A Fase Mais Tétrica e Dark
do Black Sabbath, botando os fantasmas que circundam os shows para dormir!
Entrevista: Júlio César Bocáter.
Foto: divulgação.
Tony Martin sempre foi amado e odiado pela sua passagem no Black Sabbath. Amado por muitos por ter escrito e feito álbuns memoráveis como Headless Cross eTYR e outros bons como Eternal Idol e Forbidden. Odiado, por que ele teve que substituir “apenas” Ozzy Osbourne, Ronnie James Dio, Ian Gillan e Glenn Hughes. E reproduzir ao vivo músicas de quatro dos maiores vocalistas da história do Rock nunca foi fácil. Mas estes trabalhos de estúdio geraram uma boa leva de fãs desta fase do Sabbath e ávidos por novos trabalho de Tony, que além de um bom cantor, dono de uma linda voz e boa dose de interpretatividade, é um compositor de mão cheia! Outros trabalhos vieram sim, com o guitarrista Misha Calvin, o Alliance e o menos obscuro de todos, o Tha Cage II com o guitarrista italiano Dario Mollo (também dono do Voodoo Hill, ao lado de Glenn Hughes). Numa exclusiva entrevista, trouxemos a você leitor, esta entrevista especial com Tony Martin! E falamos sobre coisas que nunca ninguém ousou perguntar, porque ninguém nunca se interessou pelo que esse cara tem a dizer! Digo isso, pois sou um grande fã dele e de sua fase no Sabbath e dos álbuns e projetos citados e sempre quis saber sobre sua carreira. Só não sabia que só iria saber algo dele quando fosse entrevista-lo! Então, “ At The Headless Cross”!
Tony, creio que esta seja sua primeira entrevista exclusiva para o Brasil depois de ter saído do Black Sabbath. Você tem muitos fãs aqui e todos querem saber de você. Para começar, que cantores você ea e que influências você tem.
Tony Martin – Eu estava interessado em todos os estilos de música. Eu não tenho uma preferência em especial. Eu acredito que é importante pegar o que quer que seja como inspiração e para isso, você não pode excluir certos estilos, pois perde a oportunidade de fazer boa música.
Você entrou no Black Sabbath no lugar de Ray Gillen, que substituiu Glenn Hughes, que saiu em meio a turnê com problemas de álcool e drogas. Como era seu trabalho de composição na banda?
Tony Martin – A música sempre vinha primeiro. Geralmente um riff de Tony Iommi, mas às vezes, um riff meu ou de alguém mais, mas a música sempre vinha primeiro. Então eu pegava o básico da música e a mudava para se encaixar no que eu irei cantar. As letras e as melodias às vezes mudam o trabalho da música, então era sempre eu quem normalmente formatava a música do jeito que você a ouve.
Sua fase no Sabbath foi a fase mais Hard Rock da banda. Isto foi uma influência sua, ou Tony resolveu tomar este rumo musical?
Tony Martin – Isso se desenvolveu com a banda. Não houve planejamento.
Depois de Eternal Idol, a banda lançou Headless Cross, que na opinião de muitos e minha também, o maior álbum da carreira do Black Sabbath! Como você e Tony conceberam esta obra prima?
Tony Martin – A inspiração venho dos riffs de Tony e meus e, as letras tabém vieram de mim.
O magnífico TYR sucedeu o clássico Headless Cross. Apesar do excelente nível, você sairia logo depois dele para a volta de Dio em Dehumanizer. Havia pressão sobre a banda em termos de vendas ou na gravação para TYR?
Tony Martin – Não que eu soubesse!
Depois de TYR, você foi convidado a sair da banda para a volta de Dio, ou você já tinha saído antes?
Tony Martin – Eu não tinha idéia que eu seria demitido antes do dia em que os ensaios para o novo disco começaram. Foi um choque total! Isto é uma coisa com a qual você acaba se acostumando no Sabbath.
Há algum material em Dehumanizer, ou até mesmo no álbum solo de Tony Iommi que foi feito que você e foi reaproveitado?
Tony Martin – Sempre tem algum material que não é usado nos álbuns. É muito raro que apenas as faixas que você escuta são só as que foram escritas. Não sei se alguma coisa disso será ouvida um dia.
O que você fez depois desta primeira saída do Sabbath?
Tony Martin – Eu fiz um disco solo chamado Back Where I Belong.
