VULTURE
Through The Eyes Of Vulture
Die Hard – nac.
A banda paulistana Vulture debutou com Test Of Fire em 2005, e mostrava que seria uma grata promessa. Que nada, os caras sempre mostraram que já eram realidade e agora, com seu segundo disco Through The Eyes Of Vulture saindo pela Die Hard, alcançam seu devido lugar na cena nacional. A começar de seu líder, Adauto Xavier, vocalista, guitarrista e compositor. O cara, além de talentoso, é um batalhador. Troco contato com este cara há quase uma década, desde os tempos das cartas sociais (sim, antigamente as pessoas se comunicavam por carta), onde pagávamos apenas 0,01 (1 centavo) e só podíamos enviar 5 cartas por dia, nos idos em que a ROCK UNDERGROUND era um zine, bem antes de se tornar revista em 2000/2001. É amigo, pensa que vida de zineiro era fácil? Pensa que desde sempre as pessoas se falavam por computador? Pois é. E desde estes tempos “difíceis”, já tina contato com o Adauto, e sempre foi um cara interessado em divulgar sua banda em todos os lugares possíveis. Parece que não, mas esse tipo de atitude conta e muito. Com o passar do tempo, a Lei da Natureza (ou a Lei) concede méritos a quem os tem, além de claro, isso fazer com que o pessoal da imprensa especializada (revista, zine, site, rádios, etc), tenha uma boa relação com estes caras. Que o digam os caras do Torture Squad, Claustrofobia entre outros, que chegaram aonde chegaram por terem talento, persistência e humildade. Por isso se amanhã o Vulture alçar um lugar maior, saiba que eles trabalharam para isso! Bom, a banda faz Death Metal tradicional, com doses cavalares de brutalidade, mas o lance dos caras é mais a Old School mesmo. E na minha ótica, que bom que seja assim! Chega de Modern Metal, Groove Metal, Metalcore (que é um New Metal de maloqueiro), Technical Brutal Death e bla, bla, bla! Aqui, o Vulture chega a ter lampejos do Death Sueco (sem serem tão melódicos como as bandas de Gotemburgo) e algumas passagens algo épicas ainda, mais sempre da maneira mais crua. Or riffs são o maior destaque ainda que a voz e a cozinha estejam corretas e à altura. Sim, eles crescem ao rolar do disco e agora, que façam muitos shows e alcem o mercado exterior, pois tem muita banda inferior na Europa se dando bem, logo, o abutre (tradução de Vulture) pode voar mais alto! E eles voam, no meu prédio tem um ninho deles e posso observar! Destaques para Dark Visions e Legacy of Cain, além da inusitada (pelo título e língua) Abençoado Seja o Homem Ateu.
JCB – 8,5

Formação:
Adauto M. Xavier - Vocals / Lead Guitar
Yuri Schumamn - Guitar / Backing Vocals
André M. Xavier - Drums
Max Schumann - Bass / Backing vocals

Faixas:
1. Where the Vulture Sleeps
2. Godless Age
3. Cold Air
4. Diemocracy
5. Blessedness Thru Emptyness
6. Legacy of Cain
7. Dark Visions
8. Your Savior Will Never Come
9. Unholy Truth
10. Strong as a Storm
11. Under the Blackest Horizon
12. Abençoado Seja o Homem Ateu

MAGICIAN
Tales Of The Magician
Die Hard – nac.
O pessoal do Rio Grande do Sul tem um jeito peculiar de fazer música. Clima? Fronteira com Argentina e Uruguai? Regionalismo? Primeiro, sempre sai coisa de qualidade de lá. E em todos os estilos do Rock, são bandas seminais, marcantes. Bom, temos o Krisiun no Death Metal, que dispensa comentários. De lá temos várias bandas de Doom e Gothic Metal. As de Blakc Metal, são extremadas até nas atitudes extra-palco. No Power Metal temos o Burning In Hell, que era uma banda que levava ao extremo seu modo de vida e sua música, uma das maiores revelações da nossa cena (faltou mais apoio). E por aí vai. Agora temos o ambicioso Magician com o seu Tales Of The Magician. Uma estréia de gabarito, mostrando um Heavy Metal garboso, portentoso e épico. O disco foi mixado e masterizado na Alemanha por Kai Hansen e Dirk Schlachter (Gamma Ray). O disco saiu ano passado no Japão e agora a Die Hard viabiliza no Brasil o mesmo. Lá fizeram (e ainda fazem) muito sucesso, e os japoneses se encantaram e contrataram a banda. E cabe um registro à Die Hard, através das palavras de um de seus sócios, o Fausto. Ele sempre disse que a intenção da Die Hard Records era apoiar o Metal nacional e que a política do selo sempre foi lançar bandas de qualidade e poder dar suporte digno, ao contrário de outra gravadora ainda na ativa e de uma já finada, a Megahard, que apostavam em lançar bandas e discos em tonelada, mas não fazer nada de fato por elas. Musicalmente, o Magician passeia pelo Melodic Metal junto com o Prog Metal mais toques de Power Metal. Imagine um encontro entre Symphony-X e Blind Guardian, com toques homeopaticamente épicos? Mas eles têm um jeitão brasileiro de fazer isso, aliados a muita técnica, virtuose e também senso de fazer músicas e passagens que fiquem na cara do ouvinte. Dentro da proposta apresentada, Tales Of The Magician é excelente! RS – 9,0

