AGENDA
BANDAS
ENTREVISTAS
CDS
DVDS
DEMOS
LIVROS
SHOWS
MATÉRIAS
PROMOÇÕES
LINKS
CONTATOS

STUMM
I
Aesthetic Death – imp.
O nome já prediz o conjunto: Stumm é um trocadilho com Stoom, que é o rótulo utilizado pelos aficionados para o subgênero Stoner/Doom. E o grupo em pauta abrange um universo ainda maior de influências. Formado em 2003 na Finlândia pelo guitarrista/vocalista Jukka, o Stumm produz uma ode à agonia com seu Stoner/Drone Doom Metal macambúzio e afetado. São riffs compridos, linhas de microfonia e ritmo a beirar o zero, conspirando contra o ouvinte em música fria e perturbada. A todo instante tem-se a certeza de que os vocais podres, vomitados e abomináveis de Jukka estão a predizer a morte que se aproxima. Não há estrutura melódica e muito menos procuram arquitetar qualquer composição empolgante ou elegante. Aliás, elegância é algo que nem o mais atencioso ouvinte encontrará em I, tamanho clima tétrico por ele instigado. Esse é o primeiro disco do grupo e compreende regravações das melhores faixas de suas duas demos anteriores; foi lançado apenas na Finlândia em limitadíssimas 2000 cópias. Por fim, ratifico que o Stumm é um grupo direcionado para os mais ardorosos fãs do estilo e que constitui uma das mais desgraçadas e doentias homenagens à agonia e à morte! Enfim, nada indicado para fãs de música bonitinha, mas um prato cheio para fãs de Cortisol (depois tome uma cortisona em seguida), Khanate, Burning Witch, HALO, Funeral Dirge (já citado aqui e criticado por mim, mas tem gente que gosta deste tipo de tosqueira), etc.
PR – 8,0

OBSCURE-PANDEMIC GENOCIDE
Satanic Rebelmageddon Split
Old Temple – imp.
Este split da Old Temple Records me impressionou bastante pela qualidade de seu formato, que vem como se fosse uma pequena resista informativa com um pequeno CD preto dentro (mini-cd)!  Ambas as bandas neste split são bandas polonesas e como eu mencionei em resenhas anteriores da Old Temple Records  estas bandas estão para provar que a Polônia não é apenas um país para crianças nacionalistas e racistas.  A Polônia é também um país onde o verdadeiro Metal extremo prevalece.  Bem, este CD é limitado a mão por 520 cópias.  Então, se tu queres uma dose de Metal extremo em tuas veias confiram estas duas hordas polonesas! 
PR – 8,5

SHINING
V/Halmstad
The End Records – imp.         
Shining é uma banda sueca considerada pioneira do subgênero conhecido como Depressive ou Suicidal Black Metal (só perde em termos de suicídio, agonia e desespero para o Forgotten Tomb – quase todos que resenham discos deles, se suicidam depois e nem dá tempo de publicar a crítica). Humor negro a parte, as músicas são agressivas como no Black Metal, porém com algumas partes mais melodiosas e melancólicas. Neste álbum em especial, essas partes são compostas por pianos e guitarras limpas. Os vocais são os tradicionais do Black Metal, porém com um desespero a mais em suas músicas. Os gritos são chorados e até mesmo sussurrados. Por mim, eu diria que é um Black Metal com influências do Dark Metal e do Doom Metal. Mas a banda é extremamente original, então não se levem muito por rótulos. O que desaponta um pouco são as coisas que a banda faz além da música. Nos shows da banda, é comum o incentivo a auto-mutilação como provocar hemorragias e amputações de dedos e falanges. Isso tudo seguido pelas letras altamente depressivas e sugestivas da banda. Não sei o que tem que ver, mas Halmstad é o nome da cidade sueca onde a banda se formou.
PR – 8,5

BESTIAR
Lethal Venom
Old Temple – imp.
A Old Temple acabou de editar Lethal Venom, o disco de estréia dos Bestiar, que são descritos pela editora como uma poderosa banda de Death Metal old-school. A edição do disco é em CD-r e limitada a 666 cópias numeradas à mão. Como é um CDR, como são poucas faixas e todo artesanal o seu encarte (parecendo uma revista, livro ou DVD) me abstenho de falar mais. Outra coisa, Bestiar não é um caipira falando “bestial”, significa outra coisa,  ó provinciano!
PR – 7,0

