DORSAL ATLÂNTICA / METALMORPHOSE
Ultimatum
Metalli Records – nac.
Ah! Isto é histórico! Como a cada ano, milhares de novos jovens, começam a se tornarem Headbanguers, é normal todos quererem saber da história do Metal brazuca. Uma das principais bandas nossas, senão a principal, foi o Dorsal Atlântica, do controverso Carlos “Vândalo” Lopes. A outra banda, que dividiu este espaço, foi o Metalmorphose, não tão importante quanto o Dorsal, mas mais cult! E agora, este clássico, é relançado em CD, para que as novas gerações tenham acesso. No longínquo ano de 1985, ano do primeiro Rock in Rio, onde nomes como AC/DC, Ozzy Osbourne, Whitesnake, Queen, Iron Maiden Scorpions e Yes tocaram, era o começo de nosso mercado editorial, com as primeiras edições das revistas Rock Brigade e Metal, e era lançado Ultimatum. As duas bandas são do Rio de Janeiro, e enquanto o bicho pegava em Minas Gerais com Overdose, Sepultura e Sarcófago, e em SP com os SP Metal e todas as demais bandas, o Rio de Janeiro tinha a sua cena, e estes dois grupos eram os mais representativos. Numa preciosa iniciativa do baixista do Metalmorphose, André Bighinzoli, que contou com o auxílio do músico e jornalista Carlos Lopes (atual Mustang, Carlos abandonou o Metal). A gravação foi remasterizada, mas a arte da capa e contra capa foi mantida preservando o original. Engraçado, pois a tiragem inicial do LP na época era de 500 discos, e hoje, o relançamento em CD deve chegar pelo menos em 1000. Isso mostra que, quem curtia Metal naquela época era um público muito menor do que hoje, mas eram verdadeiros heróis. Frases como “Morte a todos os falsos, essa é a minha vontade” no Metalmorphose e “Deus dê vida longa aos meus inimigos para que assistam minha vitória” no lado Dorsal mostram o espírito. Não há o que resenhar mais, apenas você cumprir com a sua obrigação e comprar este artefato, antes que acabe! Quanto á qualidade das músicas, fica a seu critério, pois não tenho coragem de comentar e cometer uma injustiça. Seria como fazer uma resenha do quadro da Mona Lisa. É uma obra acima de qualquer crítica, pelo seu caráter histórico. RS – 10

BLAZING DOG
Metallic Beast
Independente – nac.
A banda, apesar do nome, capa e visua dos caras, bem como sua postura, dá-se a entender que poderia ser algo de Thrash Metal. Ledo engano, trata-se se uma banda do mais puro Heavy Metal Tradicional. O Brasil gosta muito deste estilo e pariu boas bandas do mesmo, muitas calcadas na NWOBHM. Aqui, a banda tem algo da Nova Onda Inglesa (que deixou de ser nova há muito tempo), mas não só isso, como é o caso do Fates Prophecy, entre outros. A banda também tem influências do Power Metal dos anos 80, aquele mais pesado e agressivo, longe do Power Metal dos anos 90, que na verdade, era Metal Melódico com dois bumbos. Influências de bandas norte-americanas como Manowar, Queensrÿche (do começo de carreira) e outras mais “novas” como Iced Earth e Nevermore são bem-vindas. O vocal tem aqueles tons mais altos, sem serem gritados irritantes (como o Melodic Metal dos 90’s). Sem destaques individuais, pois todas as 11 faixas, são acima da média. Quando você ouve uma e acha legal, na seqüência vem outra melhor ainda! Mérito, em tempos de CDs de hoje em dia com 18 faixas e se salvam apenas 2 ou 3. a pegada dos caras é tamanha, que dá a impressão do disco ter sido gravado ao vivo em estúdio, ou sejam todos tocando juntos. Metallic Beast honra seu nome e é sensacional! RS – 8,0

Faixas:
01. Will Of Steel
02. Battle Splendour
03. Silent Grave
04. Icarus
05. Supreme Wings
06. Assassins
07. Easy Rider
08. A Thousand Deaths
09. Wasted Bullets
10. Blazing Dog
11. Insane Minds
12. Dance Of Skeptics