Formação:
Dan Rubin - Vocals
Renato Osorio - Guitars
Cristiano Schmitt - Guitars
Elizandro Max - Bass
Zé Bocchi - Drums

Faixas:
1. Intro: Let the Spell Begin
2. Prime Evil
3. Underworld Terror
4. Sandstorm
5. Terminal Day
6. Dark Ritual (Hear Your Master s Call)
7. Minstrel s Domain
8. Siege of Zelgian
9. Crossing the Last Gate
10. Let the Harmony Endure

CORPORATE DEATH
Terminate Existence
Die Hard – nac.
Estes é o álbum de estréia da banda de Jundiaí, interior de São Paulo. E já assombram em seu debut! Muitas revistas e sites, erroneamente e inadvertidamente, sempre fazem menção ao Krisiun quando falam de uma banda brasileira de Death Metal. Discordo totalmente, afinal, não foi o Krisiun quem inventou o Death Metal, nem foram a primeira do estilo. E mesmo formações que surgiram depois, muitas vezes, não seguem a linha do Krisiun e nem os tem sempre como influência, embora todos respeitem. Está na hora de começarmos a comparar menos! Aqui temos um disco bem técnico, ainda que não calcado no Technical Death Metal puramente, e ainda bem, pois esta é uma vertente chata. Aqui, mais uma vez uma banda coloca o dedo em riste na sua cara, e diz que, para se fazer Death Metal, tem que saber tocar e muito! Ao contrário do que dizem os detratores do estilo! Aliados ao Brutal Death, temos diversas passagens interessantes. Claro, comparações em termos de estilos são válidas, mas não apenas falar do Kriusiun e pronto. Aqui, vemos várias passagens mais cadenciadas, cheias de groove e ginga, ao melhor estilo da Flórida, tornando mortal sua música, além de trazer mais variação e mais curtição no meio da agressão e violência toda! Isso deixa a audição do disco inteiro mais interessante. Algo de Death canadense, aquele mais seco, se faz presente também. Talvez a capa deixe a desejar, mas mesmo assim, reflete a violência que você vai ouvir em Terminate Existence. A banda ainda tem tudo para agradar a gigante cena do Leste Europeu pelo seu tipo de música. Prestem atenção nesse nome: Corporate Death! RC – 8,5

Formação:
Flávio Ribeiro - Vocals
Damien Mendonça - Guitars
Paulo Pinheiro - Drums
Rafaeul Cau - Bass

Faixas:
1. Bellum Omnia Omnes
2. Living Funeral
3. Contagious Insanity
4. Inherit
5. Fading Existence
6. Slaves of Madness
7. Preying the Soul
8. Terminated Horizons
9. Painful Way
10. Pit of Despair

MORTIFER RAGE
Murderous Ritual
Independente – nac.
Sete anos após o lançamento do seu debut, só agora os mineiros do Mortifer Rage soltam e liberam seu segundo disco, claro, depois de todas as dificuldades que uma banda de Metal enfrenta no Brasil. Parece que tudo no Brasil, tem que ser assim, senão não tem graça. Murderous Ritual vem de novo no mais puro e brutal Death Metal Old School, estilo que mais tem bandas em nosso país e é o estilo que mais cai nas nossas graças (ao menos de quem quer tocar, pois é viciante e fascinante). Referências à Florida são iminentes, ainda mais de bandas como Morbid Angel, Deicide e outras mais tradicionais. Com produção e gravação acima da média, os riffs de guitarra são o ponto alto do disco, como riffs arrebatadores, mesclando os rápidos nos andamentos velozes, mas fazendo o diferencial nos andamentos mais cadenciados, que tornam ainda mais brutais as parte rápidas. A banda estava inspirada quando compões estes petardos. Sem destaques individuais, sejam de músicos e músicas, o disco é forte no conjunto. RC – 8,0