SIGH
Hangman's Hymn
The End – imp.
Muito se tem falado de Black Metal e de bandas que recuperam uma faceta mais tradicional e primitiva como os Deathspell Omega, Furze ou por exemplo os Leviathan. Os próprios Sunn0))) encarregaram-se de atirar as atenções todas para o estilo aquando o lançamento de Black One. Por outro lado existem bandas que tendem a romper com os limites, metamorfoseando cada vez mais o Black Metal, tornando-o até incaracterístico, vejam por exemplo, a evolução musical dos Ulver. Os Arcturus e Enslaved merecem destaque por terem lançado discos geniais mantendo a brutalidade e frieza dos primórdios, adicionando outras influências como a música psicadélica “floydiana” ou até a electrónica entre outras. Quando todos olham para os países nórdicos para contarem uma história, esquecem-se que no Japão existem bandas como os Sigh. Formados em 1989 estiveram "presentes" no eclodir do Black Metal, assim como foram mutando o seu som mais Black/Thrash na linha de Venom e Celtic Frost para nos últimos anos se terem tornado uma das bandas mais geniais e vanguardistas. Os primeiros passos deram-se com a atenção dada por Euronymous (Mayhem) e da sua amaldiçoada editora Deathlike Silence, selo do primeiro trabalho dos Sigh, Scorn Defeat, isto em 1993 pouco depois de Varg Vikernes ter morto Euronymous - com ele acabaria por desaparecer a editora.  Os Sigh continuaram a trilhar caminho transformando cada vez mais o seu som que na altura de Hail Horror Hail resultou em Black Metal formato banda sonora de filmes de terror. Aliás os filmes de terror mantiveram-se sempre como uma clara influência para os Sigh. O alquimista dos teclados, Mirai, chegou a juntar-se aos Necrophagia que detinham os rumores de Phill Anselmo pertencer ao lineup. Mirai envolveu-se ainda em trabalhos de bandas como os Meads of Asphodel, Cut Throat, Hallowmas e Hidden. Mas foi com Imaginary Sonicspace que as coisas atingiram novas dimensões. O colectivo usou equipamento do período psicadélico dos anos 70, mas não ficaram parados na máquina do tempo. Com um artwork feito por Stephen O'Malley, ninguém esperava que aquela capa verde cheia de formas estranhas escondesse tantas surpresas. Um disco carregado de teclados e orquestrações (usaram-se Moogs, Hammonds, Rhodes e tudo que pudesse criar sons "exóticos" para o estilo). Com o distanciamento dos filmes de terror, afirmava-se o imprevisto esquizofrénico de músicos como John Zorn ou Frank Zappa. Mirai não esconde as suas influências, para além de ter tido aulas de piano clássico durante mais de 20 anos, mantém a paixão pela música clássica, algum free-jazz e bandas/compostiores como The Beach Boys, Stockhausen ou Xenakis etc. PR – 8,0

DIRGE
And Shall The Sky Descend
Osmose – imp.
A gravadora francesa Osmose, uma das maiores dentro do Black Metal (já foi a maior) além de lançar bandas com sonoridade tradicional, dentro do Black, também opta por descobrir e revelar novas tendências, mas ainda dentro das raízes. Sendo assim, eles apostaram na banda francesa Dirge e, embora a França não produza tantas bandas em quantidade e qualidade, eles surgem como uma aposta. Claro, And Shall The Sky Descend tem toda aquela atmosfera satânica, obscura e sombria, mas o peso passou longe aqui. Este disco que tem apenas quatro faixas, embora elas sejam meio longas. No começo, com a carro-chefe que abre o CD, acho que seja uma introdução rotineira em discos deste estilo. Mas avanço ela e avanço as demais faixas e o mesmo acontece. Barulhos de ventos, dedilhados e batidas lentas, uma certa pretensão Progressiva, uns urros aqui, outros sussurrados ali, e temos um disco que pode ser de Ambient, Darkwave, Avantgarde, ou Post Metal, como chama a gravadora e a banda se intitula. Depois do Post Punk, temos o Post Metal. Se depender de And Shall The Sky Descend, esse tal de Post Metal já está com os dias contados. Indicado para fãs de Ambient, Darkwave e Avantgarde e da banda Neurosis (é que mais se parce). Fazia tempo que não tínhamos um disco Atmosférico e Celestial. Lembra como nós jornalistas, usávamos estas palavras para descrever este tipo de música na segunda metade dos anos 90? Pois é, o tempo passa. JCB – 7,0