HAZY HAMLET
Forging Metal
Independente – nac.
Eis uma banda pronta para assumir a ponta da cena metálica nacional. Isso mesmo. CD completo, com boa produção sonora, um grande trabalho gráfico com muito bom gosto e músicas que funcionam. A banda faz Power Metal algo melódico, mas muito épico e agressivo, falando de temas igualmente épicos e bárbaros, remetendo aos Vikings. A banda vem do Paraná, Estado Épico do Brasil. Sim, abundam bandas do estilo lá, seja para o lado Epic, Melodic, Power, True, Viking. Etc. A maioria de alta qualidade, como aqui. Com um hiato de quase seis anos, a banda volta com tudo, esquecendo os formatos virtuais e digitais. Melhor, os horrores digitais, que estão acabando com a cena musical no mundo todo e agora também no Rock e Metal – foram downloads! Não vamos desacostumar as pessoas a comprarem discos, muito menos no Underground. Na boa, ninguém vai num show porque baixou música de alguma banda, a não ser as bandas já consagradas. Ninguém vira fã de uma banda porque a conheceu em um Myspace – ela será para ela, apenas mais uma. Das dez músicas, as três primeiras também estão presentes no EP Revelation e a sétima, no virtual Chrome Heart. Impossível nomes como Grave Digger, Running Wild, Manowar e Rebellion não viram à cabeça. Conheça estes bárbaros! RS

Faixas:
1 - The Beginning of the End - part 1
2 - The Beginning of the End - part 2
3 - Black Masquerade
4 - Metal Revolution
5 - Field of Crosses
6 - Funeral for a Viking
7 - Chrome Heart
8 - Chariot of Thor
9 - Forging Metal
10 - The Faces of Illusion

PLEASURE MAKER
Twisted Desire
Independente – nac.
Difícil classificar a banda, mas muito fácil de se ouvir e mais ainda de se escutar! Quase tudo o que foi feito de bom nos anos 80 comparece em Twisted Desire. Hard Rock, AOR, Melodic Rock, Heavy Rock, Heavy Metal, Metal Melódico. Sim, aquelas bandas que mesclavam muito disso, que mal sabíamos dizer se eram uma coisa ou outra como Dokken, Ratt, Def Leppard e etc.? Pois é. A banda tem desde Rockões explosivos (alguns radiofônicos até - radiofônicos das décadas passadas, não desta). Vocais fáceis e agradáveis, guitarras técnicas, mas melodiosas e cozinha brilhante. Assim é a música deste petardo. Não perca mais tempo e adquira já o seu! Em tempo: a banda soa tudo isso, mas sem ser datada nem clichê. RS – 8,0

Faixas:
1 - Come N’ Get It
2 - Feel It This Time
3 - Twisted Desire
4 - What We Left Behind
5 - Is There A Doctor In The House?
6 - Remember
7 - Chance Of A Lifetime
8 - Hurts Me, Hurts You
9 - Eden’s Fruit
10 - Do Your Revolution

LIFETIMES
Self Enemy
Die Hard – nac.
Mais uma banda que tem tudo para estourar de vez na nossa cena. Também com uma arte gráfica irrepreensível e embalagem irretocável em digipack, a Lifetimes aposta num Death Metal com toques de Thrash e Heavy Tradicional. Eles conseguem sair do chavão do Death da Flórida de Cannibal Corpse, Malevolent Creation, Monstrosity e Deicide, passam longe do Fast Brutal Technical de Krisiun, Hate Eternal e Vader, também saem do Deathcore de bandas norte-americanas atuais e de perto, lembram algo de Death Melódico de In Flames, Arch Enemy, Soilwork e Children Of Bodom. Então, eles são originais? Cara, quase! Talvez a linha que eles passem mais perto do Death Metal, é a de Opeth, Orphaned Land e Vintersorg, ou seja, mesclando o Death com o Progressivo, com técnica, virtuose, mas sem auto-indulgência. Usando a melodias e passagens intrincadas em prol das composições e não de mostrarem o quanto os caras tocam. Algumas faixas são difíceis de se acompanhar e outras cheias de mudanças de climas e quebradeiras. Por isso a audição de Self Enemy se torna tão interessante. Se há uma geração que está expandindo os limites e fronteiras do Death Metal, é a das bandas citadas e a Lifetimes é mais uma delas, a estar neste seleto grupo! Muita maturidade e consciência apenas no segundo disco! Os vocais de Leandro Novo as vezes são “pantericos”, lembrando Phil Anselmo algumas vezes, mas sua música passa longe do sulismo norte-americano do jeito deles de se fazer Metal. As guitarras de Fabrício de Lima e Everton Lorenceti também são destaques, as vezes dobradas e muitas vezes, duelando entre sim, bem empolgantes, como qualquer bandas de Metal deve ser! O disco foi produzido pelo guitarrista da banda, um deles, Fabrício de Lima junto com Everton Lorenceti. A mixagem ficou a cargo do competente e conhecedor de causa Thiago Bianchi (Shaman, Karma) no Fusão Estúdios (SP), e a masterização foi feita no Mosh Studios (SP). O resultado, chega perto dos alcançados nos Finvoxx Studios (Finlândia, onde metade dos discos de Metal Melódico foram produzidos ou mixados) e no Abyss Studios, de Peter Tägtgren, do Hypocrisy, que produziu a outra metade dos melhores discos de Death e Black da década passada e desta também. Destaques para as mortíferas Now I m Broken, Blood And Pain, No Sins To Carry On e a faixa-título. Um dos discos do ano, no âmbito nacional! RC – 9,0

