THE CULT – Credicard Hall/SP – 08/10/2008.
Texto: Júlio César Bocáter. Fotos: Márcio Rodrigo Silva Pereira.
O fato banda não estar em seu auge, de seu último disco Born Into This ser “apenas” bom, e de a banda ter tocado aqui a pouco tempo, há menos de dois anos, em dezembro de 2008, e apesar da casa estar cheia, mas não lotada, não tirou a expectativa dos presentes. Sejam eles presentes pela primeira vez, ou que tenham faltado em 2006, ou que estavam os vendo pela segunda vez. Sejam as poucas dezenas que os viram também em 2000 no Espaço Imigrantes num festival da finada rádio 89FM, ou ainda, uma dezena que os viu em 1991 no Ginásio do Ibirapuera, ou ainda mais a meia dúzia que os viu nestas quatro vezes, 1991, 2000, 2006 e 2008, do qual eu faço parte. Só não estive em 1995, quando eles vieram aqui, mas já em fim de carreira, cheio de brigas, tanto que ac abaram logo depois, retornando no final dos anos 90 apenas. Afinal, sendo o menos bombástico de todos os quatro shows realizados aqui no Brasil, ainda assim foi um bom show. Afinal, vários clássicos ali foram despejados e mesmo as músicas mais recentes, são boas. Não no nível dos clássicos, mas boas faixas. Mais uma vez tivemos uma noite fria e chuvosa (parece que só faz frio e chuva quando tem show de Rock em Sampa, pois no resto dos dias, não chove e faz um calor insuportavelmente poluído), o que criou um clima a mais para esta noite. Pouco depois das 22 horas, surge o The Cult, sempre com boa postura de palco, ainda que a banda seja mesmo Ian Astbury e Billy Duff e os demais, coadjuvantes, que se alternam em cada turnê. Depois de uma intro, eles vêm com Nirvana, do álbum Love, um dos melhores da banda e o mais Gótico de sua carreira. Aliás, este show foi divulgado e vendido como de uma banda Gótica. E de Gótico, era o que menos tinha. Mas eles vieram com um set, um show e até a iluminação, voltado para o lado mais sombrio. Depois, a mágica Rain, sempre clássica, Gótica e sombria. Bem, se eles abriram com duas músicas de seu segundo disco, o mais clássico, então seria um show estilo Best Of como quase todas as bandas da recém criada Classic Rock (todas as bandas dos anos 70 e 80) vêm fazendo? Quase isso. I Assassin seria a primeira do Born Into This, disco que oficialmente eles estariam divulgando. Na sequência, a dançante The Witch da coletânea Pure Cult de 93. Seguindo, com a meteórica e quase Heavy Metal Fire Woman. Quem não se lembra desse clipe, com a banda tocando num palco dentro de um estúdio (como metade dos vídeo clipes dos anos 80) com um a performance de palco arrasadora de Astbury, na época em que ele parecia uma mulher: baixo, magro, rosto de traços delicados e um cabelo liso e comprido até a cintura. Hoje, Mr. Astbury está mais velho (claro, até aí tudo bem), mas de tanto zoar, seu cabelo ficou enrolado, quase não se mexia no palco e aqui, sua voz começava a ir embora. Ainda assim, valeu a pena conferir este clássico do Sonic Temple, cuja capa trás uma pose tradicional de Billy Duff, com as pernas abertas, a mão direita na guitarra e a esquerda no alto. Esta imagem até hoje, resume e define o Rock, numa das capas mais marcantes e arrepiantes da história do Rock’n Roll! Do mesmo disco, a semi-balada Edie (Ciao Baby) cantada em uníssono. Illuminated, outra do disco novo, veio para variar, temperar e enriquecer o set. Depois, uma das mais bombásticas, Lil' Devil da fase mais Hard Rock e setentista da banda, que é o disco Electric. Ian Astbury, quase não falava entre as músicas, não pode não ser comunicativo, mas por mal conseguir parar em pé. Ver um cara que já beira os 50 anos dando uma de Junkie inconseqüente é lamentável, mas não chegou a comprometer nem errar letras ou errar tempo de músicas, mas a voz ia diminuindo. Inclusive, chegou a arremessar alguns pandeiros para a platéia, como se fosse um guitarrista jogando palhetas para o público, instrumento que ele sempre usa nos shows pra marcar ritmo (aqui, era mais do que necessário pela sua condição física). Num dos pandeiros que ele jogou para o público, ele pediu de volta, mas o cara não devolveu. Aí, ele parou de jogar. Phoenix, mais uma do Love, seguida de Spiritwalker, a primeira do também Gótico Dreamtide, debut com o nome The Cult. Astbury, que quase não falou, começ ou a disparar tão rápido que ninguém entendia, com Billy Duff falando junto, meio que tradução simultânea, sabe? Fora as batidas do baterista John Tempesta, tão comuns quando o batera tesoura o vocal quando passa dos limites. Aproveitando, vamos falar do restante da banda. John Tempesta, tem experiência de sobra, tendo tocado com Exodus, Testament e White Zombie, entre outros. Que ouviu e assistiu o Live In London do Testament, pode ver como o cara detona. A presença do baterista original Matt Sorum, sempre fará falta, mas Tempesta deu muito peso, fazendo esta apresentação ser acima da media. O baixista Chris Wise parece ter sido membro fundador da banda, tamanha desenvoltura, entrosamento e naturalidade com que ele toca. Já o segundo guitarrista (algo raro na carreira da banda) Mike Dimkich beira o histriônico, seja visualmente, seja pela sua performance. Duro, fazendo