ARKHON INFAUSTUS
Orthodoxyn
Osmose – imp.
Boa banda de Black Death Metal, com direitos a blast beats e tudo! Aí do nada, entra uma guitarra meio Doom no começo de La Particule De Dieu. A banda é mais Black do que Death, mas como citado nesta faixa tem muito de Doom sim. Está tudo parado, lento, catatônico, que nem uma cataplasma, de repente, descamba para uma pacandaria sem precedentes. Tudo isso com letras em francês (também, 90% dos ouvintes não iria entender nada mesmo, qualquer língua que fosse, tão gutural que é) e um clima mórbido, soturno, juno e agonizante. Uma das bandas de Black mais depressivas que já ouvi, no estilo Forgotten Tomb. É isso aí. Mesmo com as partes Death para “alegrar”, vem as partes de Doom para entristecer. Bom disco para os fãs do estilo, mas ao contrário do título do CD, de ortodoxo, Orthodoxyn não tem nada. Outros destaques são Narcofili Sancti, Evanggelion Youdas e Magnificat Satanas. Deprimente, depressivo, moribundo e melancólico. Um disco triste de se ouvir (no bom sentido claro). RC – 8,0

MARDUK
Rom 5:12
Regain Records – imp.
A banda está cada vez mais Brutal, mais seca (o que não é novidade, em se tratando de uma banda sueca), rústica, crua e etc. Depois de discos matadores, que chegaram a ser rotulados por alguns como Black Metal Rock (um Black Metal mais acessível, mas sem teclados e sem ser melódico muito menos sinfônico – um Black mais simples, mas sem ser tosco e com algo de Motörhead) em discos como Panzer Division Marduk e La Grande Danse Macabre, em Rom 5:12 eles estão cada vez mais próximos de sua raiz, sem no entanto, perder e comprometer a evolução técnica e em produção de discos. A capa remete ao famoso Dead Man’s Party, ou Fiesta del Homem Muerto, que é o Halloween dos mexicanos, mas que não tem nada a ver com o Halloween. The Levelling Dust abre na melhor tradição dos suecos, e Cold Mouth Prayer é destruidora, agressiva. Imago Mortis é cadenciada e dá uma pausa na velocidade com um clima mais épico. Outros destaques: Through The Belly Of Damnation, Limbs Of Worship e Vanity Of Vanities. Mesmo o Black Metal sem ser pomposo e sem ser tão tosco, ou seja, na veia mais tradicional, como é Rom 5:12, consegue se superar. RC – 9,0

TRELLDOM
Til Minne...
Regain Records – imp.
Banda norueguesa com um enorme culto dentro do Underground europeu, trata-se de um projecto pessoal do Gaahl vocalista de Gorgoroth,para quem não sabe. Depois de uma enorme pausa que foi o pos "Til et annet..." o senhor está de volta. Ou melhor de volta aos álbuns porque a sonoridade é mais um regresso ao passado que outra coisa falando quer de ambientes ou em comparação com o que se vai fazendo hoje em dia dentro do BM. O grande destaque vai sem duvida para o Gaahl, uma das personagens mais polemicas e fascinantes dentro do Underground nos últimos anos,que aqui ass(ass)ina um excelente trabalho. A voz rasgada do homem ou besta aqui soa perfeita, um pouco como no AMSG de Gorgoroth. Se o Atilla faz o que faz o Gaahl também consegue o mesmo efeito, mas em vez do som irreal e fantasmagórico ele consegue criar um efeito mais mórbido e frio. Melodias necro e com um certo sabor épico e gélido ajuda a criar um excelente efeito sonoro, fazendo baixar a temperatura a nossa volta. DarkThrone é um nome que talvez venha mais a memória para quem ouve as primeiras vezes mas não só,se ouvirem o álbum com atenção verão que muitas mais coisas sem escondem por detrás da muralha sonora de Trelldom. Desde influencias meio "árabes" como o que se ouve no tema From This Past até pequenos e sutis apontamentos que lembram os velhinhos Storm ou no folkiano Eg Reiste i Minnet nas partes mais rápidas a sonoridade de um DMDS ou de um Dark Waters Stir como o Steg...10 minutos de viagem alucinante pelo meio de fiordes e florestas nordicas, que juntamente com o Bortkomne Svar me enchem as medidas. Para concluir é um excelente regresso de uma banda especial, para pessoas especiais e um dos grandes nomes da cena BM nórdica de sempre na minha opinião. Afinal a chama ainda continua a arder por aqueles lados... por vezes com cada vez mais intensidade. PR – 9,0