Faixas:

1. I Bleed no Longer
2. Now I m Broken
3. Blood And Pain
4. Above
5. No Sins To Carry On
6. Self-Enemy
7. Far Cry
8. Be My Grave
9. Salvation
10. Bell of Dead
11. Heartbeat
12. Asylum

LOTHLORYEN
Some Ways Back No More
Die Hard – nac.
A banda já foi considerada o Blind Guardian brasileiro. E ainda tem gente falando erroneamente isso. Antes até faria algum sentido, pois desde metade da década de 90, o Blind Guardian se tornou uma banda grande no Brasil, com fãs fiéis e devotos. E realmente o Lothloryen soava mais cru do em ... Of Bards And Madmen (e muita gente não pode ler a palavra Bardo que associa ao Blind Guardian, ainda mais por seu clássico cantado em unissono no Brasil The Bards Songs). Hoje, a banda evoluiu, amadureceu e criou sua própria sonoridade e se vermos o lado do estilo e si, que é Heavy Metal com influências Folk e Celtas, vemos que o grupo mineiro bebe em outras fontes. Muitos irão associá-los aos seus conterrâneos mineiros do Tuatha de Danann. A Die Hard apostou na banda e lança em formato slipcase, lindo encarte e arte gráfica como um todo. Agora sim, a banda tem oportunidade de ser dar melhor em nosso mercado. As letras ainda falam de universo de J. R. R. Tolkien, que claro, não é mais novidade alguma, mas é tão tema tão infinito e tão intrigante que se torna inesgotável. As bases são do Heavy Tradicional, com pitadas de Power, melodic e até algo de Prog, com passagens épicas e climas medievais. Sem destaques individuais, pois Some Ways Back No Moreé bomo um todo e deve ser ouvido na íntegra. RS – 7,0

Faixas:
1. My Mind in Mordor
2. We ll Never Be the Same
3. Hobbitcon (intro)
4. Hobbit s Song
5. Some Way Back no More
6. A Secret Time
7. White Lies (Take me Home)
8. My Grimoire