caretas, parecendo um robot, seu visual era uma mistura do vocalista do Weezer com Woody Allen com o vocalista do Devo e ainda, o Daniel Azulay. A foto dele, explica isso.Voltando ao show, Rise do excelente Beyond Good And Evil de 2001, marcou presença. Para mim, Beyond Good And Evil é o quarto melhor disco da banda, só perdendo para Love, Electric e Sonic Temple. Savages do disco novo, deu uma esfriada, e Horse Nation, a que abre o Dreamtide, chegou a surpreender (sim, está em voga nas bandas clássicas resgatarem músicas obscuras ou pouco tocadas em sua carreira – bem como não tocar a música mais famosa ou comercial da banda, e o The Cult cumpriu a risca isso e não tocou Revolution, para desespero da maioria que ficava na esperança de esperar uma música acabar pensando: agora eles vão tocar Revolution. E não tocaram). Segundo, Dirty Little Rockstar, do disco novo, que apesar de bom, a escolha das faixas de Born Into This não foi das mais felizes. Parece que eles escolheram as menos polvorosas de propósito para quebrar o gelo. Poderiam ter tocado Sound Of Destruction e Citzen, duas das melhores deste disco que ficaram de fora. Wild Flower do Electric incendeia a casa, encerrando o set com Love Removal Machine, também do Electric, para dar um ar mais Hard Rocker. O tradicional encore, e voltam para as duas últimas, Sweet Soul Sister do Sonic Temple (essa ficou meio chato, com Astbury ofegante cantando “Sweet”... “Soul”… “Sister”… no sacrifício). E She Sells Sanctuary do Love, encerrando este show Classic Rock. Faltou Sun King, New York City, Sweet Salvation, War (The Process) e The Saint (estas duas, que sao as primeiras do Beyond Good And Evil)? Faltou. Mas quase todas as outras clássicas estiveram aqui.
Set list:
1- Intro
2- Nirvana
3- Rain
4- I Assassin
5- The Witch
6- Fire Woman
7- Edie (Ciao Baby)
8- Illuminated
9- Lil' Devil
10- Phoenix
11- Spiritwalker
12- Rise
13- Savages
14- Horse Nation
15- Dirty Little Rockstar
16- Wild Flower
17- Love Removal Machine
18- Sweet Soul Sister
19- She Sells Sanctuary
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TARJA TURUNEN – Credicard Hall/SP – 23/08/2008.
Texto: Júlio César Bocáter. Fotos: Márcio Rodrigo Silva Pereira.
Foi muito esperada essa apresentação da carreira solo de Tarja Turunen. Afinal, o Brasil foi um dos primeiros países no mundo a antever o fenômeno mundial que se tornaria o Nightwish posteriormente. Lembro do lançamento de Oceanborn aqui no Brasil, causando m]num alvoroço, seguido do bombástico Wishmaster, culminando com um show histórico em 2000 no Tom Brasil para pouco mais de mil pessoas. Naquele momento, era uma novidade, uma banda cantar Heavy metal com uma mulher fazendo vocal lírico operístico, sendo uma soprano. Este show foi no dia mais frio e chuvoso daquele ano e marcou época. Hoje, essa proposta virou comum e já começa a dar sinais de desgaste. Tarja foi demitida do Nightwish, que seguiu com outra cantora, seguindo uma linha mais Tradicional dentro do Heavy Metal, sem o lado mais Ópera de Tarja. Esta, no entanto, deixou de lado o Heavy Metal e caiu fundo num som mais Pop, algo sombrio algo Gótico, algo clássico, algo Folk. Para estes shows, Tarja montou quase um Dream Team para tocar ao vivo, contando com Kiko Loureiro (ainda no Angra, ou ex-Angra?), Doug Wimbish do Living Colour e Mike Terrana (ex-Rage e um monte de outros grupos). O sonho de todo músico de conservatório é ter um baixista negro, para dar um swingue mais. Já estudei em conservatório, por isso digo com propriedade e Tarja teve a mesma mentalidade, completando o raciocínio com um guitarrista virtuoso e o que difere é o baterista, já que Mike Terrana não é adequado ao estilo da carreira solo de Tarja. Tanto é que o mesmo tocou dentro de uma espécie de redoma. Sim, ele é um cara vigoroso e que desde o braço, então, para não destoar do restante, pois as músicas são mais lentas e leves, colocaram uma espécie de biombo transparente de acrílico, creio, para conter e não vazar muito. Terrana já tem cara de louco e toca que nem um alucinado. Com essa proteção, muito comum em hospitais quando algum paciente delira ou está em estado crítico, deu um tom mórbido! O show agradou 99% do fraco público que compareceu no Credicard Hall nesta noite, que ao menos, mais uma vez foi fria e chuvosa, uma das mais neste ano de seca e estiagem. Sim, fraco público. A casa fechou a enorme “geral” lá de cima. Para compensar o espaço vazio na pista, montaram uma arquibancada que ocupa a metade da mesma e trouxe o pessoal da geral lá para baixo. Já vi isso várias vezes em que a casa tem público menor que a metade da sua capacidade. O show para mim refletiu o público e me decepcionei. Claro, seu disco solo é nessa veia mesmo, e ao vivo, não cria um punch maior. Engraçado Tarja fazer sinais de Heavy Metal (o “chifrinho” com o dedo indicador e mindinho) em músicas lentas e sem peso. Tivemos vários solos durante o show e os momentos mais bombásticos foram os poucos executados de sua ex-banda. Nemo e Wishmaster incendiaram o público presente, contando ainda com o cover de Poison do Alice Cooper, presente em seu CD solo, e o cover do Megadeth para Symphony Of