NIGHTWISH – Via Funchal/SP – 28/11/2004.
Texto e foto: Júlio César Bocáter.
Tivemos a oportunidade de cobrir o show extra. O do dia 04/12 já estava esgotado e por pouco o extra não foi sold out também! Depois de um calor de 36 graus em SP no dia anterior, na hora do show a temperatura esta em 18 graus, ou seja, em menos de 24 horas, a temperatura caiu pela metade, seguida de uma tempestade que parou a capital paulista! Por causa disso, o show, num domingo, programado para começar mais cedo, as 21 horas, começou depois das 22. Quando a banda entra, o frenesi, o frisson era total! Afinal, estávamos diante de uma banda rumo ao topo do Rock no mundo todo! Quem diria, que numa noite chuvosa e fria de julho de 2000 no antigo Tom Brasil, a primeira vez que o Nightwish se apresentava no Brasil, em quatro anos a banda cresceria tanto. Talento eles já mostravam que tinham e músicas que se tornariam hinos, tiradas dos fantásticos Wishmaster e principalmente Oceanborn. Mas que eles se superariam com Century Child e principalmente Once. Alías, foi em cima destes dois últimos discos em que o set list atual deles foi baseado, sobrando muito pouco para os dois citados no começo. Tarja está cada vez mais linda e cantando cada vez mais, apesar de assustada e acuada no começo. Ao vivo, a banda esta mais pesada, a batera de Jukka, com uma pegada cada vez maior, o guitarra de Emppu está se sobressaindo mais, Tuomas está mais volto ao vivo e a entrada de Marco Hietala (ex-Sinergy) fez bem a banda. Ficou mais dinâmica, mais pesada, e como ele também canta, deixa o show mais variado e dá um descanso maior para Tarja. Ele detonou no cover de Symphony Of Destruction do Megadeth! Mas Tarja é Tarja! Trocou de roupa várias vezes e se mostra cada vez mais uma verdadeira frontwoman! Faixas como Wishmaster, The Kinslayer e The Pharaoh Sails To Orion (umas das poucas de Wishmaster e Oceanborn, para se ver como a banda já tem muita música para tocar) já são clássicas, assim como a cover do Gary Moore, Over The HillsAnd Far Away, que encerrou o show. Já a cover do Fantasma da Ópera, além de manjada, se torna desnecessária, pois a versão da banda é uma das mais fracas que já vi, perde feio para a do Dreams Of Sanity, por exemplo, além de, repito, manjada. O set, a exemplo de 2000 e 2002 foi curto, uma hora e meia apenas de novo, entendível pelo tipo de vocal de Tarja necessitar de um descanso maior, mas muito pouco para uma banda que tem pelo menos 20 clássicos! Muitas ficaram de fora! De qualquer forma, faixas de Once como Dark Chest Of Wonders (um soco no estômago!), Wish I Had An Angel que ao vivo é mais pesada ainda e Nemo, o hit do momento e responsável por ter levado pelo menos metade do público lá presente, mostrando uma banda que ainda vai fazer muito pelo Metal Melódico Gótico Sinfônico! E algumas faixas do Century Child como Bless The Child, Pop mas pesada ao vivo, End Of All Hope e de Dead To The World matam! Enfim, mais um grande show, um grande espetáculo, com gosto de quero mais!
DIO – Credicard Hall/SP – 28/08/2004.
Texto e fotos: Júlio César Bocáter.