ENDLESS MASSACRE
II
Violent Records – nac.
Que a Violent Records, selo da cidade de Santos, é um dos bastiões do Metal nacional, isso sabemos. E agora chega o segundo capítulo da saga Endless Massacre. Claro, não costumamos resenhar coletâneas do tipo comentando faixa a faixa, pois é quase impossível, e nem cometer o crime que algumas revistas cometem, resenhando os destaques. Até porque em coletâneas, elas só existem e só são possíveis, pois todas as bandas se cotizam para poder lançá-las, seja por um selo, ou não. Então, uma coletânea, todas as bandas tem que ter importância igual, e espaço igual, sejam elas mais conhecidas, sejam elas menos conhecidas. Sejam elas as melhores e boas, sejam elas as mais fracas. Pois até bandas “ruins” tem que ter espaço igual numa resenha, pois graças a elas que as “boas” podem ter espaço e serem divulgadas. E claro, é o público quem vai decidir quem é “bom” e quem é “ruim”. Outro conselho para as bandas: continuem insistindo em fazer e participar de coletâneas, como esta aqui. Até porque, por mais que se tenha trama virtual e myspace (não são sites da internet? Então, é em letra minúscula mesmo), é importante você ter um material físico nas mãos, para vender em shows, enviar para revistas e websites, enviar para gravadoras, etc. mas um conselho, conheça bem o selo e a pessoa por trás da coletânea, pesquisa, pára não cair em roubada. No caso da Violent Records e da pessoa de Luiz Carlos Lousada (Vulcano, ex-Chemical Disaster, Hierarchical Punishment), recomendo mais ainda! JCB – 8,0
Informações: www.myspace.com/violentrecs ou violentrecs@yahoo.com.br

Faixas:
Predatory (Praia Grande/SP) - Visions World Apart
Chaosmaster (Santos/SP) - Synthesis of Existence
March of Hate (Monte Azul Paulista/SP) - Pronuncio, Cavalo Destroia
Austhral (Florianópolis/SC) - Sacred
Wicked Funeral (Manaus/AM) - Satanic Possession
Genocídio (São Paulo/SP) - Nightmarishly
Malkuth (Recife/PE) - The Voice of Hastur
Sengaya (São José/SC) - Projeto Insano, Realidades Brasileiras, Desatentos, Lutar, Paz Digerida
Delicta Carnis (Vitória/ES) - Flames of Surtur
Abomydogs (Santos/SP) - Death Machine, R.I.P.
Moments of Gore (São Vicente/SP) - Evil Mind, Suicide
Empire of Souls (Santos/SP) - You Evoked Us...
Brutal Exuberância (Manaus/AM) - Planeta Cobiçado
Plague of Astaroth (Auckland/Nova Zelândia) - Arcane Odium
Hierarchical Punishment (Santos/SP) - Hungry's Industry
Necropsya (Curitiba/PR) - Skull Crusher
Gradus Pentalphae (Nova Iguaçú/RJ) - Evil Pure Essence
Malefactor (Salvador/BA) - Castle of Carnal Sins

MYATAN
Dreams Of Gods And Men
Azul Music – nac.
O novo álbum da banda brasileira de Progressive Metal, Myatan, Dreams Of Gods And Men, é fruto de meses de gravações, composto por 12 músicas inéditas. O material gráfico já impressiona. A capa é linda, em tons de azul turquesa mesclados com a cor prata (não branco, mas prateado!). Impossível retratar a imagem no computador, só vendo e adquirindo o CD mesmo. A masterização de Dreams Of Gods And Men ficou por conta de James Mason, do Ohio Songmastering Estúdio (nos Estados Unidos), que já trabalhou com o Jon Anderson (Yes), Kansas, Journey, Supertramp, etc. Ou seja, de Progressivo, o cara entende, pois já produziu a nata do estilo. A capa, tão elogiada pro nós, é obra do norte- americano J.K. Potter, que já criou imagens para Gezzer Butler (baixista do Black Sabbath, em sua banda solo, o Industrial GZR), Cradle Of Filth, Dream Theater, entre tantos outros. O encarte ainda contém um lindo trabalho além das letras de todas as músicas. Pois tem banda que capricha na capa, mas no encarte relaxa, o que não é o caso aqui. Enfim, Dreams Of Gods And Men é um disco memorável para nosso cenário, com músicas acima da média, e produção (gráfica e sonora) de nível internacional! Destaques para The Mind Abyss, Torment In Sky Rise, A Life In A Thunderstorm e a faixa-título. RS – 8,5