Destruction, encerrando o set. esta cover o Nightwish tocava com a voz totalmente feira por Marco Hietala. Soou deslocada em seu show solo. Ainda, a manjada Phantom Of The Opera. Já ouvi umas 500 versões deste clássico da música clássica, desde várias de Heavy e Gothic Metal, até Dance, Techno, Pop, Dance e etc. Sempre achei a do Nightwish, uma das mais fracas e previsíveis, sempre achei que eles poderiam coverizar uma música menos batida. Em carreira solo, beirou a apelação. Ela poderia usar qualquer outra cover clássica que não fosse essa, até prestando um serviço para seus fãs, a maioria novinhos. Quem fez o dueto foi Edu Falaschi. Do Nightwish ainda, teve a pesada e sombria Dead Gardens. Do disco solo de Tarja, o melhor momento sem dúvida foi a forte e marcante I Walk Alone. Essa sim, uma música acima da média, pena que o resto do disco não seja do mesmo nível. Afinal, todos os fãs de Tarja são fãs do Nightwish de sua época, e todos os presentes são ou fãs de Nightwish, ou de Gothic Metal. O show poderia ser um espetáculo, já que o momento e o tema pedia isso, mas foi tudo bem simples (palco, efeitos, performance) sendo a única coisa fora do comum a troca de figurino de Tarja, praticamente uma em cada música. Destaque ainda a simpatia dela, falando em português com o público. Mas ainda acho que ela vai acertar a mão e conseguir um meio termo entre o que ela quer fazer e o que seu público espera dela, afinal, My Winter Storm é o primeiro trabalho em que ela compõe e que ela faz tudo, pois no Nightiwsh, ela era apenas a vocalista, dentro de um esquema pronto de todas as músicas compostas por Tuomas.
Set list:
01 - Boy and The Ghost
02 - Lost Northern Star
03 - Passion and the Opera
04 - Nemo
05 - Sing For Me
06 - Our Great Divide
07 - Enough
08 - Oasis
09 - My Little Phoenix
10 - I Walk Alone
11 - Poison
12 - Phantom Of The Opera
13 - Ciaran's Well
14 - Wishmaster
15 - Die Alive
16 - Calling Grace
17 - Dead Gardens
18 - Symphony of Destruction
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GRAVE DIGGER – Citibank Hall/SP – 02/08/2008.
Texto: Júlio César Bocáter. Fotos: Márcio Rodrigo Silva Pereira.
Antes em São Paulo, tinha um ritual, que era chover todo dia que tivesse show de Rock Pesado e de Metal em geral. Hoje, como temos uma maior quantidade de shows no Brasil, aliado ao aquecimento global e a diversos outros fatores, a coisa se inverteu e esse fenômeno ficou cada vez mais raro de coincidir. No entanto, depois de 40 dias sem chuva e sem nuvem em São Paulo, foi durante a apresentação do Grave Digger que a chuva voltou bem como as nuvens. Chris Boltendahl seja louva! Boltendahl nas alturas! Esta santificação e endeusamento, além de coincidir com a chegada de uma frente fria, serve para elucidar o que se viu e ouviu nessa noite. Quem abriu a noite foi o Darkness In Flames, encarregado de fazer um Heavy Metal forte e vigoroso. Foi uma das bandas de abertura mais bem recebidas nos últimos tempos. Abriram com Wait For Death do seu EP de estréia, Dangerous Fate, causando um frisson nos headbanguers grudas na grade e nas primeiras filas. Uma porra! O set seguiu com Angel in Black¸que faz parte do do single World Is A Lie, que a banda estava lançando naquele mesmo dia! Seguindo, a faixa-título do mesmo EP. Como não poderia faltar, pra “jogar pra galera”, como toda banda de abertura deve fazer, até para ganhar fãs e causar empatia com a presença, um cover. Surpreendendo, Burner do Motörhead, fugindo do lugar comum, já que a maioria das bandas faz covers do Iron Maiden, Judas Priest, Megadeth, etc. Encerando o set que foi curto, mas certeiro, Dangerous Fate, faixa-título do EP debut. A banda sai ovacionada do palco, e a mesma, presenteou os presentes, jogando 100 CDs deste EP para o público, que foram disputados a tapa como se fosse uma palheta ou baqueta da banda principal. Deixaram uma boa impressão e agora só resta vir o full length! As 10 e pouco da noite (só sei que foi um pouquinho depois das 22 horas) o Grave Digger sobe ao palco para mais uma apresentação extasiante. Mas, o porque de tanto louvor à banda e ao seu líder, se eles não inovam em nada, seus shows não tem nada demais, apenas um pano de fundo e a mascote do grupo é personificada por um músico secreto que toca teclado atrás da bateria e vestido e maquiado a caráter? Justamente por isso mesmo, que o show dos caras é uma delícia de se ouvir! Concordo que seus discos mais recentes de estúdio, Rheingold, The Last Supper e o recente, Liberty Or Death , motivo da atual turnê, estão longe de serem clássicos e são os menos inspirados na sua extensa discografia (mas também a anos luz de sere ruins). Mas ao vivo, e este show, foi como se fosse um Best Of da carreira do grupo. Num total de 20 músicas (que show hoje, sem ser do Saxon, e de bandas Punk que tem músicas com duração menor do que 2 minutos tem duas dezenas de canções apresentadas ao vivo?), a banda tocou músicas de quase todos os discos (ignorou apenas Witch Hunter e War Games, por motivos óbvios – foram os discos em que o grupo quis agradar o mercado norte-americano, culminando com o fiasco Stronger Than Ever de 1987, quando mudaram o nome para Digger