ANDRE MATOS
Time To Be Free
Universal – nac.
Andre Matos dispensa apresentações. Fez história com o Viper, pioneiros do Metal Melódico na América Latina e a primeira banda DO MUNDO a colocar elementos sinfônicos e de orquestra dentro do Heavy-Metal-Power-Speed-Melódico-chame-como-quiser. Enquanto o Viper fazia isso, antes de Helloween e outros, só depois na Europa começaram a fazer isso. Claro, como então o Viper era só conhecido por aqui, lá fora todos acharam que foram as bandas do estrangeiro que o inventaram. Depois, Matos levou o nome do Brasil para o resto do mundo com o Angra. O Sepultura já o havia feito, mas tosos pensaram que só existia Metal Brutal e Tribal aqui. Matos mostrou que aqui existia também a vertente mais elaborada e clássica da música. Afinal, também somos a terra de Carlos Gomes, só para citar um. O Metal Melódico com Classe e elementos brasileiros dominou o mundo. Depois, ao sair do Angra e montar o Shaman com alguns ex-integrantes de sua ex-banda, Andre mostrou que podia fazer Heavy Metal tradicional, que podia mesclar com o Gothic e até o Thrash. Agora, ele vem em carreira solo e em Time To Be Free ele mostra um pouco de tudo o que já fez, e promete inovar ainda mais! Menuett é a intro clássica, servindo de ponte para Letting Go, um Power Metal clássico, bem ao estilo de que ele fez no Angra. E já vemos um AM inspirado, e cantando como nunca! Apesar de ser meio independente (Time To Be Free é mais distribuído pela Universal do que “lançado”), conseguiu uma produção fantástica, talvez a melhor de sua carreira, ainda que contando com a velha “corja” de sempre, Sasha Paeth e Miro (responsáveis pela metade da produção de discos de Metal Melódico no mundo inteiro), e ainda com o apoio de Roy Z (Bruce Dickinson, Judas Priest, Helloween, Halford, etc.). A banda de Andre aqui é: os brothers Mariutti (Hugo na guitarra e Luís no baixo) e o tecladista Fábio Ribeiro. A formação conta ainda com o guitarrista André Hernandes e com o baterista Eloy Casagrande, um “piá” que tinha 16 anos quando entrou na banda, e desce o braço como ninguém! Rio tem tudo para se transformar em uma faixa eterna no set list dele em carreira solo ou mesmo se inventar de montar outra banda. Pesada, melódica, elementos de percussão, mais Pop, acessível e excelente atmosfera como o Rio de Janeiro merece! E olha que quem diz é um são-paulino paulistano da gema! O clima de suspense que essa música emana, além da sua progressão é fantástico! Remember Why é quase um AOR dos anos 80, bem classuda. Sue refrão é impressionante, assim como as variações musicais que ela tem, caindo para o Heavy Rock no refrão e em partes que beira o Speed Thrash. Depois, retorna a melodiosidade do AOR. How Long (Unleashed Way) é outro tema pesado e rápido, melódico, sensacional! Sem descanso! Looking Back é bem Prog, com direito a violões e guitarras limpas em meio ao peso e a Progressão do Prog, intercalando com momentos épicos grandiosos. Face The End lembra aqueles momentos mais introspectivos do Whitesnake na sua levada gingada, sem ser nas baladas propriamente ditas. Algo de Journey, AOR e o Hard do comecinho dos anos 80 podem ser sentidos aqui. A faixa-título começa mais lenta, depois descamba para um peso que lembra Judas Priest, outra influência vindo a tona. Muitos sempre só viram as influências de Helloween e Iron Maiden na carreira de Andre, e outros viram algo de Journey. Eu fui o primeiro a ver que sua maior influência era Queensrÿche quando compunha principalmente para o Shaman. Observe Geoff Tate e Andre cantando, e perceba a similaridade, inclusive no timbre e na voz mesmo (pode discordar, mas cada um nasce com um tom e se esse tom é semelhante a outra pessoa, você pode fazer diversas variações, mas sua voz é sua voz. Não adianta Ozzy fazer 24 horas de aula por da, que ele nunca vai ter o tom de um Ian Gillan, bem como Gillan, pode beber e fumar a vontade que nunca vai ter uma voz rouca como Lemmy do Motörhead e assim por diante). Rescue começa com batidas xamânicas hipnóticas (e me pergunto se o Windows foi criado para ser um programa cristão, pois qualquer menção a palavras de outras religiões ela mostra que a palavra está errada e q na ortografia diz “sem sugestões de orografia”. Me irrita isso!). Depois, Rescue ganha peso quase Thrash com vocalizações cheias de efeitos graves e obscuros, contando ainda com algumas flautas bem indígenas, bem ao gosto pessoa de Andre. É chagada a tão aguardada vez de A New Moonlight, uma revisitação, que na verdade é a nova versão da famosa Moonlight (do álbum Theatre Of Fate do Viper, lançado em 1989), bem atmosférica e cósmica. Endeavour tem um início quase setentista, com seus riffs “grossos” e a batida quebrada, para depois virar uma faixa que poderia estar no Angels Cry, clássico do Angra e para mim, melhor disco da banda até hoje, encerrando o disco. Sim, essa versão não tem Separate Ways (Worlds Apart), cover do Journey. Time To Be Free vem para mostrar de vez a qualidade e talento desse cara, em todos os aspectos, uma jóia que nós temos que nos orgulhar, e que esse disco tenha a divulgação, repercussão e venda no mesmo nível de suas bandas anteriores. Ah, e dessa vez, não tem nenhuma balada “Balada”. JCB – 9,5

Faixas:
01.Menuett
02.Letting Go
03.Rio
04.Remember Why
05.How Long (Unleashed Way)
06.Looking Back
07.Face The End
08.Time To Be Free
09.Rescue
10.A New Moonlight
11.Endeavour
12.Separate Ways (World Apart)