Ronnie James Dio é uma lenda, um mito e dispensa qualquer comentário. Afinal, uma pessoa que já cantou no Black Sabbath, substituindo Ozzy, que foi responsável pelo estouro do Rainbow, ainda teve uma boa repercussão com o Elf, e um dos artistas solo mais bem sucedidos do Heavy Metal, não há mais nada o que dizer. Quantos artistas no mundo do Metal e do Rock Pesado conseguiu consolidar seu nome artístico como uma banda? Bruce Dickinson, Rob Halford, Vince Neil, David Coverdale, Ian Gillan, entre outros, não conseguiram consolidar suas carreiras solo, com um sucesso bem inferior aos de suas bandas. Mas Dio, ao lado de Ozzy, foram os únicos! Mas, pra que toda essa introdução? Para poder resenhar melhor esse show! Afinal, um show do Dio é único! Que show você poderia ver em uma só noite, músicas do próprio Dio (claro), músicas de sua fase do Rainbow e músicas de sua fase no Sabbath? Para quem realmente gosta de Hard, Heavy e Rock pesado em geral, um show do Dio é um evento, um acontecimento! Com a casa esturricada, Dio executou um set único! Com ênfase nos seus três primeiros discos e com músicas do Sabbath e Raibow da qual não tocava a anos! Este foi o diferencial deste show, uma volta ao tempo, uma volta ao final dos 70 e começo dos 80! King Of Rock And Roll arregaça, seguida de Sign Of The Southern Cross do Sabbath! Cara, essa arrancou lágrimas de metade das pessoas presentes ali com mais de 30 anos! Linda, um sonho! Stargazer do Rainbow, outro momento inusitado, seguida por Stand Up And Shout. Eu, particularmente, acho esta uma das menos melhores músicas da banda Dio, mas ao vivo, ela funciona muito bem, justificando ser uma das músicas “imexíveis” de seu set. A banda estava coesa, em uma das melhores formações que Dio já teve. Simon Wright (ex-AC/DC), é um dos bateras mais competentes e com maior pegada do Rock! O guitarra Craig Goldie é um dos melhores do ramo, apesar de estar carrancudo nesta noite (ouvi muitas pessoas reclamarem de sua performance) e Rudy Sarzo (ex-Quiet Riot e ex-Whitesnake), mostra muita técnica e agitação, apesar de as vezes soar exagerado. Os solos são invitáveis, e apesar de quase todos criticarem as presenças deles nos shows, das quais eu me incluo, eles são necessários, para promoverem e darem honra aos músicos, e para os vocalistas terem um descanso no gogó. Voltando ao show, a eterna baladinha macabra, Don’t Talk To Strangers e uma nova The Eyes, do recém-lançado Master Of The Moon. Na seqüência, Mob Rules, e uma trinca de matar, num medley mortal com Man On The Silver Mountain, Long Live Rock And Roll e Catch The Rainbow. Quer mais novidades? Rock And Roll Children, que não era tocada há anos, e Gates Of Babylon, outra que não era tocada há décadas! Já Heaven And Hell e Holy Diver são manjadas, mas nunca são demais, clássicos absolutos! O final veio com The Last In Line e Rainbow In The Dark. Para encerrar, a mortifera We Rock e Neon Knights! Indiscutível, mais uma vez, show do ano! JCB
MOONSPELL – Direct TV/SP – 20/05/2004.
Texto: Rogério Correa. Foto: Júlio César Bocáter.
Após 6 anos desde a turnê de Sin/Pecado, os portugueses voltaram ao Brasil para divulgar The Antidote, seu álbum mais recente. E mais uma vez, quando uma banda macabra toca em São Paulo, o frio se faz presente, com uma leve garoa. Tétrico! O Moonspell tocou músicas de todas as fases de suas carreira, mostrando uma boa presença de palco, profissionalismo e simpatia. O vocalista Fernando Ribeiro é monossilábico, quase não se comunica com o público. Empunhando seu cajado em momentos pré-determinados, usando de magia negra roubando energia dois presentes. Hoje o Moonspell conta com Mike Gaspar na bateria, Pedro Paixão na guitarra e teclados, Ricardo Amorim na guitarra e o estreante Aires Pereira no baixo, que substitui o brasileiro Sergio Crestana. Os maiores momentos foram Opium e Devil Red, de um set eclético, onde tivemos desde Black Metal dos primórdios, até o quase Death Doom Gótico de The Antidote, passando pelo Heavy Gótico Medieval de Sin/Pecado, até o Gothic Metal e Goth Rock de Darkness And Hope.
DIMMU BORGIR – Credicard Hall/SP – 24/04/2004.
Texto e foto: Júlio César Bocáter.