apenas). E o cheiro de Best Of (e é isso o que qualquer fã de qualquer banda quer ouvir) fica mais latente, quando nos deparamos que seus maiores clássicos, justamente os que foram escolhidos para o set list deste show, são quase todos faixas-títulos de seus discos. Mas vamos na ordem. Abriram com Liberty Or Death, faixa-título do recente disco, esta sim, candidata a clássico. Seguiram com uma surpresa, Son Of Evil, uma das maiores músicas do GD, mas inesperada, pois é do injustiçado e esquecido disco The Grave Digger. Seguindo, a porrada de Valhalla, a melhor e única música do mediano Rheingold no set, e para matar Scotland United, do Tunes Of War, que teria três músicas executadas nesta noite. Mesclando, Lionheart do Knights Of Cross, pois apesar da trilogia Tunes Of War, Knights Of Cross e Excalibur e do conceitual The Grave Digger, a banda não fez boxes dentro do seu set, e mesclou e intercalou faixas de ambos, com cara de Best Of mesmo! Vale destacar que ao vivo, a banda virou um sexteto. Até então, o grupo tem se estabilizado a muitos anos com Chris Boltendahl (vocais), Manni Schmidt (guitarrra), H.P. Katzenburg (teclados), Stefan Arnold (bateria) e Jens Becker (baixo), como um quinteto. Mas desde o final de 2007, se transformou num sexteto, com a adição histórica para a carreira do grupo de uma segunda guitarra, em Thilo Herrmann (Running Wild, Holy Moses, Risk, Faithful Breath). Grandão, meio gordão, meio fortão, desengonçado, mas muito bom guitarrista e com grande performance de palco, fez o palco ficar “mais cheio” com ele. Fez até o grande Manni Schmidt, elogiado por sua técnica, mas criticado por sua postura de palco estática, se movimentar mais. Somando a Chris, que não pára mesmo, mexe com a platéia, faz várias poses e gestos, e a Jens Becker, que apesar de tímido ainda, encara mais o público e também se movimenta, foram responsáveis por uma das maiores performances de palco que vi na minha vida toda. E olha que já vi show pra cacete! A próxima, Grave In The No Man's Land, a melhor de The Last Supper e que já virou hino, por seu refrão contar com a participação da audiência. Excalibur, outra faixa-título, uma das mais pedidas, precedida por frases de Chris, onde conta a história da mesma, foi um dos pontos altos. Incendiando e deixando no ar o clima medieval, The Dark Of The Sun, do Tunes Of War, incendiou o Citibank Hall. Vale citar que ao termino de cada música, a platéia entoava “olê, olê olê olê, Digger, Digger”, emocionando a Chirs. The House, mais uma do enigmático e mais diferente de sua discografia, o The Grave Digger, disco mais Dark de sua carreira einspirado em Edgar Allan Poe. Mais uma do novo Liberty Or Death, a boa Highland Tears, que não deve continuar no set list nos próximos anos. Mas serviu para criar clima para a pesadaça The Grave Digger, do disco já citado. SIlent Revolution, mais uma do Liberty Or Death, serviu para dar um refresco para o que estava por vir. Não haveria mais descanso depois dela. Ao anunciar Morgana Lefay, Chris diz que essa música é para você, você e você (apontado para as mulheres presentes, já que a faixa homenageia e conta a história da bruxa mor). Emendando, a pesada, sombria e negra Knigths Of The Cross, cantanda em uníssono com seu refrão forte, um brado de guerra. The Last Supper, mais uma faixa-título, com seu refrão forte, cantando com todos, com seu andamento lento e pesado, criou um clima de antiguidade na casa. Encerrando o show, Rebellion, precedida de um discurso longo de Chris, dizendo que a música falava de liberdade, liberdade, liberdade e todos os sinônimos possíveis. Nem precisa dizer a histeria que tomou conta do Citibank Hall. Acaba o set, aquela pausa tradicional para o encore e uma brincadeira antes deles reiniciarem. Chris põe a cabeça no palco, e todos aplaudem. Aí ele recolhe a cabeça. Depois reaparece de novo, todos aplaudem, e ele sai de novo. Sabe aquele tipo de brincadeira que os avôs costumam fazer com os netos? Ele fez isso umas quinze vezes acho, depois apresentando cada membro da banda, entrando um por vez, com a mesma ovação, ao melhor estilo Silvio Santos apresentando seus jurados. No encore, The Reaper, do homônimo, seguida de The Roundtable do Excalibur, um dos discos com mais faixa executadas, na seqüência vindo Grave Dancer, única do Heart Of Darkness. Este disco é interessante, na minha opinião. Apesar de excelente, claro, não é um dos melhores de sua carreira. No entanto,ele foi o responsável pela estabilização da carreira da banda, depois de terem terminado no meio dos 80 quando quiseram fazer Hard Rock. Foi com Heart Of Darkness que eles entraram naquela fase de capas clássicas tétricas, feita por Andreas Marschall. Ainda, eles começavam a dar tons épicos à sua música que marcaria a sua trajetória vindoura. Encerrando com o primeiro clássico deles, Heavy Metal Breakdown do disco homônimo. Fim do show, banda realizada e fãs felizes, sabendo que ao menos em cada turnê, eles estarão por aqui. E que terão qualidade garantida e o retorno merecido do investimento do seu ingresso.
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JOE SATRIANI – Credicard Hall/SP – 29/07/2008.
