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O Melhor trabalho da carreira de Edu Falaschi!


Entrevista:
Júlio César Bocáter. Foto: divulgação.
RU – Fiz muitas perguntas, mas vou acabar fazendo duas ou três ao mesmo tempo, e muitas delas você vai responder antes de eu perguntar, tenho certeza.... (risos). Bom, falando sobre o novo disco do Almah. Ele é bem diferente do debut. Quando o entrevistei em 2006, quando do lançamento de Aurora Consurgens do Angra, lá na Rock Brigade, Almah estava saindo quase simultaneamente. Você nos dizia que Almah trazia muito do que você não poderia fazer no Angra, como Hard Rock, Progressivo, anos 70 e até Pop. Mas não consigo ver nada de Pop em Fragile Equality. Seria uma mudança de direcionamento, visto que naquela época, o Angra era a sua banda principal, e o Almah era só um projeto paralelo?

Edu Falaschi – Você acertou, é isso mesmo! Naquele momento, eu estava 100% focado no Angra, que era a minha banda principal, portanto, Almah, o disco, foi um disco solo meu, onde eu queria fazer tudo o que não fazia no Angra, como estes estilos que você citou. Quem gravou o disco, eram convidados, todos internacionais: Casey Grillo (D/Kamelot), Lauri Porra (B/Stratovarius) e Emppu Vuorinen (G/Nightwish). Então, você sacou muito bem, ali era um disco solo ou um projeto paralelo. Agora, o Almah, a banda, é meu grupo principal.

RU – Como está a repercussão do disco?
Edu Falaschi – Lá fora, está literalmente bombando. Todas as resenhas têm sido positivas. Muitas pessoas têm dito que este disco é um masterpiece, ou seja uma obra-prima. Outras pessoas têm dito que reinventamos o Power Metal, fazendo um estilo diferente. Outras ainda, dizendo que Fragile Equality é meu melhor trabalho desde que entrei no Angra, e outros dizem que este é o melhor trabalho da minha carreira, superando tudo o que fiz com o Angra. Estou até um pouco assustado com isso, pois pelas declarações da imprensa, amigos e pessoas do meio, e também dos fãs até agora, me sinto com muito mais responsabilidade.

RU – Edu, ainda não fiz a resenha, mas ouvi bem o disco para fazer esta entrevista e por curiosidade também. Confesso que quando recebi Almah em 2006, não tive muita expectativa, mas quando recebi Fragile Equality me deu muita vontade de ouvir e o fiz, assim que abri o sedex. E posso te dizer, que realmente é o melhor trabalho da sua carreira, melhor que todos os discos que você fez com o Angra, sem dúvida! Achei também um Heavy Metal diferente, saindo da complexidade do Angra e do clichê do Melódico. Apesar de técnico, ele é muito direto, como eram os primeiros discos de Iron Maiden e Judas Priest, por exemplo: eram técnicos, mas diretos. Achei este disco um dos melhores que ouvi nos últimos tempos, e olha que ouço quase uma centena de lançamentos diferentes todos os meses!
Edu Falaschi – Obrigado. Realmente, ele é bem direto, essa foi nessa idéia. Não posso jamais desconsiderar a música do Angra, pois realmente, é uma música muito mais complexa, técnica, cheia de elementos brasileiros e osquestrações. A música do Angra não nasceu para ser direta, é a característica. Mas me sinto a vontade fazendo esse tipo de música mais direta também.

RU – O disco desta vem então, não foi feito só por você, mas sim resultado da banda?
Edu Falaschi – Sim. A banda atualmente é eu nos vocais, Marcelo Barbosa e Paulo Schroeber nas guitarras, o Felipe Andreolli no baixo e Marcelo Moreira na bateria. Me sinto muito a vontade com essa formação, que para mim é a melhor possível que poderia ter para a banda.

RU – Essa é a formação definitiva do Almah?
Edu Falaschi – Sim. Claro, não posso dizer que nunca vai haver alterações, pois a gente não sabe o dia de amanhã, mas a princípio, todos estão satisfeitos com o Almah.

RU – Qual o conceito por trás de Fragile Equality?
Edu Falaschi –
Olha, falamos de muitas coisas, envolvendo a fragilidade do equilíbrio, como as linhas são tênues, de uma coisa equilibrada está a um fio do caos e etc. é isso que abordamos, citando a parte física do Universo entre outras coisas nas nossas vidas. Mas além disso nas letras, queríamos fazer esse equilíbrio musicalmente. Não adianta a letra falar de uma coisa e a parte musical e instrumental contradizer tudo.