Talvez, o melhor show do ano até agora, ao menos para mim. A abertura da noite ficou a cargo do Torture Squad, que atinge o ponto alto de sua carreira e de reconhecimento do público. Tanto é verdade que todos gritavam o nome da banda entre as músicas. Foi o show de abertura mais ovacionado até hoje no Brasil, em se tratando de Metal extremo. Músicas como Unholy Spell tiraram o fôlego dos bangers ali presentes. Logo após entra o Dimmu Borgir para uma das mais avassaladoras performances já feitas no Brasil. Abriram com duas músicas do clássico Enthrone Darkness Triumphant: Spellbound (by the Devil) e In Death’s Embrace. Estas duas alvoroçaram a todos! A performance técnica da banda é impecável! Não dá para saber qual dos músicos é melhor ou que se destaca mais, tanto tecnicamente como em movimentação de palco. O vocalista Shagrath consegue urrar ao vivo como em estúdio (não são todos que conseguem) e o guitarrista Silenoz, o único remanescente da formação original além de Shagrath, detona com seus riffs incendiários e solos malditos. Destaque para o baterista Reno Killerich, que entrou em cima da hora no lugar de Nick Barker. A iluminação foi de nível internacional e faixas como Allegiance, Kings Of The Carnival Creation e Blessing Upon The Throne Of Tyranny eram executadas quase sem intervalo e sem muita conversa com os presentes. Outras mais antigas como Arcane Life Force Mysteria e Mourning Palace, esta merece um destaque especial: além de ser o clássico mor da banda e maior hit, ao vivo, nos proporciona um clima malévolo sem igual. O show foi curtíssimo, mas o suficiente para convencer a todos voltarem para casa satisfeitos e com a certeza de que o mal existe e estava ali, em carne e osso! Eles provaram que Black Metal, mais do que barulho, peso, vocais guturais, corpsepaints e temas satânicos é essência e filosofia acima de tudo. Só assim, se consegue criar um clima mórbido e lúgubre, e isso o Dimmu Borgir conseguiu! E mais uma vez, em São Paulo, o frio se fez presente na hora do show, e ficou na cidade por mais de um mês!
UDO – Direct TV/SP – 05/03/2004.
Texto: Júlio César Bocáter.
Até que enfim, UDO vem ao Brasil, antes tarde do que nunca. E aqui, se deu ponto final numa infindável discussão. A discussão era que uns acham que a carreira solo de UDO tem o mesmo nível do Accept, outros acham que a do Accept é muito superior. E a segunda opção estava certa! Sim, pois os pontos baixos do show foram as músicas de UDO, enquanto que todos os pontos altos foram as do Accept! Sua banda é Udo (vocal) Stefan Kauffman (guitarra, e ex-baterista do Accept) Igor Gianola (guitarra), Lorenzo Milani (bateria) e Fitty Wienhold (baixo). Udo subiu ao palco vestindo suas roupas militares camufladas, e executou clássicos do Accept como
Restless Wild, Princess Of The Dawn, Midnight Mover, TV War, Son Of A Bitch,
Balls To The Wall e o encerramento com
Fast As A Shark. Das músicas solo,
Animal House, Man and Machine e a inédita
Thunderball, foram as melhores. Esperamos que não demore mais 25 anos para voltar ao Brasil de novo e que quando volte, ainda entoe hinos do Accept e
Thunderball confirme a expectativa de ser um dos melhores discos de sua carreira.
IRON MAIDEN – Estádio do Pacaembu – 17/01/04.
Texto: Júlio César Bocáter.