Texto e fotos: Márcio Rodrigo Silva Pereira
Terça-feira , 29 de julho de 2008, Credicard Hall. Uma enorme fila de pessoas a entrar na casa, ansiosos para ver a apresentação do mestre Joe Satriani, onde boa parte do público foi obrigada a estacionar seus carros fora do estacionamento da casa. O cenário em si era simples, basicamente só com os instrumentos, sem todo aquele “nhênhênhê” de produção, tais como efeitos pirotécnicos ou bandeiras. O show estava marcado para início as 21:30, começa exatamente as 21:33, algo pontualíssimo para os padrões que nós brasileiros estamos acostumados. O “Mestre” entoou suas primeiras notas com a música I Just Wanna Rock, faixa do novo álbum Professor Satchafunkilus And The Musterion Of Rock, 13º de sua longa carreira com mais de 20 anos de estrada, fazendo todo público delirar com sua alegre performance em seus plenos e “juvenis” 51 anos de idade. Músicas do novo álbum, acompanhadas pela incrível banda com Stuart Hamm no baixo, Jeff Campitelli, na bateria e Galen Henson na guitarra, fizeram parte do repertório como as riffadas Overdriver, Diddle-Y-A-Doo-Dat, a linda e sentimental Revelation, esta que despertou muitas lágrimas em guitarristas de plantão, Musterion, Out Of The Sunrise e Andalusia com seu ritmo flamenco, onde na versão de estúdio tem base de castanholas como percussão, mas ao vivo são substituídas pelas palmas do público, numa interação coletiva, toma todo Credicard Hall numa única só voz desta linda canção! Hits antigos não poderiam deixar de estar nesta maravilhosa apresentação, assim como Satch Boogie, Ice 9 e Flying In A Blue Dream, esta com uma pausa do guitarrista, mostrando sua nova guitarra, fazendo comentário que estava guardada especialmente para aquele show, fazendo o público ecoar o nome deste grandioso e humilde mestre das cordas como agradecimento. Outros clássicos como Super Colossal, Crushing Day, Time Machine, Cryin´, Cool #9 e Always With Me Always With You conhecida mundialmente por ser a antiga trilha sonora do cigarro Hollywood (Satriani já compôs músicas para filmes também, como a trilha instrumental do filme consagrado e manipulador dos anos 80, que consagrou o ator Tom Cruise, o Top Gun), numa versão totalmente “maluca”, onde faz mostrar domínio de técnicas e entendimento harmônico, colocando grande peso em seu final, com riffs melódicos e voltando a sua versão original, desta incrível e marcante balada. Chega a hora do nosso mestre “pegar” um ar, deixando todo o palco do Credicard Hall ao incrível baixista Stuart Ham, com um solo totalmente longo, improvisando alguns temas brasileiros como Aquarela e Garota de Ipanema, passando por passagens em ritmo de bossa e samba, com direito a música tema de circo, fazendo o público rir e interagir com palmas esse majestoso instrumentista. Á cada pausa em seu enorme solo (que foi por volta de uns 8 minutos) o público gritava STUUUUUUUUUUU, onde muita gente se revoltou, por não entender, confundindo com “huuuuuuu” de vaias, onde na verdade, era uma reverência ao grande instrumentista! Foram quase 3 horas de Rock´n Roll com foco em interagir com público, Joe Satriani mostrou todo seu talento de forma simples cumprindo o que foi dito á mídia, com 6 músicas fresquinhas de seu último álbum e muitos de seus clássicos que são referências a milhares de guitarristas em todo mundo “assim como este que humildemente lhes escreve”. Fazendo o público delirar aos berros, estes presos de tanta ansiedade, Surfing In The Allien e Summer Song, os dois maiores sucessos de Satcha, fecham o show desse incrível guitarrista, abençoado de tanto talento e incrível humildade, deixando claro que diferente de uma grande “gama” de guitarristas, ele não exibe sua técnica ou virtuosidade, e sim um instrumento que é a ligação de seu corpo à alma, destinado a simples interpretação de seus mais puros sentimentos.
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TONY MARTIN & JOE LYNN TURNER – Mafifesto Bar/SP – 28/06/2008.
Texto: Júlio César Bocáter. Fotos: Márcio Rodrigo Silva Pereira.