Faixas:
1- Equilíbrio
2- The Mind Abyss
3- Torment In Sky Rise
4- Realms of Injustice
5- Forever And Ever
6- Lapse of Reason
7- Inside Mágica
8- A Life In A Thunderstorm
9- Dreams of Gods And Men
10- Throughout Madness
11- A Soul of Mine
12- The Unknown

SAVANT
No Hope
Independente – nac.
A banda carioca era uma das mais promissoras do Thrash Metal nacional. Era. Deixou de ser com Hope. Pois agora é uma realidade. No meu ver, só pecou pela capa, pois apesar de oitentista e de ser cabível em um LP de vinil 12”, é muito simples. Mesmo assim, isso não tira o brilho deste bom disco que teve a produção novamente assinada por Sidney Sohn (Andralls, Heaven Falls, Tribuzy). O cara é uma espécie de Pompeu do Rio de Janeiro, e No Hope mostra uma grande evolução dentro do seu estilo, que não muda. Thrash e Speed Metal empolgantes e detonantes. Os vocais são quase vociferados, bem agressivos, a cozinha marcantes, e as guitarras inspiradas. Das inéditas, destaques para quase todas: White Hell, Choose Your Destiny e Savant, que dá, nome a banda, além da faixa título. Este debut ainda tem grandes momentos, como Religion Misunderstood, Evidence Elimination e Claim, que já fazem parte de seu último EP. E apavorem-se se você está sabendo da banda através desta resenha apenas. No Hope é o debut dos caras! Debutam em grande estilo, técnica, eficiência, garra e paixão! Lembrando que o seu Thrash está mais para o alemão da santa trindade Kreator, Destruction e Sodom, do que para o sueco e para o Bay Area. RC – 8,0

Faixas:
01. No Hope
02. Pleasure Of Pain
03. Evidence Elimination
04. Faith Trade
05. White Hell
06. Religion Misunderstood
07. Claim
08. Illusion
09. Choose Your Destiny
10. We Must Change
11. Savant

BLOODY
Engines Of Sins
Independente – nac.
A banda já é uma das realidades do Thrash Death Metal nacional. Pessoal, vamos parar um pouco de falar só do Torture Squad. Os caras são foda, orgulho nacional, mas se isso persistir, o Brasil vai ser o país de uma banda só de Thrash Metal, asso,m como ocorreu com a babação pra cima do Sepultura na época: ofuscou dezenas de bandas tão boas quanto, e isso é ruim para todos e para eles mesmos. Bem, o Bloody começou com a demo Eat Your Brain (2002) e detonou com Slow Death, disco de estréia dos paulistas. A evolução definitiva veio com Engines Of Sins. O destaque aqui são as palhetadas massacrantes, mas o quarteto composto por Paulo Tuckumantel (vocal), Fábio Bloody (guitarra), Luis Coser (bateria) e Andre Tabaja (baixo) detonam como um todo. O forte é o conjunto. O CD abre com Bloody Machine, já arregaçando tudo, seguida da efusiva Invisible Faith. Outro destaque é Kill The Ordher, mostrando que poucas bandas beberam tão bem e de forma certa na fonte do Slayer. Forbidden Words tem uma aura de Metallica antigo, e as demais faixas despejam uma usina nuclear de riffs e mais riffs. Banda seriamente candidata a representar o Brasil nos futuros Metal Battle do Wacken.
RC – 8,5         

Faixas:
Bloody Machine
Invisible Faith
No Pay, No gain
Kill the Ordher
Forbidden Words
Evil’s Science
Forsaken by the Gods
Virus
The Outcome
Immortal Rage
Chaos Empire