NORTT
Graven
Red Stream – imp.
Este é um disco digno de ser chamado de um artefato de Black Metal. Graven vem na sua vertente mais fria, triste, melancólica, depressiva e angustiante, rotulada de Pure Depressive Black Funeral Doom Metal. Sim, ele também apresentam elementos de Doom, com passagens lentas e aflitivas. E a parte funeral no rótulo/estilo da banda, pois o disco inteiro parece um infindável e interminável Réquiem. Triste, tétrico, mas sublime, se sua aura for realmente satânica, ou ao menos pagã, vai ficar lisonjeado em poder ouvir Graven! Se você ainda não conhece o Nortt, mas já ouviu Xasthur, irá apreciar esta peça com seis odes ao desconhecido e ao lado mais sombrio e negro de sua alma. O Nortt não chega a ser tão “prazaciano” quanto o Forgotten Tomb (essa banda sim, uma trilha sonora para o suicídio), mas sim aos tempos de recolhimento de seu ser. Os vocais são sussurrados satanicamente, as guitarras criam essa atmosfera de forma minimalista, quase monocórdica, com solos quase não virtuosos, mais cheio de feeling negro, bateria simples, com pegada na medida certa para que o baixo, instrumento principal deixe tudo mais denso e organizadamente caótico ao mesmo tempo. O Nortt continua Melancólico, depressivo, atmosférico, ambiente, avant-garde, atmosférico, celestial e infernal ao mesmo tempo, como seu antecessor, Gudsvargt, que saiu pela finada Die Hard dinamarquesa. Não dá pra destacar nenhuma faixa, pois o disco é uma obra (prima) completa. RC – 8,5

DEMONCY
Faustian Dawn / Within TheSylvan Realms Of Frost
Red Stream – imp.
Uma edição de luxo de relançamento. Esta Demoncy's deluxe re-issue é uma das maiores vedetes do Black Metal atual. Sim, pois faltava e ainda falta ao Black Metal geral mais luxo e qualidade em formatos. E esta banda mereceu essa atenção, afinal, Underground não significa falta de qualidade, e sim, opção musical. Esse disco duplo em digipack, edição 2 em 1, composto por dois discos, Faustian Dawn e Within The Sylvan Realms Of Frost. Este re-issue, representa uma ultra cruel e bárbara ode aos espíritos negros e anciãos. Aqui, temos Black Metal mesmo (sem ser Funeral, Fast, Burning Churches, Extreme, War nem outras frescuras) na verdadeira acepção da palavra. Impossível citar destaques, pois são dois marcos no estilo. O duplo digipack, que tem uma dobradura diferente para abrir (luxuosa mesmo), sendo que Faustian Dawn é composto pela demo homônima de 93, com bônus de duas demos ensaios (rehearsal tape’s) com três faixas de 95 e outras cinco de 96. Já Within The Sylvan Realms Of Frost é o disco de 96, com bonus de Hypocrisy Of The Accursed Heavens (demo de 95) e Ascension Of A Star Long Since Fallen (demo de 95 também). Atente que, nos não tão distantes anos da primeira metade da década de 90 (mas que parece tão longínqua), as demos (que na época em fitas K-7 mesmo, nada de CDR) constavam nas discografias das bandas de Black Metal e eram citadas como influências e eram cultuadas e comercializadas como os CDs hoje (apesar de ainda existirem selos Underground que só lançam fitas K-7). Obrigatório! RC – 10

BESATT
Triumph Of Antichrist
Undercover Records – imp.
O Besatt é uma das maiores bandas de Black Metal da Polônia e de todo o leste Europeu. Trazendo o Baphometh na capa, a horda pega pesado neste disco intitulado Missa Negra (Black Mass). Daqui ecoa o mais profundo e bizantino Satanic Black Metal, e Triumph Of Antichrist já é o quinto opus da horda. As letras, além das blasfêmias (que não minha opinião, de blasfêmia não tem nada, pois o que eles retratam é a pura verdade), odes a Satã e críticas à igreja cristã e seus seguidores cegos e fanáticos. Musicalmente, estamos diante de um artefato poderoso, visceral, pútrido e vociferante, mas ao mesmo tempo bem produzido, tocado e pequenas influência de Death Metal. Destaques? Nenhum, a obra é letal como um todo. Triumph Of Antichrist é para ser ouvido do começo ao fim! RC – 8,0

ALCEST
Souvenirs D'un Autre Monde
Prophecy – imp.
Levadas de violão e guitarras limpas lembra o australiano The Church, primeiro CD que eu comprei na minha vida (não primeiro disco, muito menos primeiro vinil, mas primeiro no formato Compact Disc – quer saber os cinco primeiros, além do The Church? Skid Row, Iron Maiden, Whitesnake e Stone Roses). Les Iris lembra algo das Guitar bands de Manchester (Inglaterra), como Stone Roses, Happy Mondays (depois Black Grape), James, Blur, etc. Já grande parte das demais faixas lembra o Green Carnation, também projeto mais Alternativo, metido a Progressivo, levado a Cabo (não Wabo) por integrantes de bandas de Black Metal. Destaque ainda a inglesa cheia de “fog” londrino, Tir Nan Og. Poderia ser melhor, se fosse mais Metal, mas está bom por enquanto, mas escolheram a pessoa errada para resenhar esse tipo de som. RC – 7,0