Uma noite para não se esquecer jamais. Intitulada de Classic Rock Night, o evento reuniu dois dos maiores vocalistas da história do Rock, Hard e Heavy: Joe Lynn Turner e Tony Martin. O evento foi realizado no Manifesto, um dos lugares mais tradicionais de São Paulo e o lugar perfeito para realização de shows deste nível específico. O lugar tem uma apresentação decente, limpeza, presteza de todos os funcionários, desde o balcão, bar, caixa e até por parte do proprietário, o Silvano. Os banheiros são mais limpos do que de Shopping! Chega de tratarem roqueiros em geral como porcos. Rock é coisa de nível, gente de nível. Que as outras casas sigam o exemplo. Parabéns para o Manifesto! Foi a primeira vez que nós cobrimos um evento lá e que seja o primeiro de muitos ainda por vir! Afinal em julho, tem Joey Belladona, ex-vocalista do Anthrax! E a casa e o ambiente foi mais do que propício para dois artistas que são cultuados por uma elite, não só financeira, mas cultural e musical, afinal, só quem entende de música sabe apreciar boa música. A maioria, que só sabe escutar Iron Maiden e Ozzy, lotam estádios. Claro, ambos são maravilhosos, e Ozzy bem mais em carreira solo (que é quase perfeita) do que no Black Sabbath. Quem ainda aí agüenta ouvir Paranoid, Iron Man e War Pigs? Fala sério! Portanto, gente de nível esteve nesta fria noite do inverno paulistano para ver estas duas lendas. Antes de começar o show, um dos produtores da turnê anunciou os problemas ocorridos um dia antes em Curitiba, onde era para a dupla ter tocado, mas por problemas diversos, não ocorreu. Ainda bem que em São Paulo estivemos em boas mãos! Passado isso, surge no palco a banda de apoio (que serviu de base para os dois shows, de Tony e Joe) formada por Davis Ramay e Lucas Souza (guitarra), Diego Padilha (baixo) e Riq Ferris (backing vocal). Completando, Tony trouxe a tiracolo um baterista, Danny Needham e o veterano e clássico Geoff Nichols, seu parceiro nos tempos de Black Sabbath. Tony Martin sobe ao palco de óculos escuros, e com um cabelo ousado, bem curto, passado a máquina, e todo grisalho com desenhos em preto em seu cabelo. Ficou legal! De cara, abrem o set com Lawmaker, causando arrepio a todos! Esta música não era executada desde a turnê de TYR, disco do qual faz parte, em 1990! Sem descanso, segue Devil And Daughter do fantástico Headless Cross, cabendo ressaltar que a banda estava redonda. Bem ensaiada, músicas de alto nível e era maravilhoso ver Geoff Nichols mandar ver nos teclados e fazer os backings vocals. Depois dessa música, Tony tira os óculos e fala com o público, dizendo que o set teria muitas músicas da sua fase no Black Sabbath. E anuncia The Shining, para delírio de todos! Esta música era música de trabalho do Eternal Idol, um disco que passou batido, mas marcava a estréia de Tony Martin no Black Sabbath e é um grande álbum. Ouvir o comecinho da guitarra dessa faixa, entrando aos poucos depois baixo, teclado e bateria, seguida de seus riffs matadores e com um refrão emocionante. Outra pausa e Tony já estava com a platéia ganha, que entoava em uníssono todas as suas faixas. Tony começava a brincar com o público, elogiar a banda metade brasileira e foi aplaudido até na hora que tirou a sua jaqueta de couro. Sabe time de futebol quando está jogando bem, em que a torcida aplaude até cobrança de lateral? Era isso o que acontecia. Anuncia um disco que marcou a vida de muita gente, Cross Purposes, do qual viriam as duas próximas músicas. A primeira, a semi-balada The Hand That Rocks The Cradle que arrancou lágrimas de dezenas de pessoas presentes, inclusive este que voz escreve. Afinal, eu nunca pensei que veria alguma vez Tony Martin no Brasil novamente. A última apresentação havia sido em 1994 com o Black Sabbath no Monsters Of Rock, onde a maioria do povo presente, que só queria ver o Kiss e a banda fez um set curto e com muita indiferença do público. E além de vermos Tony e sua voz no Brasil novamente, o melhor: tocando só músicas suas, tocando só músicas do Black Sabbath de sua fase. Realize se ele retornasse à banda de Tony Iommi e viesse tocar aqui. Eles iriam tocar 3 ou 4 músicas de sua fase e o resto do set, tocariam algumas faixas maravilhosas da fase com Dio e aquelas mesmas de sempre da fase com Ozzy. Desta vez, foi uma hora e meia só de Tony Martin! Na seqüência, ele anuncia I Witness, uma das faixas mais pesadas, agressivas e rápidas da história do Black Sabbath. Para terminar com o resto de fôlego e emoção dos ali presentes. Após I Witness, Tony anuncia que ele canta em outra banda, o Empire, de propriedade do guitarrista Rolf Munkes, e que tocaria músicas desta banda do seu último disco com sua voz, The Raven Ride de 2006. A primeira faixa seria a faixa-título, seguida de Breathe, ambas pesadas, agressivas, densas e caóticas, ainda que com um toque de Hard e Prog. Depois, Tony Martin anuncia que tocaria músicas do seu disco solo, Scream. A primeira era Raising Hell, faixa de abertura deste disco, que tem uma levada bem Deep Purple. Como havia alguns problemas durante o set, e quem era “a roadie” Silvia, Tony Martin até a elogiou. E claro, não parava de elogiar a banda brasileira e o público brasileiro também. Depois, emenda com a faixa-título de seu Scream, do qual tem um bonito violino tocado por ele mesmo, do qual ele fez questão de tocá-lo ao vivo, num dos momentos mais marcantes de tantos shows que já assisti neste ano. A banda sai do palco para o famoso encore. E aí vem a introdução tétrica The Gates Of Hell, que antecede a faixa Headless Cross, do disco Headless Cross, para mim, um dos cinco melhores discos do Heavy Metal. Ao começar