APOCALYPSE
The Bridge Of Light
Free Mind – nac.
A banda Apocalypse surgiu em 1983, em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul. Apesar de a cena do Rio de Janeiro ser a mais forte do Brasil em termos de Rock Progressivo, tanto em público, quanto em qualidade de suas bandas, e do Apocalypse as vezes lembrar muitas bandas de lá, eles são gaúchos. E estão na estrada a mais de 25 anos! Ok que o estilo hoje é Underground no mundo todo, só sendo mainstream nos 70, e claro, foram poucas as bandas do estilo que chegaram a serem fenômenos mundiais, como Yes, Genesis, Rush, ELP, King Crimson, Pink Floyd, Marillion e mais uma meia dúzia por aí. Mas o Apocalypse jamais pode ser acusado de datado ou de chupar alguém, pois eles surgiram em 83 e ajudaram a formar o estilo no Brasil ao menos! Ok, todas estas bandas citadas foram e são até hoje influências para o Apocalypse. Mas a banda consegue algo interessante. O Rock Progressivo foi notório nos anos 70 e ainda nos anos 80 por usar e abusar da tecnologia da época, além da virtuose de seus músicos. Hoje todas as bandas do estilo são virtuosas, isso não é difícil, ficar “apenas” estudando seus instrumentos 14 horas por dia. O mais difícil é ter talento para compor, sem soar como uma paródia ou cover dos grupos citados acima, e mais ainda, o pior de tudo. Como o estilo usou e abusou da tecnologia vigente, do qual só tinha disponibilidade quem tinha muito dinheiro para comprar e aprender a operar este aparato, isso fazia o estilo elitista em seus componentes. Jamais alguém pobre, de algum subúrbio ou periferia de qualquer lugar do mundo poderia comprar estes instrumentos e demais acessórios, quanto mais conseguir aprender a operar, e transportar tudo isso! E a graça do estilo era quando, apesar de usaram tecnologia de ponta, além desta ser acessível só à uma pequena casta de “imortais”, as gravações eram analógicas, aparelhos muitas vezes valvulados e no formato do que chamamos hoje em dia de vintage. Hoje, você não precisa gastar milhões em aparelhos, basta baixar algum programa de conhecimento de algum amigo hacker ou fuçar em algum fórum na Internet e pronto! Só que as gravações, masterizações, produções e concepções hoje são todas digitais, deixando a música pasteurizada, enquanto Yes, Genesis, Rush, ELP, King Crimson, Pink Floyd, Marillion e mais uma meia dúzia por aí, como já dito, faziam de forma analógica e vintage, dando à sua música um caráter orgânico. Até a música dos alemães do Kraftwerk, os papas da música eletrônica, soava orgânica nos anos 70! E o que o Apocalypse tem a ver com tudo isso? Tudo! Pois tudo o que foi escrito acima, eles contradisseram. Quando o estilo era para poucos, nos anos 80, eles mesmos sem verba e morando no Brasil, que na época, ainda em Regime Militar, sofria Reserva de Mercado e Reserva de Informática, que com intuito de preservar empregos, atrasou o progresso de nosso país, conseguiam fazer milagres com instrumentos e aparelhos que hoje soam risíveis. E hoje, em que a música ficou sem graça, ainda mais no estilo, com o excesso de tecnologia e essa “democratização” e acessibilidade a ela, deixando tudo plástico, o Apocalypse surpreende musicalmente e faz música tão orgânica quanto das bandas clássicas. E tudo isso ao vivo, o que pode resumir muito bem tudo o que descrevi. Ouça você mesmo e comprove! JCB – 9,0

Faixas:
1. Next Revelation
2. Dreamer
3. Ocean Soul
4. Last Paradise
5. The Dance of Dawn
6. Meet me
7. Wake up Call
8. To Madeleine
9. Escape
10. Welcome Outside
11. Meeting Mr. Earthcrubbs
12. Follow the Bridge
13. Not Like You

BLACKMASS
Nemesis
Free Mind – nac.
O Brasil abunda (Ops! É a palavra mesmo e não a referência de que o Brasil só vive de bunda) bandas de todos os estilos, tendo na minha opinião, dentro do Underground, proporcionalmente, mais bandas do que público. Temos muita qualidade, mas pouco público. Sim, o público de Metal extremo no Brasil é limitadíssimo, e chama a atenção justamente por seus poucos súditos serem fiéis, guerreiros, enfrentando preconceitos em um país onde a religião está em todos os cantos, como crucifixos nefastos espalhados em prédios públicos, o que é um absurdo – ou um sinal de que Cristo vê e protege os corruptos? Só pode ser! Eu, por exemplo, moro numa cidade que tem nome de Santo, torço pro time que tem o desta mesma cidade, minha rua tem nome de santo e meu prédio tem nome de Papa! Que ojeriza! É essa maçante Inquisição em que vivemos hoje, que ainda persegue o Rock e o Metal, mas que faz vista grossa para a corrupção e estilos musicais que são a pura baixaria. Uma pessoa que ande num visual Metal ou Rock e vista com olhos tortos, mas quem anda com a bíblia debaixo do braço, ou com um shortinho com o útero aparecendo, são respeitados. Portanto, Rockers e Headbanguers em geral, respeitem-se! E se você ver alguém andando por aí, com camiseta de banda de Metal e dos estilos mais extremos, mesmo que não seja a banda de seu gosto, respeite, pois estes são heróis! E além do respeito, é a qualidade de nossas bandas que perpetuam o Death e o Black, como é o caso aqui do Blackmass. A banda já tem 7 anos de estrada e mais uma vez, o duo Lord Aeshma nas guitarras e Magus Dux Adramelech, baixo e vocal, nos trazem um artefato digno de nota. Nossa qualidade é tamanha, que muitas bandas estão lançando discos fora do Brasil, conseguindo contratos com gravadoras estrangeiras. São poucas que apostam na nossa cena, e a Free Mind é uma delas. Aqui temos um Black Metal que não trás muitas inovações ao estilo, mas tocado com garra, paixão, ódio, virulência e conhecimento de causa por quem vive a filosofia do estilo, como estes caras. Apesar da irretocável parte musical e a excelente arte gráfica, as letras são o destaque. Mais inteligentes e emblemáticas, em vez de serem apenas profanas gratuitamente ou apaixonadas pelas forças negras. Banda séria é assim mesmo. Destaques para Phantoms, Long Knives Rain, Bleeding Heaven's Angels e Midnight Bloody Skies. As guitarras têm riffs que promovem a devastidão e os vocais soa guturais, mas sem serem ininteligíveis. O artefato também é muito bem gravado e agora, resta nossos promotores e nosso público fazerem suas respectivas partes, indo a shows e comprando Nemesis! RC – 8,5