MIASTHENIA
Supremacia Ancestral
Somber Music – nac.
Estamos diante de um dos melhores discos do Black Metal mundial. Não estou falando do Brasil, estou falando de um dos melhores discos do mundo dentro do estilo, sim! Supremacia Ancestral é um disco muitíssimo bem gravado, bem produzido e bem executado fato raro no Black Metal (principalmente no Brasil, não por falta de competência, mas por falta de recursos mesmo). Musicalmente, temos um Pagan Black Metal com muitas passagens épicas, clima tétrico e sombrio, como as letras pedem, os teclados existem sim, mas colocados de forma certeira para criar um clima mórbido, sem superexposição. É possível ouvir todos os instrumentos, nunca soando embolado e a produção deixa a massa sonora límpida e cristalina, mas sem soar polido demais, deixando a sujeira característica do estilo no tom certo. Os riffs remetem ao melhor do Epic Metal, os solos são inspirados, com muito de Heavy Tradicional e as músicas nunca se repetem, variando entre si e dentro das mesmas. E o resultado é um disco original. Sim, não remete a ninguém em específico, ainda que a banda use apenas instrumentos tradicionais quase ao longo do disco inteiro. Os vocais são guturais, feitos por uma mulher, Hecate, vocalista, tecladista e líder do Miasthenia. Ela já urrava uma década antes do mundo conhecer Angela Glossow do Arch Enemy, antes que algum ignorante venha dizer que “virou muda mulher cantar gutural”. Hecate já fazia isso num tempo onde desconheço alguma mulher o tenha feito, com o ponto positivo de se entender tudo o que ela canta, fato quase impossível em formações do mundo inteiro (mesmo as que cantam em inglês, muitas vezes você ouve uma coisa e quando lê o encarte, se chova por ver outra coisa escrita). As letras são em português, falando de nossa cultura local, antes dos portugueses chegarem com o cristianismo e destruírem tudo. O conceito, apesar de falar de nosso país e nossas raízes, não se limita à geografia política, de se falar apenas do Brasil, mas aproveita para falar de lugares, tribos e entidades da América do Sul como um todo. Que banda que faz isso? Sinceramente, não conheço. Olha que sou um apreciador das vertentes pagãs, seja do Pagan Metal, Epic Metal, Celtic Metal, Folk Metal e Viking Metal e atente para o fato de que recebemos vários discos do estilo todos os meses em nossa redação, com muitas jóias raras. Mas poucas delas superaram Supremacia Ancestral. Aliás, não me recordo de cabeça de nenhum disco que eu tenha recebido esse ano que batesse Supremacia Ancestral em todos os quesitos acima apontados. E o melhor e mais importante de tudo: alem de tecnicamente ser um disco perfeito, o sentimento que ele exala, a paixão com que foi feito e a credibilidade de ter sido concebido por quem conhece do assunto, seja na teoria e seja no sentimento de acreditar no que se escreve e no que canta e interpreta, faz de Supremacia Ancestral uma obra única. Não falarei aqui faixa a faixa, seja o que cada uma fala, seja musicalmente falando, pois é um disco complexo de se decifrar, mas fácil de se ouvir e se entender. Normalmente, quando gosto muito de uma banda ou disco, ou quando é um lançamento que merece muita atenção, eu geralmente faço um faixa-a-faixa. Dessa vez, vou deixar você comprar o disco e você mesmo fazer isso, pois além de Supremacia Ancestral ser em português e ser fácil de ouvir e entender as letras, o encarte trás todas elas e ainda uma breve história relatando o que se passa em cada faixa. Se XVI é histórico e Batalha Ritual é ótimo, Supremacia Ancestral é clássico! Apesar de Hecate ser a dona do negócio, seria injusto não citar o exímio trabalho de guitarras do experiente Thormianak (que já teve trabalho solos alguns anos atrás), com riffs épicos e solos envolventes, que amplificam o poder das músicas e das histórias nelas narradas. Também citar a cozinha Mist (baixo) e Hamon (bateria), principalmente este último, que não faz questão de ficar fazendo blast beats desnecessariamente. Quer saber mais? Espere a entrevista que faremos com Hecate. Por enquanto, compre Supremacia Ancestral o mais rápido possível e celebre seus verdadeiros ancestrais! JCB – 10

Faixas:

01. Deuses Da Aurora Ancestral
02. Exortações De Oceloti
03. Taqui Ongo
04. Tawantinsuyo
05. Tzompantli
06. Guerra Do Mixton
07. Idolatrias

FROZEN PAIN
Remembrances
Independente – nac.
A banda foi formada em 1996, ou seja, a mais de uma década. Apesar disso, debutaram a pouco tempo, com Remembrances, que mistura Heavy Metal com Death Metal, passagens Thrash e outras Doom, sendo todas as influências bem clássicas, oitentistas e tradicionais. E temática do disco puxa muitas vezes para o Doom, devido a sua melancolia. Esquece o Metal alegrinho do Funny Metal e esqueça as olimpíadas de ver quem toca mais rápido ou mais brutal do atual Death, e sem também a agressividade gratuita do moderno Metalcore, do qual muitas bandas até veteranas tem lançado mão de seus lançamentos. Por causa desse misto de Doom com Heavy, as vezes temos resultantes que lembram o Black Sabbath, raspando no que se convencionou a chamar Stoner, como em Burning Fire, por exemplo. Já em Scared Fellings podemos ouvir certas sonoridades nos fazem vir a cabeça algo do Metal Brasileiro, apesar de cantarem em inglês. A faixa título é angustiante, algo épica e progressiva, até pelos sete minutos de duração. Enfim, Remembrances é indicado para fãs de Black Sabbath, Las Cruces, Cathedral, Trouble e Witchfinder General, naquela linha tênue que separa o Stoner do Doom. Que venha o segundo disco logo e que não tarde mais uma década! RC – 8,0