a faixa Headless Cross em si, nem é necessário dizer que o Manifesto quase veio abaixo! Sem palavras para descrever qualquer coisa. Depois, e encerrando, a linda When Death Calls, faixa também do Headless Cross, que tem seu começo estendido ao vivo, com belas notas de baixo, com os teclados sombrios de fundo. Fim da apresentação, e eu, como fã, fiquei em estado de choque, não conseguia falar, pensar, me mover nada. Outros tantos ficaram assim, outros chorando, e todos alegres, de terem feito justiça ao ver um grande vocalista, com uma voz e músicas marcantes, executadas na nossa frente. Não vou ser chato em dizer que faltou Eternal Idol, Valhalla, Anno Mundi, Jerusalem, Evil Eye e uma ao menos que fosse do Forbidden, injustiçado pelos próprios fãs de Tony. Isso sem contar outras bandas em que ele participou além do Black Sabbath e do Empire, como The Cage, Forcefield, Giuntini, Rondinelli, Misha Calvin, M3, etc. Enfim, era hora de tomar fôlego, pois outra porrada estaria por vir. E que porrada! Entra em cena Mr. Joe Lynn Turner, magro e em forma, diferente de sua vinda em 2001 no Voices of Classic Rock festival ao lado de Glenn Hughes, Jamison (do Survivor), Fergie Frederiksen (do Toto), entre outros. Naquele show, ele estava bem acima do peso. Agora, apenas uma pequena barriga, assim como Tony Martin. Quem imaginou um dia ver o Tony Martin, que sempre foi magérrimo, com barriga, ainda que pequena? Turner abriu seu set com Death Alley Driver, do segundo disco do Rainbow, Straight Between The Eyes. Depois, um clássico da Classic Rock, I Surrender, emocionou a todos, do Difficult To Cure. A primeira de sua carreira solo, Power Of Love, faixa de trabalho de seu penúltimo disco solo, The Usual Suspects, que saiu no Brasil pela finada Big Rock. Stone Cold, meia baladinha do Deep Purple, cantada em uníssono, também do Straight Between The Eyes. Depois, uma raridade: Losing You, do seu primeiro disco solo, Rescue You, cantada apenas por seus fãs die hard. Depois, Can’t Let You Go, melodiosa, de seu último disco com o Rainbow, Bent Out Of Shape. Uma novidade bem festejada: Keep Tonight da sua banda mais recente, Sunstorm, que lançou seu debut homônimo ano passado, mas já conhecida por quase todos os seus fãs. Depois, Joe anuncia, para delírio de todos, King Of Dreams, clássico de sua fase no Deep Purple, música de trabalho do Slaves & Masters e a única de sua fase na banda a ser executada nesse show. Em seguida, Power, outra do Rainbow do Straight Between The Eyes. Uma paradinha para arrumar alguns problemas técnicos, vem Prelude, que abre para Lendlessly, também outra faixa obscura de seu primeiro disco solo, Rescue You, que hoje é um verdadeiro cult. Durante Prelude, do qual o tecladista Bruno Sá deu um show (ele entrou no lugar de Geoff Nichols que tocou só com Tony Martin), Mr. Turner fica dançando, lembrando a pessoal dos anos 70, como Jim Morrison e até Janis Joplin. Aliás, ele não pára um minuto e no palco, faz todos movimentos possíveis e imaginários. E como ele canta. Muitos jornalsitas ousam dizer que ele não canta nada. Me desculpe, que diz isso, não entende de música. Refrescando com uma das músicas mais novas do set list, Blood Red Sky, do ultimo de estúdio dele, Second Hand Life, excelente, diga-se de passagem. Vindo com Street Of Dreams, outra do Rainbow do álbum Bent Out Of Shape. Claro, foi o Rainbow que fez a maior parte do set de Lynn Turner. Alterando com mais uma do seu disco solo Rescue You, mais uma faixa The Race Is On. Quase no fim, Deja Vu, de sua breve passagem com Yngwie Malmsteen, mas muito festejada pelos presentes. Terminando o show, Spotlight Kid, clássico do Rainbow, Difficult To Cure, primeiro disco seu na banda. Voltando para o encore, um cover, Burn, no Deep Purple. Sim, apesar dele ter sido da banda, essa música, claro, é da fase Coverdale/Hughes, da chama MKIII (como é denominada as várias formações do Deep Purple). Enfim, uma noite histórica e inesquecível. E que Tony Martin volte mais vezes e possa tocar as músicas que não pode tocar desta vez, como Eternal Idol, Odin's Court, Valhalla, Anno Mundi, Jerusalem, Evil Eye, Dying For Love, Get A Grip...
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QUEENSRYCHE – Credicard Hall/SP – 16/05/2008.
Texto e fotos: Júlio César Bocáter.
Pela terceira vez no Brasil, a banda de Seattle, pela primeira vez, teve a oportunidade de fazer uma turnê como headliner. Voltemos ao tempo. O Queensrÿche debutou no Brasil em 91 no Rock In Rio II, naquela noite memorável, tocando junto com Sepultura, Megadeth, Judas Priest e Guns’n Roses (além de Lobão). Na segunda vez, vieram no festival da finada 89FM de São Paulo, abrindo para Megadeth e Whitesnake. Coincidentemente, o Megadeth tocará no Brasil, 20 dias após o show do Queensrÿche em São Paulo! O show de SP, que foi o último da turnê (antes, a banda tocou no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba) contou com cerca de 4 mil pessoas, calando a boca dos críticos que nada fazem a não ser criticarem os promotores, as casas de shows, as bandas, as assessorias de imprensa e etc. Mas em todo show estes “arrozes-de-festa” estão presentes. Muitos, na fila de imprensa, reclamando da banda e achando um absurdo que a mesma tenha fã-clube! Ué, o que foram fazer lá então? Por que não ficaram em casa? Ao menos, seja com credencial, seja com convite, estes caras tiram lugares de outras pessoas que curtiriam melhor o show (com convite) ou não ocupariam lugar de outros jornalistas, fotógrafos e repórteres que poderiam estar fazendo a cobertura. A banda entrou no palco às 22h15 para delírio de todos. Logo de cara mandam um de