Há muito tempo não via um show destas proporções! Os últimos deste naipe que pude conferir aconteceram em 98: O Monsters Of Rock e o show da 89FM com o próprio Maiden mais o Helloween. De lá para cá tivemos algumas edições do Kaiser Festival, mas não é a mesma coisa, pois na maioria das vezes trouxeram bandas requentadas, longe de estarem em seu auge, e com um monte de frescuras, com cadeiras em lugares onde deveriam estar pessoas de pé, pulando e dançando. Ou seja, não é o mesmo espírito de um verdadeiro show de Rock e/ou Metal, além dos preços absurdos. E só o Iron Maiden para trazer quase 50 mil pessoas para o Pacaembu! E 90% dos presentes estavam indo a um show de Metal pela primeira vez, mostrando que a cada ano que passa, o público se torna mais civilizado, organizado e educado. Quem abriu o espetáculo foi o Shaman. E que show! Nunca uma banda de abertura foi tão bem aceita por um público aqui no Brasil! O set foi o seguinte: Ancient Winds, Here I Am, Distant Thunder, Time Will Come e For Tomorrow. O cover ficou por conta de No More Tears, do Ozzy, o que deve se tornar praxe no set da banda! E voz de André, por incrível que possa parecer, caiu como uma luva para os vocais feitos por Ozzy! Incendiária! Fairy Tale foi cantada em uníssono, pelo sucesso que a novela ajudou a projetar. Para encerra, a única do Angra que irá ficar no set list do Shaman: Carry On. Nunca uma banda de abertura foi tão aplaudida de pé pelo estádio todo! Nesta hora eu estava bem no meio da pista, e vi, tanto do pessoal da pista, das cadeiras e das arquibancadas ovacionarem o Shaman! Ritual neles!
Já o Iron Maiden, bem... este foi o melhor show do Maiden no Brasil! Senão vejamos, vamos recordar as vezes anteriores: no Rock In Rio I, foi a fase do Powerslave, fantástica. As músicas executadas em 85, tinham o mesmo peso e impacto que tem hoje? Eram clássicas como são hoje? Claro que não! Depois, em 92, no estádio do Palmeiras, foi um puta show, mas eles estavam na turnê do Fear Of The Dark e tocaram muitas músicas deste, como do anterior na época, o tenebroso No Prayer For The Dying. E Bruce já estava desgastado e estava de saída da banda. Nas duas vezes que a banda veio com Blaze nos vocais, em 96 e 98, bem... não tem nem o que comentar né? E no Rock In Rio III em 2001, o show foi apático. Sim senhor! Bruce foi um show a parte sim, mas o resto da banda ficou estática. O DVD Rock In Rio é um puta DVD, que dá a impressão do show ter sido dinâmico e energético, tamanha a quantidade de cortes de imagens que o mesmo possui. Mas para serem filmados para esse fim, os músicos ficaram intactos. E as músicas de Brave New World funcionam bem menos ao vivo do que Dance Of Death. Este, além de Dance Of Death ser o melhor disco desde Seventh Son, apesar de sua produção apagada, ao vivo suas músicas ganham uma energia formidável. O set começa com Wildest Dreams, e logo depois incendeia o Pacaembu com Wratchild. Can I Play With Madness? volta ao set no lugar de The Evil That Man Do. The Trooper é The Trooper e cada vez mais se torna mais um hino. Dance Of Death ao vivo é fabulosa, com uma coreografia de Bruce, com uma capa que dão a tônica. Rainmaker, a melhor faixa do disco novo, ao vivo é mais bombástica ainda! Brave New World é a única do CD homônimo, e a que mais funciona. Pachendale, outra do CD novo, é a que menos funciona, e Lord Of The Flies, única da fase Blaze, passou batida pela platéia, apesar da banda estar destruindo tudo no palco. No More Lies foi uma das novas em que o público mais cantou. E a volta de Hallowed Be Thy Name? Sem comentários, né? Nunca gostei de Fear Of The Dark, mas ao vivo arrepia, da forma em que ela se desenvolve e a platéia responde. O set termina com Iron Maiden, sempre com o Eddie presente. Por mais óbvio que pudesse ser o Eddie vestido de “Morte”, isso nunca foi feito. A banda retorna com a acústica Journey Man, interessante. O final foi com The Number Of The Beast e Run To The Hills. Todos sabiam que este seria o final, e mesmo assim, explodem do mesmo jeito. E o show acabou cedo, as 23:30, dando tempo para todo mundo chegar em casa são e salvo, com a alma lavada e feliz da vida! E que venha o Judas Priest agora!