Faixas:
1. Wondrous Hell's Flames
2. Phantoms
3. Long Knives Rain
4. Diavolul
5. Bleeding Heaven's Angels
6. Midnight Bloody Skies
7. Nemesis
8. Burn it Down
9. Armoured Legions
10. Fierce Plague
11. Torve Morte





UNEARTHLY
Revelations Of Holy Lies... Live
Black Metal Commando
Infernum: Prelude To A New Reign
Free Mind – nac.
Os cariocas do Unearthly são mais um a dignificar a cena local do Black Metal. Sim, pois o Rio foi baluarte das bandas mais inspiradas e criativas no final dos anos 90, inclusive com grandes polêmicas, brigas e tudo o mais que cerca o Black Metal. E de todas as bandas fluminenses, a que mais se sobressaiu é o Unearthly, tanto pela consistência e seriedade de seu trabalho e sua proposta, como por correr atas das coisas, e claro, talento. Agora, eles estão na Free Mind, que está dando um bom suporte aos caras, que além de lançar esse registro ao vivo, também estão relançando outros dois discos: Infernum: Prelude To A New Reign e Black Metal Commando. Bem vamos começar pela lançamento inédito que é  Revelations Of Holy Lies... Live. No ano passado, a horda fez uma turnê em quase toda a América do Sul, tocando no Peru, Equador, Colômbia e Bolívia. Note que eles tocaram no “norte” da América do Sul, países que tem uma cena Black Metal muito forte, com milhares de bandas raivosas, rancorosas e odiosas, fazendo o mais cru, pútrido e ríspido Black Metal. Enquanto nos países mais ao Sul do Cone Sul (Argentina, Chile, Uruguai), são mais melódicos e melancólicos, e a banda não teve oportunidade de passar por lá agora. Mas onde tocou, levou um laptop para registro pessoal e captaram quase todas as apresentações de forma “despretensiosa”.  E essa despretensão ficou tão boa que acabou resultando nesse CD ao vivo. A apresentação foi crua, ríspida e direta como o estilo pede, e como sua música funciona melhor. Não houve edições e a formação que gravou foi Eregion (Vocais), M. Mictian (Baixo), Dennie Arawn (Guitarra) e M. Kult (Bateria). Se você notar, já que citamos todas as formações de todos estes discos do Unearth, verás que o único membro original e fundador presente é o líder M. Mictian. E verás ainda que todos os demais artefatos tiveram teclados na gravação em estúdio, mais no intuito de fazer climas, camas para as faixas e introduções do que qualquer outra coisa. Mas ao vivo, eles dispensam os teclados e a coisa vai só no básico vocal, guitarra, baixo e bateria. Como o que vemos aqui é 100% ao vivo, sem overbus e sem edições, temos uma apresentação crua, longe de ser um primor. Mas cheia de garra, força, raiva, fúria e ódio, muito ódio. Ao ouvir Revelations Of Holy Lies... Live, vai ter dar a impressão de estar vendo algum show deles desta turnê de 2007, a cada execução em cada opus!
Infernum: Prelude To A New Reign, disco de studio de 2002, é o típico Black Metal cru, ríspido e direto, mas aqui com alguns toques de teclado, fazendo aquelas camas que já havíamos falado. Nomes tradicionais dos anos 90 como Marduk, Immortal, Darkthrone e Enthroned, vêem a tona. Ou seja, a proposta é ser Old School mesmo, fugindo das melodiquices de Dimmu Borgir e afins. O vocal de Lord Thoth é um dos destaques do álbum, como poucos, que ainda devastaria o próximo disco, Black Metal Commando. Ele também riffa em profusão, remetendo aos riffs escandinavos: tétricos, gélidos, crus e ríspidos. Destaque para Challenging The Heavens e Embracement Of Eternal Darkness, esta com uma tétrica introdução de teclado.
Já em Black Metal Commando de 2003, com um título marcante e bem sacado, eles vem com um Black Metal Old School, mais encorpado que o debut anterior, só que técnico e visceral, com melodias secas, como bem Darkthrone fazia e faz até hoje. Aqui, a banda acrescia de mais um guitarrista, Thyrr, e uma troca no teclado. Hostis Daemonium no lugar de Hyrucs Midgard. A exceção de Thyrr e Hostis Daemonium, o restante da formação é a mesma do debut anbterior: Lord Toth (Vocais e Guitarras), M. Mictian (Baixo) e Leghor Supay (Bateria). Black Metal Commando va a maturidade da banda. Com uma produção melhor que no artefato anterior, produzido por Fabiano Penna (ex-Rebaellium), o disco causou furor na época e a banda só não deu saltos maiores, poruqe depois disso, lançou apenas um EP em 2007, Unmercyful Personalized Bestiality e o ao vivo Revelations Of Holy Lies... Live. Ao longo das 12 faixas deste CD se ouve muita velocidade, riffs alucinados, cozinha coesa e vocais lascivos. Destaques para a ultrasônica Catholocaust (War To The Catholicized), que trás um título defenestrante e uma letra mais ainda, e a climática Through War (Destruction of Heavenly Corruption). E o que dizer de Hino De Devoção Aos Deuses da Guerra? Grande horda, com tudo em catálogo agora e distribuído e divulgado de forma decente pela Free Mind, prontos para devastar o Brasil novamente! RC – 9,0