Faixas:
01. Scared Feelings
02. Frozen Pain
03. Burning Fire
04. Remembrances
05. Carnal Ecstasy
06. Warrior
07. Scream Trapped in Throat
08. Charity

HELLISHTHRONE
Light A Candle For The Dead… And A Torch To Burn Their Corpses
Paranoid Records – nac.
Na ativa desde 2002, a horda paulista (na verdade um duo) Hellishthrone aparece com novo trabalho. A qualidade superior de gravação fará da banda, o próximo grande nome a insurgir na cena Black Metal brasileira. São sete músicas com muita agressividade, criatividade, muitas alternâncias em suas passagens, alternando entre as mais épicas e com alguma melodia até as mais brutais e predatórias. Mas sem perder às raízes do estilo. O lado bom de colocar poucas faixas em um CD é que, se todas as faixas forem de alto nível como é o caso aqui, o CD vai ser muito acima da média, e vai ter melhor resultado do que gravar 15 faixas e só cinco forem legais. Por isso, impossível citar destaques neste álbum, pois ele é muito bom além de homogêneo. Aliás, Light A Candle For The Dead… And A Torch To Burn Their Corpses, possui um dos títulos mais extensos e mais fudidos do Black Metal! Como fato exótico e algo pitoresco, é a faixa Rats Of Envy, que mescla o brutal com passagens acústicas, viajante e com um resultado pra lá de satânico! Light A Candle For The Dead… And A Torch To Burn Their Corpses é o segundo disco da banda, o primeiro no selo Paranoid Records. Com o apoio de um selo sério e que é feito por pessoas do ramo, que realmente entendem de Metal Extremo (e Metal em geral também), esperamos que a banda tenha regularidade em seus lançamentos e que leve sua veia Old School para outras paragens! Afinal, são poucas as bandas que ainda tem influência dos primórdios da cena norueguesa dos anos 90 e que conseguem evoluir, mantendo suas raízes intactas. RC – 8,0

Formação:
Khaos 666 - Vocals, Drums, Guitars, Bass
Filheim III – Guitars

Faixas:
1- Through Everlasting War
2- ...For Those... Iam Not
3- Tears of Blood
4- Everything is Vanity
5- Rats of Envy
6- Only For Wrath
7- Epilogue

SOULRIVER
The Dark Path Of The Fallen Souls
Die Hard – nac.
Bom, a Dia Hard, desde que se instalou como loja na Galeria do Rock em São Paulo, sempre primou por um tratamento de excelência. Quando montou o seu selo, levou essa qualidade para os seus lançamentos, sempre priorizando a qualidade do que a quantidade. Seus lançamentos, sempre de bandas nacionais, foram acima da média, seja pela qualidade das bandas, seja pela qualidade dos discos, aliadas a melhor produção sonora possível e um impecável trabalho de arte gráfica. Mas agora, eles foram longe demais! Já começa no trabalho gráfico. A capa de The Dark Path Of The Fallen Souls é linda e embalagem digipack, mas o impacto que ela dá pessoalmente, é impossível em se descrever com palavras e com imagens no computador. Só pegando na mão mesmo. Só isso já vale o CD, realçado anda pela embalagem ser toda envernizada. Musicalmente, The Dark Path Of The Fallen Souls é o debut do Soulriver, e a banda mistura diversos elementos dentro do Metal, onde prevalece o Heavy Tradicional, difícil não lembrar do Iced Earth. Sim, pois aquelas passagens de Thrash Metal, aliadas a melodias dramáticas e depressivas, quase Doom. O vocal de Andherson Némer, quase sempre limpo, lembrando alguns momentos de Messiah Marcolin (ex-Candlemass) e Robert Lowe (atual Candlemass e também Solitude Aeturnus) e as guitarras, a cargo de Andréas Igorr e Franz Souza, lembram as passagens rítmicas típicas de Jon Schaffer (Iced Earth). A semelhança (ou influência sadia) é vista ainda na capa do disco, sendo a figura central muito semelhante à antiga mascote da banda. Os temas exploram o abismo da mente humana e os infinitos caminhos da alma, em temas inteligentes, intrigantes e ameaçadores. Não cito faixas de destaque, pois The Dark Path Of The Fallen Souls é um álbum que beira a perfeição e desde já, o melhor disco de Metal nacional de 2008! E duvido que saia algum disco melhor nesta segunda metade do ano! JCB – 9,5          