Como é trabalhar com Iommi? Ele me parece ser uma pessoa difícil...
Tony Martin – Trabalhar com Tony é bom, sem problemas.
Você sucedeu quatro dos maiores vocalistas da história do Rock, Ozzy Osbourne, Dio, Ian Gillan e Glenn Hughes. Quem deles você se identifica mais e qual deles você mais gostava e qual deles era mais difícil de cantar?
Tony Martin – Boa pergunta! Eu gosto de todos eles, mas cantar Glenn Hughes é mais difícil. Ele é um vocalista maravilhoso. Eu gostaria poder ter uma voz como aquela!
Quando eu aquela confusão do show do Sabbath com Ozzy, em que Dio saiu da banda, você voltou à banda. Apesar de ser um bom álbum, Cross Purposes é o álbum que menos gosto de sua fase no Black Sabbath...
Tony Martin – Eu concordo! Eu também não gosto desse álbum, mas por razões diferentes.Obviamente este foi o período em que fui demitido pela segunda vez e também, nem ao menos me foi dito se eu estaria cantando na produção final! Foi dada a oportunidade para Ice T trabalhar no que ele estava querendo e, se ele quisesse ter cantado em todo álbum, então ele o teria feito. Então foi um período de muita insegurança para mim. Eu não era capaz de entrar de cabeça nas músicas e todo o tempo foi de muita instabilidade.
Qual o motivo de sua segunda saida da banda?
Tony Martin – Eles me demitiram para fazer o “Ozzy Reunion”.
Depois disso, você desapareceu para a gente, e só fomos ter notícias suas com o trabalho do iugoslavo Misha Calvin. Fale sobre sua participação com ele e canções como Strangers, Ready Or Not, Reaper e Here I Am são magníficas!
Tony Martin – Calvin usou as músicas de minha banda anterior, The Alliance, mas ele mudou os créditos e tirou os nomes deles. Eu nunca recebi um centavo pela vendagem daquelas músicas e eu realmente não gostei do que ele fez!
Como você conheceu Dario Mollo e como surgiu o The Cage II?
Tony Martin – Eu conheci Dario quando estava trabalhando no disco Giuntini.
Ele é um excelente compositor e músico. Ele tem o The Cage II com você e o Voodoo Hill com Glenn Hughes. Uma das bandas que mais gosto é o Black Sabbath e os discos que mais escuto da banda são os de sua fase e o Seventh Star com Glenn Hughes! Com certeza, Dario deve ter o mesmo gosto musical que eu. Você sabe por que ele escolheu justamente vocês dois para seus projetos? Seria por gosto mesmo, como é meu caso?
Tony Martin – Ambos somos os seus heróis. Ele ama o trabalho que fizemos.
Conte-nos sobre o primeiro álbum do The Cage, quando ainda era só The Cage, mudando para The Cage II devido à banda de Power Metal Cage que já existia. Este primeiro disco ainda é desconhecido para nós brasileiros.
Tony Martin – Cage I (nome do disco) é parecido no formato. Tem uma música lenta, uma música rápida, um Rock’n’ Roll etc. Mas é menos técnico e mais soft.
Fale sobre The Cage 2, o que achou do resultado final.
Tony Martin – Cage 2 é mais envolvente, mais moderno e foi um período difícil para mim, já que eu estava me divorciando. Mas no final, isso me tornou ainda mais forte e eu fiquei satisfeito com o resultado.
O que você além do Black Sabbath, Misha Calvin e Dario Mollo?
Tony Martin – Eu fiz algumas coisas com algumas bandas, mas nada muito significante.
Quais suas lembranças do Brasil? Creio não ser das melhores, pois quando você veio com o Black Sabbath em 94 no Monsters Of Rock, você foi criticado, a banda tocou antes do Kiss (sem máscara!) e antes do Slayer (!), ou seja, um absurdo! (Nota do E: parte da manifestação até teve causa, pois a banda tocou cedo, e depois da palhaçada de Tony Iommi tanto querer Ozzy, acabou perdendo Dio e ficou com Martin. Além do que, este show seria em menos de 2 anos de termos visto Sabbath com Dio).
Tony Martin – O tempo no Brasil foi difícil por razões técnicas. Mas foi um período feliz e eu adoraria voltar e colocar os fantasmas que circundam os shows para dormir. |