RU – Eu percebi isso. Eu ia te perguntar se esse equilíbrio era intencional, pois percebi isso. O disco é variado. Tem duas músicas bem Power Metal, bem Heavy Tradicional como Birds Of Prey e Torn. As Magic Flame e Meaningless World são puro Metal Melódico. Já Beyond Tomorrow e You’ll Understand são mais Prog, caóticas, embora pesadas, agressivas, quase Thrash. Até nelas tem a técnica virtuosa com o peso do Thrash. Além delas, duas baladas: All I Am e Shade Of My Soul. Ainda, Invisible Cage tem elementos sertanistas, bem brasileiros e a faixa-título é mais moderna, distorcida, bem atual, do Metal moderno. A escolha destas faixas, que ainda são alternadas, foi racional então?
Edu Falaschi – Cara, já dei dezenas de entrevistas para o mundo todo falando desse disco, para jornalistas do mundo todo, e você foi o primeiro jornalista, do mundo, que percebeu isso! Sim, você sacou esse equilíbrio. Sim, foi intencional, até para fazer juá ao tema. Além do tema falar da fragilidade do equilíbrio, quisemos fazer isso ao longo do disco, para que ele fosse temático no seu desenvolvimento e que o ouvinte sentisse isso, em vez apenas de ler as letras. Você matou o que quisemos fazer!

RU – Sim, pois o que eprcebi foi que o disco é bem dosado. Tem 2 Heavy Tradicional, 2 Metal Melódico, 2 Prog Thrash Metal, 2 baladas, uma meio World Music e uma mais moderna, densa e com sonoridade atual.
Edu Falaschi – Sim, não faria sentido falar de equilíbrio e colocar 7 baladas ou 8 faixas mais Metal Melódico. Então de dentro de nossa sonoridade, balanceamos tudo isso.

RU – Eu visitei seu site e vi que lá estão todos os discos que você fez participação especial e todas as bandas que você tocou. Vi os discos do Angra, Symbols e Venus. Mas não vi o disco do Mitrium. Por quê? Algum problema autoral com os caras da banda ou você acha que esta banda e disco não honra sua carreira?
Edu Falaschi – Não tem o disco do Mitrium lá?

RU – Não.
Edu Falaschi – Estranho deve ser um erro, ou eu ou o webmaster comeu bola. Pois tenho muito orgulho do Mitrium, foi minha primeira banda, toquei nela de 1990 a 1995. Ainda há pouco tempo encontrei com os caras, eles são de Santos, e gosto de todos eles. Tenho muito carinho pelo Mitrium, pois foi minha primeira banda e tenho muito orgulho do que fiz com ela.

RU – Bom, não há como entrevistar você e não falar de Angra. Qual foi o último contato que você teve com os caras da banda e qual foi a situação, algum ensaio ou reunião?
Edu Falaschi – Faz pouco tempo que os vi, numa festa particular de família que eu dei e encontrei todos eles lá! O Kiko, o Rafael e o Felipe.

RU – Você me surpreendeu. Pois imaginaria um ensaio ou alguma reunião com empresário ou advogados para definir o futuro da banda, já que muita boataria tem sido feita em cima. Afinal de contas, o Angra ainda existe?
Edu Falaschi – Sim, o Angra não acabou, ainda existe sim. No momento, demos uma parada para resolvermos problemas burocráticos e jurídicos, mas resolvendo isso, estaremos de volta o quanto antes.

RU – O que seriam especificamente estes problemas burocráticos e jurídicos?
Edu Falaschi –
Os problemas é que o nome Angra está sendo resolvido na justiça. O nome pertence a nosso ex-empresário e não podemos usar o nome só nós. Então, assim que resolvermos, voltaremos com tudo!

RU – No caso o nome pertence ao Toninho, da Rock Brigade?
Edu Falaschi – Isso.

RU – E não há possibilidade de um acordo com ele, de uma forma consensual?
Edu Falaschi – Claro que há! O problema é que ele está impedido de passar o nome para nós, pois o nome Angra está penhorado, com dívidas. É isso que precisa ser resolvido. Não sabemos se o Juiz que julgar o processo, vai entender que somos uma banda de música, que fazemos arte e que só queremos o nome para poder voltar a trabalhar. Mas para um Juiz, quem é o Angra? (risos) Portanto temos que esperar isso se resolver. Como a Justiça tende a ser lenta no Brasil, pode ser que demore. Mas o mais importante, é que nós, enquanto pessoas, colegas de profissão e amigos, nós estamos mais unidos do que nunca. Todos nós estamos aproveitando esse tempo para fazermos coisas paralelas, coisa que o Rafael e o Kiko nunca tiveram desde o início do Angra, e eu também quase nunca tive depois que entrei nada banda. Eu e o Felipe estamos com o Almah, o Kiko está tocando com a Tarja Turunen e o Rafael enfim, fazendo o planejado disco solo dele.