Faixas:
1. Redeemer
2. The Sign of the Spawn
3. Walls of Glass
4. Shadow s King
5. Black Sparrows
6. Empty Eyes
7. Tehruss n Gaarak
8. The Soulriver (The Six Passages)
9. Fallen Souls (The Darkest Truth)

DEATH SLAVE
Valley Of Mirror
Die Hard – nac.
A banda paulista é velha conhecida nossa, tendo já inclusive sendo cadastrada em nosso sistema de divulgação de bandas independentes. Agora, merecidamente, chega ao segundo álbum, Valley Of Mirror, fazendo Heavy Metal com elementos progressivos, agressividade e melodias sombrias. Soa como um estilo atual onde muitas bandas, de Heavy, para sair da mesmice e da pasmaceira da Melodiquice de muitas, já que o Heavy hoje tem fundido elementos Tradicionais com Thrash, Prog e Dark, resultando em muita técnica, peso, agressão, algo virtuoso e temas sombrios. Os paulistas do Death Slave anunciaram seu novo vocalista às vésperas deste lançamento do novo disco, e quem assume o posto de front-man é Vitor Pacheco. O tema principal de Valley Of Mirror é a religião e as conseqüências que ela provoca na humanidade atual, está em fase final de produção. Ou seja, tema mais atual e mais apropriado ao Metal, impossível! A banda só peca por uma capa muito simples. Mas a música aqui contida repara essa falta e com sobra! Destaca-se o bom trabalho da dupla de guitarristas Bruno Sampaio e Tiago Pescarolo, remetendo aos solos dobrados e duelos, tão característicos do Metal Tradicional. Destaque para as faixas The 7th Prophecy, Temple Of The Damned e a faixa-título. Mais uma banda a galgar o longo e árduo caminho do reconhecimento dentro da cena nacional! RS – 7,5

Faixas:

1. Draven s Sign
2. The Crow
3. Demonic
4. Valley of Mirror
5. The 7th Prophecy
6. Temple Of The Damned
7. Eagle Man
8. The Hall of Strang Illusions
9. The Ghost of Pain
10. Kings of Steel
11. Sea of Dreams

SHAMAN
Immortal
Independente – imp.
Renovatti é aquela introdução que virou tópico das bandas de Ricardo (Angra, Shaman antigo e Shaaman), sendo uma faixa completa mesmo, como uma trilha sonora de algum filme. O lado Power Metal vem com tudo na seqüência com Inside Chains, um verdadeiro Power Metal mesmo. Esqueça o Shaman de Reason, com aquele peso do Thrash e densidade do Gótico – Reason lembrou muito o The Dark Ride do Helloween, último álbum decente deles e que tinha as mesmas características: Goth e Thrash (bem como o Endorama do Kreator, o pai de todos em fazer este tipo de Crossover e Fusion). Esqueça também o Shaman de Ritual, que era mais épico, mais “Angra”, mais Melodic e mais Prog. A coisa em Immortal é pesada em todos os sentidos mesmo. Tribal By Blood mostra a força desta nova formação, que assim como a segunda encarnação do Angra revelou talentos relegados ao Underground, o mesmo será feito agora. Esta nova sonoridade remete ao Power Metal europeu atual, mais “Dark” (sem ser Goth como foi Reason), mais denso e em alguns momentos lembra Symphony-X, mostrando um lado mais atual. A faixa-título é um belo de um Prog, e em alguns momentos chega perto do Kamelot. Aliás, os vocais de Thiago Bianchi, que é um dos melhores do Brasil, onde já fez muita coisa boa na sua outra banda, o Karma, remete na escola de Roy Khan. Esta faixa, ainda em sua metade, mostra elementos xamânicos e indígenas. A cadenciada e quebrada One Life mostra a parte mais Prog do negócio, de fato. In The Dark é a balada, não tão bombástica quanto as que Andre Matos fazia, mas muito bonita e sombria. Strength é puro Metal Melódico, sem ser no entanto Happy Helloween” e claro, tinha que ter a frase “carry on” em seu meio (você conhece alguma banda de Melodic Metal que não tenha feito sequer ainda a palavra “carry on”?). Freedom é meio quebrada e tribalizada, remetendo aos bons momentos de Holy Land do Angra. Em Never Yield volta o lado Melodic Metal enquanto The Yellow Brick Road encerra de forma “on the road” quase acústica por completo, calma e viajante. Thiago é um dos melhores vocalistas de nossa cena. Léo Mancini é um dos guitarristas mais técnicos e talentosos de nossa cena, essa que é a verdade, não deixando nada a dever a Kikos Loureiro’s, Rafaéis Bittencout’s e Hugos Mariuttis de nossa cena. Fernando Quesada é um baixista técnico, correto e experiente, já tendo atuado como músico de estúdio em diversos trabalhos e com o seu estúdio, feito várias produções. E Ricardo Confessori, não precisa mostrar toda a sua técnica em todas as faixas e em todos os momentos. Ele guarda para seus solos nos shows. Nos discos, ele sempre fez o que as músicas pediam. JCB – 9,0

