tem a dimensão da importância disso.

RU – Ah, mas você pode ter certeza que quando vocês participarem de algum festival e tocarem algo do Helloween, eles vão sentir com quantas notas se faz Heavy Metal! Aliás, pretende tocar algo do Helloween em seus shows?
Michael Kiske – Você está me pressionando mesmo hein? (risos) Isto será resolvido no momento certo.

RU – Muitos já tentaram renegar o Metal, como Bruce Dickinson e Rob Halford. Mas não conseguiram e voltaram atrás. Você acha que fizeram isso por dinheiro e fama ou por coração? E quando você ira voltar atrás também? Pois quem é Metal, nunca deixa de ser Heavy!
Michael Kiske – Você é insistente mesmo hein? (risos) Quanto a eles não sei, porque o dinheiro que rola em bandas como Iron Maiden e Judas Priest é muito, totalmente fora do universo do Helloween. Como eu me desapeguei ao dinheiro e a fama e a muitas das coisas materiais, sempre seguirei meu coração. Tudo que eu fizer, independente do que seja e como, sempre será assim. Eu passei na pele o que é você ter um bom dinheiro, mas não estar feliz.