BLACK FUNERAL
Waters Of Weeping
Masterpiece – imp.
Por que quase toda banda de Black Metal de hoje em dia resolve sempre colocar uma introduçãozinha metida a macabra no começo? As introduções são melódicas cheias de sinfonias, não tendo nada a ver com a música que vem a seguir. E no caso do Black Funeral, seu som faz jus ao nome da banda. Temo um Raw Black Metal, furioso, sagaz, vocais vociferados, você sente que a garganta do vocalista irá para o vinagre daqui alguns anos, ou terá que ser pioneiro em cantar com uma traqueotomia na garganta. Nos momentos mais lentos, onde a banda soa mais depressiva, melancólica e angustiante, ele mais fala macabramente do que urra, com backings vindos sabe Satã de onde, bem soturnos e negros. Essa variação de andamentos e velocidade (e vocais) é o diferencial da banda, pois a grande maioria mantém num disco o mesmo vocal, a mesma velocidade, os mesmos riffs, etc. A banda reproduz em sua contra-capa a “árvore-da-vida” com todas as suas sephirot (plural de sephirat), como é chamado cada estágio (muito usado na cabala), mas a banda deturpou e refez essa árvore-da-vida mudando o nome das casas, colocando a hierarquia e organograma das entidades infernais. Waters Of Weeping é dividido em três partes, sendo cada faixa narrada cada etapa da peregrinação das sephirot. Peregrine com Waters Of Weeping, um autêntico Black Metal, cuja capa e arte gráfica toda em preto e branco, remete (e também na música) ao Darkthrone. RC – 9,0

THE VISION BLEAK
The Wolves Go Hunt Their Prey
Prophecy – imp.
As imagens remontam ao começo do século passado, e finalzinho do retrasado, o final da era bucólica do planeta Terra. Aí você espera algo Folk, e pelo site da banda e imagens, talvez algo mais Gothic e Dark. Tem, algo disso tudo sim, mas temos ainda elementos de Metal Extremo, mais de Black Metal, misturado e acrescido de Gothic Metal, Dark Metal (seria o rótulo ideal) e algo ainda de Darkwave. Um misto de Atrocity, com Fields Of Nephilim, de The 69 Eyes, com vocais e passagens à Deathstars, sem, no entanto, ter elementos eletrônicos muito menos remeter ao Industrial) e mais algo mais obscuro que não me vêem à memória concretamente, mostrando que sim, eles conseguiram alcançar uma sonoridade própria, ainda que remeta à várias outras coisas. Fugindo disso, vem a partir da faixa 4, a The Black Pharaoh Trilogy, com linhas egípcias e árabes nas melodias e coros, teclados e climas épicaos (essa foi boa, o caos épico), que remontam a esta era faraônica e cleopatriarcal (onde Cleópatra mandava – essa foi melhor ainda!). Matadora estas partes, mas esqueça a sonoridade egípcia de um Nile (menos brutal), Anubis Gate (menos melódico) e Armana Sky (menos Doom). Imperdível, tétrico e arqueológico! RC – 9,0

LUNA AD NOCTUM
The Perfect Evil In Mortal
Metal Mind – imp.
A banda que faz (o que a gravadora e a banda própria de auto-intitula) Lunar Black Metal vem com um disco excelente! Na verdade, o som deles vai na esteira do Covenant (antigo) Sirius entre outros. Se o Covenant fazia Polar Black Metal, não tem muita diferença neste Luna Ad Noctum. Afinal, é Black Metal sim. Com toques melódicos, sombrios, frios, melancólicos, com algumas poucas orquestrações. A banda é polonesa e foge das bandas de seu país, onde a maioria soa mais brutal, o Luna Ad Noctum soa mais “sutil”, se é que você me entende. Esta espécie de trilogia que a banda cisma de levar a cabo é boa, visceral, pesada e sofisticada, longe da podreira característica do estilo. São “apenas” nove faixas em The Perfect Evil In Mortal. Digo “apenas” pois quando chega a última faixa (the last track) Loneliness Ruined My Life, o gosto de quero mais faz você botar seu CD player no repeat. É. A banda ainda tem um bom gosto para arte gráfica (este The Perfect Evil In Mortal tem capa e encarte matadores!), com seus discos sempre usando e abusando de um verde frio, gélido, quase boreal, assim como o seu site inteiro. Você vai ficar em dúvida se bangueia ou senta e lê o encarte, ou presta atenção em todos os detalhes musicais deste The Perfect Evil In Mortal, que é riquíssimo neste sentido (eu ao menos, não tive coordenação motora nem para ouvir e fazer essa resenha ao mesmo tempo: tive que fazer uma coisa por vez). The Perfect Evil In Mortal é um tapa na cara da sociedade e de tantos reais que se gabam por ter apenas 2 ou 3 fitas demos toscas de bandas que só eles conhecem e se acharem os únicos Blackmetaller’s do pedaço (sim, ainda tem gente assim). O Luna Ad Noctum mostra que, sendo bem tocado, bem produzido e técnico, tudo isso pode levar o Black Metal a um extremo cada vez mais infinito, assim como o Universo, que sempre está se expandindo. Destaques para as cósmicas The Perfect Evil in Mortal, Devilrising Impact, Deceptive Fatality e Dimness In Me, além de Humana Androide (também tem vida inteligente não só no espaço, mas dentro do Black Metal, para falar de temas inteligentes e eruditos fora do Satanismo). Enfim, os litúrgicos dizer que os moradores da Lua são os selenitas; os da ficção científica, os chama de propedeutas. E os leigos, os chamam de lunáticos mesmo. Enfim, seja como for, se um dia tivermos que abandonar a Terra e habitar nosso satélite natural tão querido e versado em poesia e magia, o Black Metal está garantido lá! RC – 9,0