THREAT
Heaven To Overthrow
Voice Music – nac.

Com os trabalhos finalizados, o grupo Threat já está divulgando o seu novo disco, Heaven To Overthrow. Demorou mais saiu. Merecido! O trabalho foi gravado, mixado e masterizado no Mr. Som Studios, em São Paulo, e produzido pela banda e por Heros Trench, guitarrista do Korzus e responsável por várias produções de bandas atuais do cenário Metal nacional, ao lado de Pompeu, vocalista do Korzus, dono do Mr. Som e responsável pela produção de dezenas de discos nacionais. Heaven To Overthrow traz 13 faixas demolidoras. O Threat é formado por Wecko Mainente (vocal e guitarra), Fabio Romero (baixo e vocal), André Curci (guitarra) e Edu Garcia (bateria). A banda foi formada em 2001 e já tem três EPs lançados: Threat (2002), Special Edition EP (2003) e Headswitch (2005). Influências de Anthrax, Suicidal Tendencies, Biohazard e Machine Head são perceptíveis. Ou seja, banda que passeiam pelo Thrash (Anthrax), Hardcore (Suicidal Tendencies), Crossover (Biohazard) e Modern Metal (Machine Head). Apesar de tantas influências e de um caldeirão de estilos, percebe-se que se trata de uma banda com um som bem urbano, bem de rua mesmo, ainda mais da caoticidade de grandes centros urbanos. A banda conseguiu um estilo singular ao longo dos anos. Heaven To Overthrow tem13 faixas com muito groove, melodias marcantes e um bom trabalho de vozes. As vezes a banda esbarra no moderno Metalcore, que é o que estas influências denotam. Destaques para Dá Headswitch, Out Of Sigh, Out Of Mind com solo de Heros Trench, do Korzus, Deadman e My Enemy, estas duas últimas a com solo de Hugo Mariutti (Andre Matos, ex-Shaman). Realmente uma banda cosmopolita e antenada com o que rola nas grandes cidades do mundo todo, e para esse tipo de sujeira, sua cidade, São Paulo, tem inspiração de sobra! RC – 8,5         

Faixas:
01. Intro
02. Headswitch
03. Out Of Sight, Out Of Mind
04. Heaven To Overthrow
05. Deadman
06. Ready
07. Alone Once Again
08. My Enemy
09. Scars
10. 15 Years
11. One Man Stand
12. From Sunset To Sunrise
13. Moving On

BARANGA
Meu Mal
Voice Music – nac.
Talvez a Baranga seja a maior representando do verdadeiro Rock’n Roll paulista, honrando o nome de bandas desde as do bairro da Pompéia (Made In Brazil, Mutantes, entre outras) até Golpe de Estado e etc. a banda continua com aquela linha, manjada, mas legal e funcional, de discos anteriores, como Barangae Whiskey do Diabo. Rock, Hard Rock, Roll, Blues e etc. Tudo regado a malícia, sujeira e coisas da noite e do Rock’n Roll (que todos vocês já sabem). Deca e Xande continuam legal nas guitarras, Xande ainda com vocal bem grave, grosso, rude, estilo Lemmy do Motörhead, Soneca vai bem com seu baixo, bem marcado e com swingue e o legendário Paulão que marcou história no Centúrias, Firebox (banda que revelou Luis Mariutti, que o levou para o Angra, atpé então), Cheap Tequila e etc. Mais uma produção no estúdio Mr. Som com Heros e Pompeu do Korzus, Meu Mal vai marcar a barreira da banda. Parabéns para a Voice Music que aposta pesado no Metal nacional! RS – 8,0        

Faixas:
01. Filho Bastardo
02. Meu Mal
03. Frango, Farofa e Cachaça
04. A noite Inteira
05. Fuego Del Inferno
06. Garota Rocker
07. Não Mora Mais Aqui
08. Na Contra-Mão
09. Predador
10. A Vida é Uma Só


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