Revelations Of Holy Lies... Live:
1. Opus Enial
2. Imminent Slaughter
3. Insurrection Of Christianity
4. Days Of Storm For Christian Souls
5. Catholocaust
6. Revelations Of Holy Lies
7. Living Under The Sign Of Blasphemy
8. Denial: Your Baptism
9. The Eyes of the Ripper
10. Visions Of A Dying World
11. Nemesys...Humanity Infame Existence
12. Black Metal War Commando
Bônus Multimídia

Infernum: Prelude To A New Reign (2002):
1. Days of Storm for Christian Souls
2. Challenging The Heavens
3. Forbidden Carnal Desires
4. Zyklon B (Warlegion)
5. Living Under the Sign of Blasphemy
6. Embracement of Eternal Darkness
7. For the Glory of the Impure God
8. Battle for the Destruction of Hypocrisy's Empire - Part 1: Infernum
9. Battle for the Destruction of Hypocrisy's Empire - Part 2: Victory of the True Path
10. Battle for the Destruction of Hypocrisy's Empire - Part 3: Prelude to a New Reign
11. Visions of a Dying World

Black Metal Commando (2003):
 1. Declaration Of War (Intro)
2. Catholocaust (War To The Catholicized)
3. Black Metal War Commando
4. Through War... Destruction Of Heavenly Corruption
5. Unearthly Warlord (Evil Force Attack)
6. War Over Promised Land... The Anihilation
7. Hino De Devoção Aos Deuses Da Guerra
8. Zyklon B (Second War Holocaust)
9. War Hate Disgrace (Destruction Is Iminent)
10. Unleashing Unholy War
11. Marching To War... To The Victory
12. Mors Et Destructio Sanctis Rebus (We Are The True War)
13. Nemesis

LAND OF TEARS
World Of Pain
Free Mind – nac.
Ainda não foi desta vez que a Land Of Tears debutou de fato. A banda começou em 2000 fazendo Death Doom, e agora faz praticamente Death Metal só. Fato raro, já que é comum bandas de Death virarem Doom e bandas de Doom virarem Goth e não o contrário. Mas as raízes Doom ainda se encontram por aqui, já que todas as faixas têm um toque sombrio. Este lançamento tem cinco faixas principais, sendo Canon Episcope (a faixa) regravada. Como bônus, quatro outras. Tormented Shadows, da demo Canon Episcope de 2002 (a demo), mais Vinho, Abducted e Winter Sadness da segunda demo Total Disgrace de 2003. Ou seja, de novo a Free Mind Records presta serviços valiosos ao Metal nacional. Assim como o Unearthy teve relançado seus trabalhos de 2002 e 2003, agora é a vez da LOT, que tem faixas destes mesmos anos de novo aqui para nós. A faixa que abre o disco e a que leva o nome da banda (leva, não dá). Uma sinfonia nervosa, riffs lascivos e bela melodia melancólica. Robson Souto (Vocals/Guitar), líder e fundador, quase dono do negócio, é o destaque, tanto nas seis cordas como na sobreposição de vozes, variando graves e agudos, urros e limpos com a maior naturalidade. O disco trás ainda, o videoclipe de Eternal Suffering como multimídia. Que venha o debut full length! Completam a banda Wellington Ferrari (guitarra), Sergio Vianna (baixo) e Mauro Duarte (bateria). RC – 7,0

Faixas: 
1. Land of Tears
2. Canon Episcopi
3. World of Pain
4. The First time and the last one
5. Eternal Suffering
6. Tormented Shadows
7. Vinho
8. Abducted
9. Winter Sadness