SAURON
The Channeling Void
Carnal – imp.
Esta excelente banda executa um tal de Apocalyptic Black Metal, bem intenso e impressionante. A banda holandesa (país com mais tradição no Death e outras tendências mais melódicas do que Black mesmo) pode também ser enquadrada no War Metal, devida algumas passagens mais intensas e bélicas e suas letras de guerra. A banda em breve estará no mesmo hall que outras bandas do estilo, como Amon Amarth, Bolt Thrower (principalmente). Não confunda esta banda com outras que vêem da Argentina, Estados Unidos e Polônia. As melodias são épicas, amarguradas, tristes, por vezes angustiantes, frias por assim dizer. O quarteto formado por Herr AIDS (baixo), Sunless (guitarra), Ludas (vocais) e Eclipse (bateria), a banda fez oito faixas impiedosas, com destaques para Know My Word Is His, Crowning The Swarm, Council Of The Impious (Vicarius Filii Dei), The Great Destroyer e 7. Gutural, Brutal, Black (ainda que Death também). RC – 8,5

THERIOMORPHIC
Enter The Might
Independente – imp.
A banda vem de Portugal, país que vêm crescendo no meio extremo e os Theriomorphic não são exceção e uma das maiores revelações de lá. Enter The Might é o debut desta boa banda e é um bom opus. Aliando ao Death Metal, sua música passeia pelo Death Black, ora Death, ora Black, ora os dois juntos, com influências de bandas americanas e européias. Sem muitas melodias nem muitas frescuras, onde os destaques são as impiedosas, inquietantes e destemidas, ...And The Sorrow Night, Bloodled Hope e Till Death To You Party, que é matadora e visceral. Pouco a se dizer e muito a se falar. RC – 7,0
theriomorphic@gmail.com

ROTTING CHRIST
Theogonia
Season Of Mist – imp.
Novo disco da maior banda grega de Black de todos os tempos! Agora pela Season Of Mist, uma gravadora menor que a Century Media, mas que dará suporte, e além do que, o nome Rotting Christ já funciona por si só, seja por todos aquelas que já o conhecem, seja por que esteja os conhecendo agora, afina, existe nome mais Black Metal do que esse? Em Theogonia, a banda continua seu Black Metal específico. Sim, depois dos Dark’s A Dead Poem e Sleep Of The Angel, a banda voltou às suas raízes brutais, que permanecem até agora. Mas, os elementos Góticos se fazem presentes também! Aliás, esta é a característica da banda: fazer um som extremo, mas ao mesmo tempo melódico e melancólico. O vocal de Sarkis continua variado, dos berros, urros, gritos, vocais limpos gravíssimos e soturnos! As guitarras com seus riffs incandescentes, também são uma usina nuclear! A cozinha, discreta, mas eficaz e brutal. As composições beiram a perfeição e Theogonia pode ser sem dúvida, o melhor disco da banda, pois trás um apanhado de tudo o que a mesma fez até hoje, sem ficar em cima do muro e soando homogênea! Soando Rottin Christ! The Sign Of Prime Creation abre como um murro na cara, seguida da apoteótica Keravnos Kivernitos. He, The Aethyr é hipnótica e Phobo’s Synagogue é cheia de suspensa, cadenciada e mais acessível, um puta Metal! Encerrando, Threnody, mas cavalgada, com melodias marcantes que você se lembrará por horas depois de tê-lo escutado! Não tem jeito, eles são os reis do Black Metal e pronto! JCB – 9,5