seus maiores clássicos e hits, Best I Can. Estava eu, na área reservada aos fotógrafos, fotografando, claro, e me deparei com um dos momentos mais fortes, nestes meus 12 anos de jornalismo de Rock e Metal e nos meus 23 anos que comecei a curtir esse tal de Rock’n Roll. Fiquei bem ao centro do palco, onde o vocalista sempre fica (no caso de Geoff Tate, nem sempre, pois ele não pára um minuto sequer. Aliás, o único da banda que se movimenta). E fiquei bem “em cima” do PA/retorno dele, fato raro. Já que a maioria destes aparelhos que são aquelas caixinhas onde o Steve Harris, baixista e líder do Iron Maiden, gosta de por o pé em cima quando está tocando – uma imagem imortalizada e que representa o Heavy Metal – e até o guitarrista do Queensrÿche tinha uma haste para ele fazer isso, numa peça única moldada junto com a sua pedaleira. Ele fazia isso, pois todos os PA’s/retornos da banda ficavam na beira do palco, onde hoje, a maioria fica no meio do mesmo, perto da banda e longe do público. Enquanto fotografava, eu ouvia a voz de Mr. Tate direto dali, em vez de ouvir das grandes caixas que soltavam o som para o resto da casa. Eu ouvi ali uma das vozes mais limpas, altas e cristalinas da minha vida! Como esse cara canta! Geoff entra todo de Black Tie, de sapatos, elegante e óculos escuros, uma de suas marcas registradas. Hiper, mega e ultra carismático, tinha o público nas mãos, com sua potente voz. Best I Can simplesmente incendiou o Credicard Hall que, contava com um som excelente, límpido, perfeito. Depois deste clássico, houve uma suite de músicas mais lentas, na seqüência, - NM 156 (The Warning), Screaming In Digital (Rage For Order), Hostage e The Hands (Operation: Mindcrime II). Aí me dei conta que seria um show diferente do esperado. Apesar de ser sido divulgado e anunciado que seria um show de “greatest hits”, a expectativa que esta apresentação giraria em torno das duas partes do Operation: Mindcrime I e II. No entanto, poucas músicas destes dois discos foram apresentadas, sendo um “best of” mesmo, contendo faixas de quase todos os discos de sua carreira, a exceção feira para os fracos Tribe, Hear In The New Frontier e Q2K. O disco que mais teve músicas apresentadas foi o excelente Empire, o disco mais bem sucedido da carreira do grupo e o segundo na preferê ncia dos fãs. Voltando ao show, Tate falava muito entre as músicas, sempre fazendo comentários precisos e que faziam algum gancho com a música a ser executada. Incrível como um cara pode ser tão agressivo quando canta em notas tão altas e agudas e pode ser tão doce quando esta falando com um tom muito grave. Ele apresenta a banda formada por Scott Rockenfield (bateria), Eddie Jackson (baixo), Michael Wilton e Mike Stone (guitarras). Aliás, ali estava a formação quase original, sendo a única falta a ausência de Chris DeGarmo, sendo que Mike Stone estava substituindo-o. A próxima, Brigde do injustiçado Promised Land de 94. Em The Killing Words do Rage For Order, justificando a áurea de US Metal que seu começo de carreira tinha, veio toneladas de fumaça, dando aquele ar retrô! Another Rainy Night (Without You) do Empire emocionou, principalmente os mais antigos ali presentes. Mais uma do Rage For Order, Gonna Get Close To You (cover de Lisa DalBello), para em seguida outra faixa deste disco, Walk In The Shadows, num momento pra lá de anos 80, com muita fumaça novamente! Em seguida, Mr. Tate fala da importância do Black Sabbath e emenda com o cover deles para Neon Knights, do disco Take Cover, último de estúdio da banda. Apesar de ser um cover manjado, ficou excelente ao vivo, levantando a audiência. Entre uma declaração e outra, Mr. Tate relembra que a banda tem 27 anos de estrada e que cada momento é especial em nossas vidas e que nenhum deles será repetido, mas sempre relembrado. Last Time In Paris é a música que foi trilha-sonora do filme Ford Fairland e faixa bônus da versão remaster do Empire, surpreendeu a todos. Em seguida, Breaking The Silence do Operation: Mindcrime. Depois, ele fala de sua cidade, Seattle, e de suas peculiaridades, como a chuva intensa, a terra da Microsoft e que é conhecida como Cidade Jato, já que é a sede da Boieng, a deixa para anunciar o clássicoJet City Woman, que foi cantada em uníssono por todos os presentes. Em seguida, outra balada inesquecível do Empire, a Anybody Listening? E tome mais clássico, com Eyes Of A Stranger, uma das únicas executadas do Operation: Mindcrime I. Aliás, não entendi o porque não executarem deste disco outros clássicos como I Don't Believe In Love e a trinca que abre este disco, I Remember Now, Anarchy-X e Revolution Calling (I Remember Now é uma narração, sendo Anarchy-X uma instrumental que dá clima para Revolution Calling, outro clássico). Esta “segudinha” é a segunda mais famosa da história do Heavy Metal, só perdendo para Hellion/Electric Eye do Judas Priest). Iria ter um terremoto dentro do Credicard Hall se a tivessem tocado. Mas tudo bem. Uma pausa e começam os encores. A obscura The Lady Wore Black do mais obscuro ainda EP de estréia do grupo, o Queensrÿche EP e tome mais fumaça! Segundo com Empire outro clássico, com um Geoff Tate insandecido! Outro encore e voltam com uma das mais antigas, Take A Hold Of The Flame do The Warning, que nem o Iron Maiden faz no seu bis quando toca nele, músicas dos seus dois primeiros discos. Encerrando, pra jogar pra galera (a primeira vez que vejo uma banda encerrar um show com uma balada), Silent Lucidity do Empire. Eu odeio baladas, mas esta é maravilhosa e foi de arrepiar. Que a banda volte com mais freqüência para o Brasil!
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