ALMAH
Fragile Equality
Laser Company – nac.
Bom, como já falado, perguntado, respondido e esmiuçado na entrevista que fizemos com Edu Falaschi mês passado, a síntese di disco já foi feita. Caso você não leu a entrevista ainda, recomendo que você a leia para ter melhor noção do disco, ao invés de ler apenas a entrevista. Mas resumidamente, neste CD, Edu fala conceitualmente do equilíbrio das coisas e da sua fragilidade, da linha tênue que há entre o equilíbrio e o desequilíbrio, e como um fato pequeno, simples, sutil até, pode mudar tudo. Conceitualmente, Edu também quis fazer isso na parte instrumental e na parte musical de fato. E conseguiu. E além de atingir um equilíbrio quase perfeito, todas as músicas são legais e funcionais dentro da proposta escolhida. Fragile Equality tem duas músicas bem Power Metal, bem Heavy Tradicional como Birds Of Prey e Torn, remetendo muito ao primeiro disco do Almah, que era mais direto e com Edu cantando até mais agressivo, com tons mais médios. As Magic Flame e Meaningless World são puro Metal Melódico, bem ao estilo que ele fazia no Angra. Já Beyond Tomorrow e You’ll Understand são mais Prog, caóticas, embora pesadas, agressivas, quase Thrash, bem na linha moderna européia. Até nelas tem a técnica virtuosa com o peso do Thrash, mostrando um resultado interessante, inovando dentro de uma tendência, pois que se habituou a fazer Prog “Gótico”, denso e sombrio com toques de Thrash (pois é bem rápido, agressivo e pesado) foi o SYmphony-X. então, dentro desta sonoridade, temos mais uma banda a acrescentar algo ao estilo. Além delas todas, duas baladas: All I Am e Shade Of My Soul. Ainda, Invisible Cage tem elementos brazilianistas, sertanistas, bem brasileiros, remetendo a estes momentos tão bem feitos no Angra, seja em alguns momentos da formação mais recente, seja da formação antiga, da era Holy Land. Aliás, mesmo Edu e o baixista Felipe Andreoli (que está presente também no Almah) não tiverem participado de Holy Land, claro, só o fato deles terem que tocar faixas deste disco no Angra, fez com que eles “vestisse a carapuça” (no bom sentido) e abraçado a idéia e vestido a camisa. E a faixa-título é mais moderna, distorcida, bem atual, do Metal moderno. Sim, já estamos no final do ano e Fragile Equality É o melhor disco do Metal nacional e um dos melhores discos no mundo todo em 2008! JCB – 9,5

Faixas:
01 - Birds Of Prey
02 - Beyond Tomorrow
03 - Magic Flame
04 - All I Am
05 - You’ll Understand
06 - Invisible Cage
07 - Fragile Equality
08 - Torn
09 - Shade Of My Soul
10 - Meaningless World

KRISIUN
Southern Storm
Laser Company – nac.
A maior banda de Death Metal de todos os tempos, lança mais um disco. Sim, eles são o maior grupo de Death de toda a nossa história, assim como o Sarcófago é a maior banda de Black que já tivemos, bem como o Sepultura é a maior de Thrash e o Angra foi a maior de Heavy Metal. Com a tempestade sulista, eles provam que estão vivos e mais insanos do que nunca. Se AssassiNation recebeu algumas críticas por ter muitas cadencias e partes lentas, aqui eles mesclaram um pouco de todas as suas fases. Estas partes mais lentas, tipo Flórida, permanecem, mas em menos escala. As partes rápidas estão mais rápidas ainda e as partes brutais, mais brutais. No entanto, em vez de continuaram na Olimpíada de quem toca mais rápido/brutal/técnico, e apostaram mais em climas, passagens, riffs que marquem e solos devastadores. Voltaram a trabalhar com Andy Classen (o mesmo produtor de Conquerors Of Armageddon e AssassiNation), que trouxe aquele lado mais Old School, bem Morbid Angel, disparada, a maior influência e obsessão do grupo. Pauladas como Sentenced Morning, Combustion Inferno e Slaying Steel, tirando a intro acústica Black Wind, mas bem celestial/infernal e o cover de Refuse/Resist do Sepultura, que apesar de tentar ser fiel, trouxe o lado Krisiun para esta música. Estranho muitos criticarem que ficou sem graça a versão. Será que ninguém reparou que a versão do Krisiun teve mais groove, ficou sem a batucada/tribal e ficou mais legal? RC – 9,0

Faixas:
01. Slaying Steel
02. Sentenced Morning
03. Twisting Sights
04. Minotaur
05. Combustion Inferno
06. Massacre Under the Sun
07. Bleeding Offers
08. Refuse/Resist
09. Origin of Terror
10. Contradictions of Decay
11. Sons of Pest
12. Black Wind
13. Whore of the Unlight


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