ARCTURUS
Sideshow Symphonies
Season Of Mist – imp.
O Arcturus sempre foi uma banda difícil de assimilação, com seu tipo europeu de fazer Metal Extremo. Agora, a banda meio que segue a linha do atual do Doom, com vocais mais limpos, ainda que graves, músicas suaves e etc. Mas o Arcturus ainda é Metal, bem Metal! Soturno, sorumbático as vezes, tétrico em outras. Shipwrecked Frontier Pioneer é exemplo disso, quase Doom, quase Gótico, Dark! Deamon Painter é quase Power e em Nocturnal Vision Revisited tem alguns teclados tétricos, cadenciada, com um certo swingue, mas obscura! E assim prossegue Sideshow Symphonies, com composições pesadas, densas e dramáticas! Enfim, um som extremo para uma nova era, um novo milênio, sem perder as raízes! RC – 8,5

 

CIRITH GORGOR
Cirith Gorgor
Ketzer – imp.
Black Metal rápido e direto, cru, ríspido e gélido. Aliás essa citação cru, ríspido e gélido, virou sinônimo desse tipo de som, já que hão vários e inúmeros tipos de Black Metal, esse tal de cru, ríspido e gélido não é o único! A horda Cirith Gorgor, cujo álbum leva o mesmo nome da banda, chega ao 4º full-length e tem passagens velozes e brutais mescladas com melodias obscuras, riffs caóticos, baixo como instrumento de tortura e bateria como um chakal! Os vocais são vociferados, deste War Black Metal, bélico ao extremo! Pega o tracklist dessa máquina de Guerra, um verdadeiro Panzer. Total Annihilation, The Black Hordes, Demonic Incarnation, Ritual, Master Of Dark Sorcery, Warcry Of The Southern Lands, Der Untergang / Ïîáåäà!!! (que porra é essa?).
RC – 7,0

TROLLECH
Skryti V Mlze
Ketzer – imp.
Banda de Forest Black Metal, ou seja, o mais puro Metal Negro emergido das mais densas florestas do norte do planeta. São dez faixas de odes aos espíritos malignos, em forma de música crua, fria, ríspida e épica! As letras abordam a essência e o espiritualismo pagão, assim como os elementos da natureza! Faça uma trilha na floresta do mundo negro acompanhado dos espíritos anciãos das matas! Destaque para Volam Do Lesu, Zelena Ruka Jara e Zeme Obru, além da intraduzível Ljesi. RC – 8,0

GJENFERDSEL
I
Ketzer – imp.
O que é, virou moda. O Gjenferdsel lança um disco chamado I (eu em português) e depois os caras do Immortal lançam um projeto chamado I, com o nome do disco Between The Words. Mas pasmem: de tantos I’s (eus), este aqui foi o primeiro! Ambos vem da Noruega e fazem Black Metal, mas o Gjenferdsel executa aquela linha que as próprias bandas precursoras do movimento, como o próprio Immortal, mais Emperor, esqueceram. Aqui, eles abrem mão de qualquer melodia e lançam mão apenas de dor, ódio, rancor e vingança. A banda ainda tem algumas quedas para o Death Metal, apenas para apimentar e abrilhantar este nobre artefato, que traz como opus, faixas como Svik, Stolthetm, finalizando com a macabra e mórbida Thurs. RC – 8,5

DAEMONLORD
Hellfire Centuries
Ketzer – imp.
O selo alemão prima por lançar bandas de Black Metal com algumas passagens de Death Metal, fazendo o som deles soarem um pouco diferentes das demais formações do Metal Negro e Satânico. Depois de duas demos, dois full length’s e alguns splits por aí e turnês pelo centro da Europa, chega com este grandioso Hellfire Centuries, que é um artefato rápido, cru, forte, intenso, poderoso e guerreiro, mas ainda melódico. O duo é Kepa na Heavy Artillery (ou seja, quase todos os instrumentos) e Egnar (nuclear screams, ou seja, o porta-voz do inferno!). Satã os saúda!
RC – 8,5

KARNAL
Raptus
Ketzer – imp.
São apenas cinco faixas de Black Metal, com muita coisa de Death, alguns riffs de Thrash, então não dá para rotular e afirmar o que a banda é ao certo. De qualquer é Metal Extremo, nem tanto dos bons. Raptus tem apenas seis faixas, a banda é francesa, não convence, e a capa é ridícula. O selo Ketzer tem bandas muito melhores do que essa, algumas resenhadas aqui mesmo. Então, vá atrás delas e esqueça esse Metal carnal. PR – 6,0