RU – Bem, falando em Angra e em tudo o que você está me falando, não há como não perguntar sobre o Aquiles Priester e não citar um fato. Primeiro, você tem citado o nome de todos na banda, menos no dele. Segundo, ele deu uma entrevista para outra revista (a Roadie Crew #110) com sua banda Hangar e ele disse horrores sobre o Angra e sobre o Kiko e o Rafael. Qual a situação dele na banda e o que você tem a dizer sobre esta entrevista dele? Até porque, é uma forma de dar o direito de vocês se defenderem.
Edu Falaschi – Olha, todos nós ficamos chateados com aquela entrevista. Não aprovo em hipótese alguma a atitude dele. Isso não melhora a situação do Angra, nem a situação dos integrantes do Angra e nem a situação dele. Ele não ganhou nada fazendo aquilo. Não aprovo o que ele fez, de lavar roupa suja em público, falando coisas da banda da maneira que ela falou, isso não é legal.

RU – Até porque acredito que, essas brigas e fatos que ele citou, não devem ter ocorrido pela primeira vez no Angra. Aliás, toda banda com longevidade, passa por problemas desse tipo, assim como todo casamento, família, relações de trabalho, equipes esportivas e etc. É que nem se fala no futebol, tem coisas que devem ser resolvidas no vestiário, por piores que tenham sido, em prol do time e do objetivo comum de uma equipe. Numa banda, entendo que deveria ser a mesma coisa. Por mais difícil que seja, que realmente, não deve ser fácil.
Edu Falaschi – Realmente, não é fácil, mas que nem você falou, numa convivência de longo tempo, rola stress, desentendimentos, opiniões diferentes, brigas, discussões, nunca há unanimidade, e é bom que seja assim! Senão, não seria uma banda. Mas não achei legal o que ele fez.

RU – Posto isso, o que ele disse e o fato de vocês quatro estarem unidos, quando o Angra voltar, com certeza, o baterista não será o Aquiles, correto?
Edu Falaschi – Olha, no momento não posso falar nada sobre isso. Até porque, pelo problema que atravessamos, nem temos como conversar quem será o baterista, se será ele mesmo, ou não. Não posso responder pelo Aquiles e nem pela banda no momento.

RU – Mas com certeza, hoje, não haveria clima para ele continuar com o Angra, pois ele mesmo parece ter deixado claro que há muito ressentimento por parte dele.
Edu Falaschi – Sim. Mas quando resolvermos o problema jurídico, resolveremos todas estas questões.

RU – Agora eu quero dar minha opinião sobre isso. Da forma que ele se portou naquela entrevista, parecia que ele queria ter mais espaço, o que seria louvável para um músico. Ele queria continuar a fazer solos e longos nos shows, colocar a máscara de polvo na bateria e tocar com ela, estar presente nas entrevistas e tudo o mais. Até tudo bem, embora a forma que ele fez, daquela entrevista, realmente, foi de uma maneira nada diplomática. Mas esse lance de espaço é contraditório, pois se ele quer tanto estar em evidência, ele deve estar fazendo de tudo para colocar o nome da banda dele, o Hangar com a máxima divulgação possível. No entanto, desde o primeiro disco do Hangar, em 99, nós entramos em contato com eles para nos enviar o disco para fazer resenha e fazer uma entrevista e eles sequer nos respondem! De longe, isso é uma atitude profissional. No entanto, você está falando comigo agora! Tudo bem que você tem uma gravadora por trás, mas o fato de uma banda fazer a coisa independente, não impede de ela, pelo menos, responder os emails.
Edu Falaschi – Ah, eu quero é divulgar minha banda e meus trabalhos, seja com o Almah ou com o Angra para a maior quantidade de pessoas possível! Adoro falar sobre meu trabalho!

RU – Então chegamos ao fim. Deixe uma mensagem para seus fãs e nossos leitores!
Edu Falaschi – Bom, agradeço mais uma vez a oportunidade de falar com você Júlio, de falar com a Rock Underground e falar com os seus leitores. Sucesso para todos vocês e acompanhem nossa banda, vão aos shows e ouçam Fragile Equality!

Leia a primeira entrevista cedida por EDU FALASCHI pelo ALMAH para a ROCK UNDERGROUND, realizada em 2006, quando Edu lançou seu debut, na época em que o ANGRA acabava de lançar Aurora Consurgens.