HORNCROWNED
Satanic Armageddon
Ketzer – imp.
Hyper Fast Church Burning Black Metal! As vezes se criam tantos rótulos que acabamos nos confundindo, e no final das contas, é tudo Black Metal. De qualquer maneira, a idéia deles musicalmente e liricamente, é de botar fogo rapidamente nas igrejas (sentido figurado). Realmente Satanic Armageddon é um trabalho esmagador e destruidor. O quinteto fariseia, heregeia, paganeia e blasfema de forma anti-cristã, em favor de seu inimigo. Eles estão com os seus corpse paints prontos para a guerra! Destaques para as batalhas de Hatred Anthem, Black Seeds Of Holocaust, Crowned Is Hell e a faixa-título. War Metal! PR – 9,0

VORKUTA
Into The Chasma Of Lunacy
Paragon – imp.
Black Metal puro e simples. Literalmente. A banda é húngara, e sua música é fria e ríspida, sem concessões. A banda resgata o Black Metal cru do início dos anos 90, tanto de bandas norueguesas, como até do sueco Bathory, mais dos anos 90 do que o começo mais simplista e tradicional dos anos 80. A banda lança mão de algumas melodias épicas, mas sempre envoltos numa aura satânica. Indicado para fãs de Darkthrone e Burzum e também Mayhem. RC – 7,0

EVIL DEAD
Spomienky Na Predkov
Osiris Productions – imp.
Banda infernal e malestosa vinda da Eslováquia (país que se desmembrou da Tchecoslováquia, ficando a Eslováquia num canto, e a República Tcheca do outro). Só isso já merece nosso respeito, por um passado recente de guerras, sangues, lutas, perdas, dor, repressão e autoritarismos. Agora, estes países do Leste Europeu conseguiram sua “liberdade” depois da Perestroika, mas se deparam com problemas internos terríveis, como guerras civis, fome, miséria, pobreza, doenças, enormes diferenças religiosas e culturais, que a democracia pura e simples não resolveu. Ou seja, o Leste Europeu inteiro não tem nenhum motivo para sorrir. Sendo o porta-voz da Perestroika satânica, vem o Evil Dead, com seu Black Metal cru e atmosférico, ao mesmo tempo, uma verdadeira viagem às infra-dimensões. Se quiser ouvir como é o som do inferno, ouça Spomienky Na Predkov, que é inteiro na sua língua natal. RC – 9,0

KULT
Winds Of War
Mystic Arts – imp.
Apocalíptico Black Metal, assim se define a banda. E até é, com o seu War Black Metal Raw. A horda é italiana e este artefato Winds Of War assustará aos mais desavisados. Inspirado na Old School do Black Metal, seja na capa em preto e branco, seja na produção, execução e gravação precária, idem para os instrumentos e seus músicos, a banda tenta e consegue resgatar aquele clima satânico do começo dos anos 90. Isolação, perdas, dor, escuridão e guerra contra os cristãos são a tônica, seja liricamente, seja musicalmente. Winds Of War abre com uma intro Alpha, cheia de ventos e tal, para descambar na porradaria da faixa-título, seguindo Il Crepuscolo, Torture, Seven Blades e assim vai até encerrar com Omega, última letra do alfabeto grego. Destruidor! RC – 8,0

WELKIN
The Origin
Shiver – imp.
A palavra Welkin foi o nome escolhido por este grupo belga em 97. Cinco anos mais tarde, gravaram Angel Inside, ao estilo Deathcore. Mudaram (ainda bem) o estilo para o Death Metal e começaram a peregrinação até lançar The Origin, que começou a ser composto em 2005 e terminou no final de 2006. Influências de Aborted são sentidas e esta banda é mais uma para alçar e reforçar o nome da Bélgica no Metal Extremo europeu, que ainda vê o nanico país com certe desconfiança. Claramente eles representam no que se pode chamar de New Wave Of Belgian Death Metal (NWOBDM). PR – 7,5

MOKER
Translating The Pain
Shiver – imp.
Os belgas do Moker formaram-se em 2003 por membros da banda de Metalcore Linpchin. O baterista e o guitarrista queriam tocar um som mais extremo, agressivo e brutal, mas com menor orientação HC. Assim, entraram no caminho do Death Metal, incluindo mais dois elementos ao projeto: um vocalista e um baixista. Com o primeiro álbum, apresentam-se com um mix do Brutal Death Metal com o Death Melódico e ainda com breves passagens do finado, mas ainda influente no som da banda, Metalcore. Como guest vocals, membros dos Suhrim e In-Quest, e o "artwork" da capa ficou a cargo de Svencho (ABORTED). Recomendado. PR – 7,0


Próxima Página